Agile Coach em Hamburgo, Alemanha com Cindy Morais - De Nômade Digital para a Alemanha #109

Speaker: 00:00:04

Fala pessoal, bem-vindos novamente ao TPA Podcast, aqui é o Gabriel Rubens e hoje a

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gente vai falar sobre Alemanha, mais precisamente, Hamburgo, e a Cindy Moraes vai contar pra

Speaker: 00:00:15

gente como tá sendo morar e trabalhar lá na Alemanha.

Speaker: 00:00:20

Tudo bem, Cindy?

Speaker: 00:00:21

Oi, Gabriel, tudo bem com você? Tô muito feliz de estar aqui hoje, eu ouvi alguns episódios do podcast e é muito maneiro,

Speaker: 00:00:29

Tô muito feliz com o convite, obrigada.

Speaker: 00:00:32

Que isso, já faz tempo que eu quero te chamar. Desde que o seu estilo mudou, eu deixei na lista, eu pensei, quando passar seis meses,

Speaker: 00:00:37

eu tava com...

Speaker: 00:00:38

O período de probation. É, eu tava com aquele meio...

Speaker: 00:00:43

Pra mim mesmo é... Que snoozy. Não, tipo, tu consegue programar quando devia, sabe?

Speaker: 00:00:48

Sim, sim. E aí, eu vi esses seis meses.

Speaker: 00:00:51

Que maneiro. Tá aí. Estamos aí. Muito bom, muito bom. Meu Deus.

Speaker: 00:00:57

Então, vamos começar por você fazendo a introdução própria de você mesma, né?

Speaker: 00:01:03

Boa. Quem é você e o que você faz?

Speaker: 00:01:05

Boa. Oi, gente, eu sou a Cindy Moraes, eu sou paulistana, eu sou agilista,

Speaker: 00:01:12

eu sou louca dos pets, mais precisamente, doguinhos. Eu tenho a Dara, minha salsichinha, minha Dara aventureira.

Speaker: 00:01:20

Eu sou ex-nômade digital e quem sabe a gente consegue falar um pouco sobre isso, né?

Speaker: 00:01:25

E o Waze é porque eu vim morar aqui na Alemanha e esse projeto acabou.

Speaker: 00:01:30

Eu sou youtuber também, então me sigam em todos os canais, arroba assim de morais, vou deixar aqui o meu javá.

Speaker: 00:01:37

E eu falo um pouco... Os links na descrição. Sim, os links na descrição do canal, do podcast.

Speaker: 00:01:43

E eu falo um pouco sobre tudo isso, sobre vida nômade, quando eu estava vivendo isso,

Speaker: 00:01:48

e agora, como que é viver na Alemanha, como é que foi achar emprego aqui,

Speaker: 00:01:51

como é que foi trazer o cachorro.

Speaker: 00:01:53

Então, essa sou eu e eu também trabalho como a Jailcoach há algum tempinho aí na vida.

Speaker: 00:02:01

E foi essa trajetória que me fez chegar aqui hoje.

Speaker: 00:02:06

Então, eu vou pegar do ponto de você estar como nômade digital,

Speaker: 00:02:09

que eu acho que foi daí que eu comecei a assistir teu canal, não lembro,

Speaker: 00:02:12

que eu vi, tu compartilhou no LinkedIn, a ir para a Alemanha, tipo, o que aconteceu aí?

Speaker: 00:02:18

Tu cansou dessa vida e quis, cê ficou sem ir a algum lugar, e aí depois já conecta com o porquê a Alemanha.

Speaker: 00:02:25

Boa, vai ser muito engraçado, porque assim, eu tava só de boa vivendo uma vida

Speaker: 00:02:30

nômade pelo Brasil, né, tava viajando ali, saindo de São Paulo, dirigindo,

Speaker: 00:02:35

Fui até o Uruguai, estava tranquila, não tinha muitos planos de morar em São Paulo,

Speaker: 00:02:39

São Paulo não faz mais sentido nenhum na minha vida.

Speaker: 00:02:43

E aí eu estava só tranquila vivendo uma vida nômade, e não estava nos meus planos morar na Alemanha.

Speaker: 00:02:50

Eles aconteceram assim, do nada, eu não estava esperando, não estava nem buscando isso,

Speaker: 00:02:54

e aí simplesmente aconteceu. E aí quando aconteceu eu fiquei pensando,

Speaker: 00:02:58

caraca, será que eu vou ter que abrir mão disso?

Speaker: 00:03:00

Abrir mão disso também foi um desafio, eu fiquei pensando, Não, eu vou conseguir morar nomad na Europa e etc, mas são outros desafios morar nomad na Europa.

Speaker: 00:03:09

Então a Alemanha, ela não estava inicialmente nos meus planos, não foi uma decisão muito pensada também.

Speaker: 00:03:17

Foi só acontecendo e foi engraçado como isso aconteceu.

Speaker: 00:03:21

E aí eu simplesmente tive que mudar a rota, né?

Speaker: 00:03:24

Ver o que estava acontecendo na minha vida, pra onde é que eu ia e falava,

Speaker: 00:03:27

vamos lá pra essa tal de Alemanha, ver o que que tem lá.

Speaker: 00:03:30

Então, não estava esperando significa que alguém te contactou.

Speaker: 00:03:33

Foi algum headhunter? Foi algum amigo?

Speaker: 00:03:36

Foi assim ó, eu tava de boa, trabalhando tranquilo, e aí uma empresa da Alemanha me mandou uma DM.

Speaker: 00:03:42

É uma brasileira que trabalha numa empresa aqui na Alemanha, me mandou uma DM em inglês, assim,

Speaker: 00:03:47

contatando no LinkedIn, e eu fiquei, ué, por que que essa pessoa tá me contatando?

Speaker: 00:03:51

Tipo, meu perfil em inglês era um desastre, não tava nem arrumado, tinha horrores de erros ali,

Speaker: 00:03:57

não era uma coisa atualizada, nem nada.

Speaker: 00:04:00

Falei, mas se o meu perfil tá começando a ficar interessante pra essa pessoa aqui na Alemanha,

Speaker: 00:04:04

pode ser que tenha algum pote de ouro que eu não estou vendo, uma oportunidade.

Speaker: 00:04:09

Por que eu falo isso? Porque eu já tinha um desejo de morar na Europa desde 2018.

Speaker: 00:04:14

Eu tentei trabalhar em Portugal, viajei para Portugal, fiz entrevista em Portugal,

Speaker: 00:04:18

mas acho que não rolou, não era a hora certa, as propostas também não estavam batendo com o que eu queria,

Speaker: 00:04:24

e aí essa coisa ficou em stand-by, mas nunca fui mais atrás disso,

Speaker: 00:04:29

Ficou só em stand-by e tava só vivendo minha vida.

Speaker: 00:04:31

E aí, quando essa pessoa me mandou uma DM, eu falei, ah, vamos lá, vamos ver o que ela quer, o que ela achou aqui do perfil.

Speaker: 00:04:39

E aí, bati um papo com ela, fui seguindo nas entrevistas, foi avançando,

Speaker: 00:04:43

até que eu tomei uma negativa no processo, porque ela precisava de uma pessoa com um background mais técnico,

Speaker: 00:04:50

e eu não tenho um background tão técnico assim,

Speaker: 00:04:52

apesar de eu achar que não precisava tanto desse background técnico, mas ok.

Speaker: 00:04:55

E aí, eu falei, bom, mas se o meu perfil ficou interessante pra ela,

Speaker: 00:05:00

O que mais que tem de oportunidade aqui, né, nessa Alemanha? Deixa eu ver.

Speaker: 00:05:03

Aí eu comecei a filtrar despretensiosamente e fiz umas duas, três aplicações ali pra

Speaker: 00:05:09

testar mercado mesmo, ver o que que tava acontecendo.

Speaker: 00:05:12

Atualizou o LinkedIn também? É, dei uma atualizada, não muito assim, não muito perfeito, eu dei só uma revisada no texto,

Speaker: 00:05:20

coloquei data, arrumei os títulos, assim, nada muito gritante, até porque

Speaker: 00:05:25

Apesar de eu trabalhar bem pouquinho com o inglês em São Paulo, bem pouquinho mesmo,

Speaker: 00:05:30

eu diria que 20% do meu dia, meu inglês ainda estava meio enferrujado, sabe?

Speaker: 00:05:35

Ah, não vou ficar me dedicando nisso, não.

Speaker: 00:05:37

Aí, eu me apliquei nas vagas e fui, fui fazendo entrevistas, assim,

Speaker: 00:05:42

e aí uma entrevista foi avançando, e eu fiquei, hum, tá avançando, tá avançando e tá sendo legal,

Speaker: 00:05:47

tipo, tá avançando e tô curiosa, né, pra saber o que vai acontecer, tô animada com o desafio que tem.

Speaker: 00:05:55

E eu fiquei, bom, e se der certo? Só que nenhuma vez, nenhuma hora na minha cabeça eu pensei que ia dar certo, né?

Speaker: 00:05:59

Eu tenho a síndrome da impostora muito grande e eu nunca nem cogitei que ia dar certo

Speaker: 00:06:03

até que realmente deu certo. Veio a offer, assim, eu fiquei, meu Deus, é de verdade.

Speaker: 00:06:09

Agora eu tenho que tomar uma decisão na minha vida.

Speaker: 00:06:11

E aí eu tive que tomar uma decisão na minha vida e eu falei, bom, vamos abraçar essa oportunidade

Speaker: 00:06:16

que eu comecei despretensiosamente e no final deu certo.

Speaker: 00:06:20

Então foi assim que aconteceu.

Speaker: 00:06:23

De aplicar até vir a offer foram, acho que, mais ou menos uns 3, 4 meses.

Speaker: 00:06:32

3, 4 meses, né? Então, é bem lento o processo.

Speaker: 00:06:35

É lento, é lento. Por isso que eu estava sempre assim... Esse pessoal está me enrolando.

Speaker: 00:06:39

Porque aí demorava tipo 4 semanas para vir um retorno e ficava...

Speaker: 00:06:43

Isso aí não vai dar nada.

Speaker: 00:06:46

E o que foi o processo? Era muito diferente dos que você já fazia no Brasil, ou você sentiu diferença em como que eles procederam?

Speaker: 00:06:57

O que eu senti...

Speaker: 00:06:59

Eu acho que não foge muito do que tinha no Brasil, eu acho que sempre tem um bate-papo inicial,

Speaker: 00:07:03

aí depois, às vezes, você ou alguém submete um case pra você fazer e apresentar depois, ou alguém faz uma...

Speaker: 00:07:11

Uma... Como é que chama? Sei lá, como é que chama isso, mas você entra numa sala e todo mundo...

Speaker: 00:07:15

Tipo teatrinho?

Speaker: 00:07:17

Não, teatrinho não, mas todo mundo começa a fazer um monte de pergunta pra você, tem um nome isso, né?

Speaker: 00:07:21

Tá, tá bom.

Speaker: 00:07:23

Eu não sei o nome disso. Eu não sei também, mas eu entendi, tipo, tu vai estar com quase que um time inteiro ali,

Speaker: 00:07:28

às vezes uma pessoa de produto, desenvolvedores, seja um coach...

Speaker: 00:07:31

Fazendo perguntas, achei bem semelhante nesse sentido.

Speaker: 00:07:35

Talvez aqui na Alemanha tenha tido um pouco mais de etapas, eu senti que teve mais entrevistas do que acho que no Brasil que a gente deveria ter,

Speaker: 00:07:43

no máximo três, aqui eu devo ter tido umas cinco mais ou menos.

Speaker: 00:07:48

Tu falou do teu inglês que estava enferrujado. Como que foi o inglês enferrujado?

Speaker: 00:07:53

Na tua opinião, né? Naquela época. E aí, qual que foi na prática, quando chegou nas entrevistas?

Speaker: 00:07:58

Boa. O que acontece? Também acho que eu ouvi um podcast seu,

Speaker: 00:08:02

você explicando um pouco com relação ao inglês, acho que a gente tem algumas coisas parecidas, assim.

Speaker: 00:08:07

Então, acho que vale trazer. Eu estudei inglês, assim, desde adolescente, né?

Speaker: 00:08:11

Mas depois eu dei uma parada.

Speaker: 00:08:14

Parei de estudar, parei de ter contato com o idioma. Quando eu fui pra Portugal, eu comecei a fazer umas aulas particulares.

Speaker: 00:08:19

Um pouquinho antes, na verdade, desculpa.

Speaker: 00:08:21

Em 2015, eu resolvi fazer intercâmbio de um mês, fiz na Irlanda,

Speaker: 00:08:24

pra dar uma melhorada, assim, eu conseguia me comunicar, mas sempre aquele inglês travado, porque a gente não tem contato com a língua,

Speaker: 00:08:30

então a gente fica meio travado.

Speaker: 00:08:32

Aí, em 2015, eu fui fazer intercâmbio fora, pra pegar... Entender como é que um gringo fala, né?

Speaker: 00:08:37

Porque até então não tinha tido contato com isso ainda.

Speaker: 00:08:40

Aí, em 2018, fiz um pouquinho de... Voltei, mas também continuei sem contato nenhum com o gringo ou com o idioma em si.

Speaker: 00:08:47

Em 2018, quando eu inventei de ir para Portugal, eu peguei umas aulas particulares para poder dar uma melhorada.

Speaker: 00:08:52

Foi bom, porque eu fui fazendo entrevistas em Portugal e foi rolando.

Speaker: 00:08:56

E aí, acho que eu só voltei a usar inglês quando eu vi que Portugal não ia dar certo.

Speaker: 00:09:01

Eu falei, putz, acho que eu preciso dar uma melhorada no inglês também, que eu posso,

Speaker: 00:09:04

ser para outros países, né?

Speaker: 00:09:06

E aí, eu comecei a mudar tudo. eu mudei toda a forma como eu consumo conteúdo, coloquei tudo em inglês, tudo, tudo, tudo,

Speaker: 00:09:14

legenda, áudio, sem áudio, pra poder realmente forçar bem assim a leitura, o áudio, tudo.

Speaker: 00:09:21

E aí, em 2021 pra 2020, é, em 2021, dentro da última empresa que eu tava trabalhando no Brasil,

Speaker: 00:09:30

a gente usava um pouquinho mais de inglês, mas só tipo 20% do meu dia, não era muito,

Speaker: 00:09:34

era muito mais leitura do que fala, e aí nas entrevistas eu fui com a cara e com a coragem,

Speaker: 00:09:39

Fui com a cara e com a coragem, com o meu inglês broken, assim, eu falei, vai, vamos, vamos conversar.

Speaker: 00:09:44

E a galera entendeu o que eu estava falando, eles entenderam todas as minhas ideias,

Speaker: 00:09:48

eles me aprovaram com esse inglês que eu achava que era a minha língua, né? mais ou menos assim.

Speaker: 00:09:54

E aí, eu fiquei... Bom, então talvez não seja tão ruim. Mas aí, quando você começa a trabalhar mesmo do dia a dia, desde de manhã,

Speaker: 00:10:03

com a sua primeira reunião, reunião de onboarding, todos os seus documentos sendo em inglês, você fica...

Speaker: 00:10:07

Meu Deus, o que está acontecendo?

Speaker: 00:10:10

Meu cérebro vai derreter, eu não estou conseguindo processar mais.

Speaker: 00:10:13

A minha boca não consegue falar o que eu estou pensando, eu falo muito lento.

Speaker: 00:10:17

Então, deu todas essas sensações de começo, sabe? Foi muito doido.

Speaker: 00:10:22

E a sensação também de que tu não consegue expressar tudo o que você quer, como você

Speaker: 00:10:28

quer, né? Tipo, a entrevista tá um pouquinho mais controlada do que no dia a dia, aquela parada de que

Speaker: 00:10:34

tua personalidade muda porque falta pra ti ainda, né?

Speaker: 00:10:37

Total! Totalmente! Eu sinto muita falta de xingar, por exemplo, eu xingo muito em português e em inglês

Speaker: 00:10:44

eu ainda não consigo xingar o tanto que eu gostaria, assim, do fundo do meu coração.

Speaker: 00:10:49

Eu sinto falta. uma personalidade um pouquinho diferente. Acho que agora ela tá mesclando um pouco,

Speaker: 00:10:54

mas ela ainda é um pouquinho diferente.

Speaker: 00:10:57

É, então... Pra mim, ainda o problema são com piadas com nativos, especificamente.

Speaker: 00:11:04

Acho que eu falei isso recentemente, mas eu tô trabalhando agora com parte do time,

Speaker: 00:11:08

que é do Reino Unido, nativos.

Speaker: 00:11:11

E aí, eu ainda não pego 100% das piadas dele.

Speaker: 00:11:16

Eu tenho que rir às vezes, por rir. Tava todo mundo junto, tipo...

Speaker: 00:11:20

Semana passada, não, essa semana, na segunda e terça, aí eu sei que a gente, eu entrei no jantar uma vez assim, né, tipo,

Speaker: 00:11:28

era, tava um lugar só reservado pra gente, então entrando, e aí quando eu cheguei, tipo, todo mundo começou a brincar,

Speaker: 00:11:34

um fez uma piada, eu dei risada, tá todo mundo olhando pra mim, a mesa inteira, que eu tava chegando atrasado,

Speaker: 00:11:39

e eu fiquei, cara, não sei o que esse cara falou, tipo, não tenho ideia, eu dei aquela risada amarela, não, não, não, não,

Speaker: 00:11:46

as situações que eu ainda pego, assim, eu falo, cara, esse ainda é difícil, no geral.

Speaker: 00:11:51

Com outros estrangeiros é muito mais fácil, agora com o pessoal do Reino Unido, ainda...

Speaker: 00:11:56

É, quando você fala com gente que também é a segunda língua, acho que a empatia é outra também,

Speaker: 00:12:02

porque eles também não entendem a piada.

Speaker: 00:12:04

E eles também não vão conseguir fazer a piada da língua deles em inglês, e eu também não vou entender.

Speaker: 00:12:10

Então, acho que fica numa zona mais neutra ali, tranquila, sabe?

Speaker: 00:12:15

Sim, sim, total. Mas como que foi, saindo do... Vou dar até um passo atrás. Eu ia falar de como era o dia a dia de trabalho, mas eu queria saber do...

Speaker: 00:12:26

Como que foi mudar da vida de nômade digital para ir para a Alemanha, porque agora é uma situação difícil.

Speaker: 00:12:31

Tu queria ir lá no passado, mas tua vida virou vida de nômade e tu não estava nem em São Paulo, então tu estava vivendo isso.

Speaker: 00:12:38

E aí chega a oferta de trabalho, o que que tu pesou aí pra decidir ir para a Alemanha em vez de continuar como nômade?

Speaker: 00:12:46

Boa, boa pergunta. O que eu pesei foi muito assim, caraca, eu nunca morei fora, nunca tive oportunidade de nem estudar fora, fora do intercâmbio,

Speaker: 00:12:57

e eu sempre quis muito entender como é que seria, como que é viver fora do seu país, né?

Speaker: 00:13:02

O que você aprende, o que você experimenta, que oportunidades que você tem,

Speaker: 00:13:07

pra onde você pode viajar, né, eu sempre quis viajar o mundo inteiro, assim, conhecer vários lugares,

Speaker: 00:13:13

e aqui eu falei, bom, aqui é uma oportunidade maneira, eu vou continuar vivendo como nômade no Brasil,

Speaker: 00:13:18

vai ser lindo, maravilhoso, vou conhecer vários lugares do Brasil que eu não conheço ainda,

Speaker: 00:13:23

mas eu também posso ir pra lá e conhecer outros lugares da Europa que eu não conheço ainda também,

Speaker: 00:13:28

e ainda ganhar em euro pra isso, pareceu muito bom assim, na minha cabeça e acho que uma coisa que me irrita, infelizmente, muito no Brasil.

Speaker: 00:13:39

Acho que é a situação da segurança, por exemplo, é uma coisa que me deixa muito frustrada,

Speaker: 00:13:43

desigualdade bizarra, é uma coisa que você fica, caraca, que merda que a gente tá vivendo aqui

Speaker: 00:13:49

a situação política do país, numa época muito incerta

Speaker: 00:13:53

eu fiquei, cara, que loucura que tá acontecendo, e eu falei, não quero ficar aqui pra ver.

Speaker: 00:13:59

E aí eu peguei minhas coisinhas e fui embora.

Speaker: 00:14:02

Entendi. E o que que mudou do teu plano de ser nômade digital na Europa e tu ter se fixado numa cidade?

Speaker: 00:14:11

Boa, aqui, vamos lá gente, aqui pra todo mundo que já, que tá pensando em mudar pra

Speaker: 00:14:17

Europa ou que já tá aqui sabe que uma das maiores dificuldades da Europa é a crise imobiliária, né?

Speaker: 00:14:24

Apartamento, achar lugar pra ficar, não é fácil por aqui.

Speaker: 00:14:28

E o meu contrato de trabalho só me permite trabalhar na Alemanha.

Speaker: 00:14:32

Por conta de taxas, por conta de seguro de saúde, todas essas coisas,

Speaker: 00:14:37

ele não me permite trabalhar em outros países da Europa.

Speaker: 00:14:40

Ele tem até um plano de trabalhar, você pode pedir pra trabalhar fora um tempo,

Speaker: 00:14:46

mas ele é supervisionado, digamos assim.

Speaker: 00:14:49

Você só pode trabalhar uns 30 dias fora da Alemanha, todo mundo tem que saber, tem que estar pedido certinho, etc.

Speaker: 00:14:55

E aqui dentro da Alemanha poderia ser uma paz da oportunidade de poder pegar um carro e também sair viajando e parando nas cidades e conhecendo e ficando,

Speaker: 00:15:03

porém achar apartamento é muito difícil aí você fala ah mas você não morava em Airbnb e tal?

Speaker: 00:15:07

Morava, seria uma oportunidade? Seria, só que aqui na Alemanha você tem que estar sempre registrada em algum endereço.

Speaker: 00:15:15

E eu por exemplo no Brasil poderia usar o endereço sei lá de registro da minha mãe, de alguém da minha família, um amigo e tal,

Speaker: 00:15:21

mas aqui na Alemanha você tem que ter um endereço de registro e morando de Airbnb em Airbnb você não consegue ter

Speaker: 00:15:27

esse endereço de registro, porque você demora pra conseguir um Airbnb, pouquíssimos Airbnbs

Speaker: 00:15:33

vão deixar você ficar tipo mais de um mês, eu gosto de ficar um mês, dois meses nas

Speaker: 00:15:36

cidades por exemplo, e você tem que se registrar naquele endereço, e é uma burocracia danada

Speaker: 00:15:41

assim pra você ir num poupatempo daqui, um cartório daqui, e ir lá fazer esse registro

Speaker: 00:15:46

da cidade, porque esse pessoal aqui ó, eles amam o que?

Speaker: 00:15:50

Uma cartinha física, o que eu recebo de correspondência aqui cara, é brincadeira, tipo tem uma pasta

Speaker: 00:15:55

que cheia de papel de correspondência que eu recebo na Alemanha.

Speaker: 00:15:59

Então isso me impediu de continuar vivendo uma vida de nômade aqui na Alemanha,

Speaker: 00:16:04

por exemplo, e muito menos na Europa, infelizmente.

Speaker: 00:16:08

Ah, então quer dizer, se tu tivesse algum familiar aí, né? Tipo, se tua mãe fosse daí também, teu pai, avó, qualquer pessoa,

Speaker: 00:16:15

seria mais fácil porque tu teria um endereço fixo.

Speaker: 00:16:17

Tu teria ainda a crise imobiliária, e isso não tem o que fazer.

Speaker: 00:16:24

Mas tu teria também, né, por outro lado, não ter que pagar um aluguel fixo, poder deixar as coisas principais na casa de alguém. Sim.

Speaker: 00:16:32

Essa é a complicação de morar fora, que permeia vários aspectos, né?

Speaker: 00:16:36

Mas ainda assim, acho que se eu tivesse alguém, ainda seria um jeitinho, sabe? Um jeitinho brasileiro.

Speaker: 00:16:43

Porque eu acho que, meio que legalmente, não sei se daria. Não consigo entender muito bem a legislação aqui ainda.

Speaker: 00:16:50

Ah, tá bom. Mas com certeza dificulta, não tem jeito.

Speaker: 00:16:54

Sim. Mas o custo de vida te permitiria fazer isso? O que você sentiu aí?

Speaker: 00:17:00

Porque eu acho que no Brasil o salário em TI é bem alto.

Speaker: 00:17:05

Ele é bem alto.

Speaker: 00:17:06

Para o custo de vida, sim. E eu já falei isso para algumas pessoas, que para mim,

Speaker: 00:17:10

morar no Brasil eu guardava mais dinheiro do que aqui.

Speaker: 00:17:14

Porcentagem. Então, é isso.

Speaker: 00:17:16

Então, como você vê isso com vida de norma digital, se você fosse mesmo colocar em prática?

Speaker: 00:17:22

Sim, seria um tanto desafiador porque eu acho que o preço do aluguel que eu pago aqui no mês, por exemplo,

Speaker: 00:17:30

ele seria mais ou menos o que eu gastaria de AirBnB, então seria esse mesmo valor de moradia.

Speaker: 00:17:36

Podia ser às vezes um pouquinho maior, um pouquinho menor, dependendo da cidade, mas ainda assim

Speaker: 00:17:41

eu enfrentaria aquela dificuldade de realmente achar um AirBnB que me aceitasse por um mês,

Speaker: 00:17:46

que aí você consegue aquele descontinho maneiro, ou que me aceite por dois meses.

Speaker: 00:17:51

Para eles, donos, né, hosts de Airbnb, eles não acham que valem a pena.

Speaker: 00:17:55

Eu até perguntei, tipo, inclusive quando eu estava de mudança para cá,

Speaker: 00:17:59

eu não estava achando flat para ficar nem nada.

Speaker: 00:18:02

E aí eu comecei a perguntar nos Airbnbs, posso ficar um mês, posso ficar um mês e meio, eu estou me arrumando e tal,

Speaker: 00:18:07

e o pessoal, não, não compensa para mim, porque aí você vai ficar aqui gastando tudo

Speaker: 00:18:11

e fica muito caro a conta no final.

Speaker: 00:18:13

Aí eu, ah, tá bom.

Speaker: 00:18:15

Então, eu não sei muito bem como isso funcionaria na prática.

Speaker: 00:18:18

Na minha cabeça, eu ia dar o mês do meu aluguel, mas pode ser que tenha umas variações pra cima e pra baixo, e seria essa correriazinha assim.

Speaker: 00:18:27

Agora, pensando no trabalho, quando tu chegou aí e aí tu vai...

Speaker: 00:18:33

Tu já usava um pouco do inglês que tu falou no Brasil, né, 20%,

Speaker: 00:18:37

então tu já trabalhava com pessoas de fora, certo?

Speaker: 00:18:39

Sim, sim. Trabalhava com nativo e mexicano e tal, mas só ali, as Américas.

Speaker: 00:18:46

Tá bom, tá bom. E como que foi aí? Tipo, como que é composto o teu time, países?

Speaker: 00:18:52

Qual que é a diferença de como tava lá no Brasil?

Speaker: 00:18:55

Boa. A empresa que eu trabalho é uma empresa alemã, então ela é composta por 70% de alemães.

Speaker: 00:19:04

E aí tem os outros 30... Não são tão comum, hein? Num podcast, tipo...

Speaker: 00:19:10

Acho que as pessoas quase sempre falam que tem mais estrangeiros na empresa.

Speaker: 00:19:14

É, então aqui é ao contrário. Aqui é 70% alemão e 30% estrangeiro.

Speaker: 00:19:21

Tem estrangeiro de tudo quanto é lugar, eu diria, tem gente do Brasil, pouquíssimas

Speaker: 00:19:25

pessoas mais tem, acho que somos em uns 8 ou 9 brasileiros, de uma empresa de 400 pessoas,

Speaker: 00:19:33

tem gente da Europa inteira, tem gente da Argentina, tem gente do Chile e tal, mas é só 30% da empresa.

Speaker: 00:19:41

Aí o meu time, a gente tem um chapter de agilidade, aí o chapter ele é um pouquinho

Speaker: 00:19:46

Então ele tem alemães, tem brasileiros, tem europeus, tem gente da Indonésia, tem gente de um monte de lugar,

Speaker: 00:19:53

lugar, mas os times de outros lugares, outras áreas de times que eu interajo, muitas vezes

Speaker: 00:20:00

Mas eu sou a única estrangeira e todo mundo é alemão.

Speaker: 00:20:04

Então, isso pra mim no começo foi tipo assim, caraca, cara, eu tô entrando aqui, eu não falo alemão,

Speaker: 00:20:09

eu tô acabando com a vida deles, que eles têm que falar inglês comigo, não sei o que lá.

Speaker: 00:20:13

Porque eu lembro que na outra empresa, quando entrava alguém que não falava português,

Speaker: 00:20:17

a gente tinha que mudar pro inglês, era sempre tipo, ai, puta, a gente tem que mudar pro inglês

Speaker: 00:20:22

só por causa de uma pessoa, e agora eu era essa pessoa.

Speaker: 00:20:25

No começo foi muito ruim, eu me sentia super mal, e agora eu tô tipo assim, vai falar inglês com latina, sim.

Speaker: 00:20:31

Vai ficar mudando o seu idioma, assim. Então, eu me apropriei disso e agora eu gosto.

Speaker: 00:20:37

E como que a cultura aumenta essa empresa com muito mais nativos do que estrangeiros, né, expat?

Speaker: 00:20:46

Porque uma das coisas que eu vejo é que muitas pessoas procuram empresas mais internacionais

Speaker: 00:20:52

por ter um pouco mais de medo da cultura só com nativos, eles serem mais fechados.

Speaker: 00:20:58

Mas qual que é a tua experiência?

Speaker: 00:20:59

Boa. Bom, eu já vim estudando, quando rolou a offer e tal, falei, tá, beleza, agora eu vou trabalhar com um monte de alemão, e aí, né, o que eu vou aprender?

Speaker: 00:21:09

Aí comecei a estudar cultural map e tal, comecei a dar uma estudada nisso, entender como é que eles são no dia a dia, o que funciona pra eles, o que não funciona, né, o que eu posso esperar, né, o que eu poderia esperar?

Speaker: 00:21:22

Então eu vim com uma cabeça do tipo, bom, eles são pessoas mais fechadas sim, eles

Speaker: 00:21:28

são direto ao ponto, eles são assim, mais... como é que chama isso, gente?

Speaker: 00:21:36

Estereótipo de trabalhar muito sério, muito focado, e é com isso que eu venho, com essas

Speaker: 00:21:42

três coisas que eu vim na cabeça.

Speaker: 00:21:44

E aí acho que a primeira coisa que eu cheguei aqui, eu cheguei um dia antes de começar

Speaker: 00:21:47

a trabalhar, foi super corrido.

Speaker: 00:21:50

Www.opusdei.pt

Speaker: 00:21:50

E aí quando eu cheguei, a galera foi me receber e eu fiquei, e aí eu beijo, eu abraço, o que que eu faço?

Speaker: 00:21:56

Eu travei aqui na hora, eu falei, ooooi gente, e aí vocês abraçam, vocês beijam, não sei o que eu faço.

Speaker: 00:22:02

Aí a minha líder, ela falou, não, é bem aqui que a gente abraça, a gente beija.

Speaker: 00:22:06

Só que eu percebi que ela falou a gente, só que ela se sentia confortável pra fazer isso.

Speaker: 00:22:11

Mas uma galera que eu fui chegando e fui beijando, no primeiro dia eu cheguei beijando todo mundo.

Speaker: 00:22:17

E aí, a galera que fui beijando, elas ficaram, tipo assim, totalmente em chão,

Speaker: 00:22:20

que essa mulher tá chegando aqui e me dando um beijo na minha bochecha, ela tá louca, sabe?

Speaker: 00:22:24

Então, foi muito engraçado nesse primeiro momento, assim, do contato.

Speaker: 00:22:29

Eu também notei, assim, na época que eu falava muito com a mão, falava muito mais alto,

Speaker: 00:22:35

e a galera sempre tomava uns sustos, assim, tipo, meu Deus, que essa mulher tá gritando, gente, que absurdo, sabe?

Speaker: 00:22:41

Isso no escritório?

Speaker: 00:22:42

Isso no escritório, às vezes na cal também, às vezes eu... Oi, gente, bom dia! Tipo, funcionou assim, pô!

Speaker: 00:22:48

E aí eu me senti muito inibida no começo, por ter esses olhares estranhos, assim, tipo...

Speaker: 00:22:54

Caraca, que assustador, né? Que eu sou muito fora do que eles estão acostumados.

Speaker: 00:22:59

E aí, nossa, eu ficava com um conflito interno gigantesco, eu ficava...

Speaker: 00:23:03

Meu Deus do céu, não vou ser aceita aqui, né? Pra mim, a aceitação é importante.

Speaker: 00:23:07

E eu fiquei, não. Não, eu vou ter que ser quem eu sou mesmo.

Speaker: 00:23:11

Eles que lutam, eles me contrataram assim, eu sou doida, e eles que me contrataram desse jeito, eu não vou ficar me escondendo não.

Speaker: 00:23:18

Então essa foi uma coisa que eu lutei, assim, uns dias, uns dias não, uns meses internamente, pra poder ficar numa boa.

Speaker: 00:23:26

E aí trabalhar com eles é bem... é bem... bem do jeitinho que eu imaginei, assim, eles são sérios.

Speaker: 00:23:34

Eles são muito diretos, se eles têm um feedback eles vão falar na sua cara, se tá ruim, né?

Speaker: 00:23:39

Quando tá bom, eles não falam nada.

Speaker: 00:23:41

Tá bom, eu não tenho que falar nada, mas se tá ruim eu vou falar alguma coisa pra você.

Speaker: 00:23:45

Acho que só me aconteceu poucas vezes, umas 4, 5 vezes assim direto,

Speaker: 00:23:49

de eu fazer alguma coisa e alguém já me mandar uma DM e falar...

Speaker: 00:23:52

Por que você fez isso? Eu acho que você deveria ter feito assim, assim, assim...

Speaker: 00:23:55

Eu não gostei, porque isso me impactou assim, assim, assim...

Speaker: 00:23:58

Aí eu fiquei... Upa, tudo bem. É assim então que o pessoal funciona.

Speaker: 00:24:01

Essas foram as primeiras coisas, assim... Mas você teve algum choque?

Speaker: 00:24:06

Porque uma coisa é você ler, outra coisa é quando você recebe na hora, assim...

Speaker: 00:24:09

Ah, é que como eu não concordei muito, né? Tipo, achei que a pessoa tava levando pra um outro lado e tal,

Speaker: 00:24:15

eu tava tipo assim, ah, ok, essa aqui é o que ela pensa. Eu também, eu acho que eu sou, até alguns amigos meus falam, né,

Speaker: 00:24:21

que talvez eu ia sofrer menos na Alemanha, porque eu já sou um pouco mais direta com os meus próprios feedbacks,

Speaker: 00:24:27

e eu tô acostumada a receber feedback direto, e que talvez eu não sofresse tanto.

Speaker: 00:24:31

Então, acho que pra mim foi tipo, ah, tá bom, tá falando aqui, ok, vou repetir sobre isso, sabe?

Speaker: 00:24:37

Não foi uma coisa que me paqueou tanto assim, foi mais o humm, foi bem na hora, ta, pum!

Speaker: 00:24:42

Caraca, não tava esperando, a velocidade talvez.

Speaker: 00:24:46

Eles são muito pontuais né, não sei se todos os europeus, mas os alemães são extremamente pontuais.

Speaker: 00:24:52

Não, eles são extremamente pontuais. Sim, até com o pessoal do Reino Unido, novamente, não sei se é só minhas duas experiências, mas também não são pontuais assim.

Speaker: 00:25:04

Ter reuniões que a gente marca curtas de 15 minutos, a galera chega 4 minutos atrasada e fala,

Speaker: 00:25:09

Pô, a paz da reunião já foi.

Speaker: 00:25:12

Sim, aqui eles... é isso, eles... Ah, foi bom também, que acho que logo de cara alguns alemães que eu tive o one-on-one e tal,

Speaker: 00:25:21

conversando um pouco, tentando entender o que que eles estavam fazendo,

Speaker: 00:25:24

qual a dificuldade que eles estavam enfrentando, não, normal, um one-on-one comum.

Speaker: 00:25:28

E aí acho que de cara, assim, a galera mantém umas amenidades,

Speaker: 00:25:31

perguntando como é que eu tô, como é que eu tô me ajeitando aqui em Hamburgo,

Speaker: 00:25:36

mas eles avisam assim do tipo, olha, eu demoro pra confiar nas pessoas,

Speaker: 00:25:40

Então pode ser que eu demore pra me abrir com você, mas quando eu ficar confortável com você, você vai ver que tudo vai ficar melhor.

Speaker: 00:25:46

Então eles avisam, sabe? Alguns colocam isso na mesa.

Speaker: 00:25:51

E como a empresa, por mais que ela seja alemã, ela tem muito forte falando que é muito aberta,

Speaker: 00:25:58

que a gente tem que ser aberto pra todo mundo, que a gente tem que aprender,

Speaker: 00:26:01

que a gente tem que respeitar a individualidade, a cultura do outro, então eles reforçam isso demais,

Speaker: 00:26:07

que faz com que todos os alemães que estão lá, eles estão em linha com aquilo, com

Speaker: 00:26:11

o que eles acreditam.

Speaker: 00:26:12

Então eles não vão ser desrespeitosos com você, eles não vão ser muito aleatórios assim ou muito...

Speaker: 00:26:19

Eles vão ser receptivos, na medida que eles conseguem.

Speaker: 00:26:22

Eles não vão ser nem um pouco perto da receptividade brasileira, mas eles vão ser receptivos.

Speaker: 00:26:27

E acho que eles foram até bastante comigo, porque eles perguntavam se eu tava precisando

Speaker: 00:26:31

de alguma ajuda pra fazer mudanças, se eu tava precisando de alguma ajuda com a tradução,

Speaker: 00:26:35

Eu vim pra cá sem falar alemão nenhum e eu trabalho com um monte de alemão, então

Speaker: 00:26:39

eu vivia perguntando, ó, isso aqui eu faço o que?

Speaker: 00:26:42

Isso aqui agora é o que? Isso aqui é...

Speaker: 00:26:44

Eu vivia usando todos os conhecimentos burocráticos que ele já tem.

Speaker: 00:26:47

Então eles são assim, trabalhando, sérios, pontuais, mas também bem prestativos.

Speaker: 00:26:54

E bora. E o que eu adoro aqui agora é que eles começam a trabalhar cedo e terminam cedo.

Speaker: 00:26:58

Então a gente começa a trabalhar às vezes 8h30, 8h da manhã, 9h, pra sair às 5h,

Speaker: 00:27:04

uma pausinha bem rápida de almoço, pra sair às 5h assim, né?

Speaker: 00:27:08

Todo mundo sai umas 4h30, tenho certeza, 4h, pra curtir o dia lá fora,

Speaker: 00:27:12

principalmente agora que tá chegando a primavera, porque olha, não é fácil não.

Speaker: 00:27:17

O inverno aqui é...

Speaker: 00:27:19

Music.

Speaker: 00:27:25

Eu acho interessante isso que tu falou de eles falarem que demoram mais pra se abrir.

Speaker: 00:27:31

Eu acho que isso já mostra que eles também tentaram entender outras culturas, né?

Speaker: 00:27:37

Então, acho que já é um demonstrativo de que eles estão abertos pra isso, de...

Speaker: 00:27:42

É assim que eu sou, com o tempo demora mais, acho que já deixa quem tá do outro lado,

Speaker: 00:27:47

a gente, nós latinos chegando, um pouco mais tranquilo de falar, não é pessoal.

Speaker: 00:27:51

Sim.

Speaker: 00:27:52

Porque quando chega num lugar que as pessoas são mais fechadas e por experiência própria,

Speaker: 00:27:57

às vezes dá uma certa insegurança de...

Speaker: 00:27:59

Será que o meu trabalho não tá sendo bom?

Speaker: 00:28:01

Que o pessoal não tá falando?

Speaker: 00:28:03

Então acho que essa comunicação que eles tiveram, de deixar claro, sabe?

Speaker: 00:28:08

Ter as regras do jogo claras, Deixar todo mundo mais tranquilo, né?

Speaker: 00:28:13

E acho que é bom também que você se preparou antes, entendendo.

Speaker: 00:28:17

Eu sei que a gente tem alguns estereótipos, mas é sempre bom estudar e mesmo assim com a cabeça aberta, né?

Speaker: 00:28:23

Mas pelo menos preparado pra quando alguém te der um feedback direto, né?

Speaker: 00:28:27

Não vai pra casa chorar, meu Deus, o que vai acontecer? Porque tu já sabe que não, é só parte de como as coisas funcionam lá, né?

Speaker: 00:28:34

Sim, e tem uma coisa assim que a galera falou muito quando eu cheguei, né?

Speaker: 00:28:39

Principalmente as pessoas managers aqui, elas falaram, tipo, olha, todo o feedback que você receber.

Speaker: 00:28:47

Tenha em mente que não é pessoal, é sempre sobre o seu trabalho, não é sobre a forma como você falou,

Speaker: 00:28:54

a forma como você tocou aquele assunto, a maneira como você expressou, nunca vai ser sobre isso,

Speaker: 00:29:00

vai ser sempre sobre o trabalho, tenha isso em mente, elas falaram isso repetitivamente, assim, muitas vezes.

Speaker: 00:29:05

E eu fiquei, tá bom. E aí eu peguei isso pro coração, falei, cara, nunca é sobre mim.

Speaker: 00:29:09

Então assim, ah, não achou bom que foi, isso aqui não é bom pra você? Beleza, isso aqui não é bom pra você, mas não tem nada a ver com isso sobre mim.

Speaker: 00:29:17

Acho que no Brasil a gente tende a levar um pouco mais os feedbacks pra um lado pessoal.

Speaker: 00:29:22

Por mais que a gente tente separar, eu acho que a gente fica muito mais sentido.

Speaker: 00:29:27

Meus amigos brincam que pra tudo eu tenho um podcast, um episódio de um podcast pra falar, né.

Speaker: 00:29:31

Eu ouço muito, porque eu ia falar isso ouvindo um podcast, eu tava lembrando que eu gravei

Speaker: 00:29:35

outro episódio ontem, eu falei isso ontem de ontem também, mas enfim.

Speaker: 00:29:38

Estava ouvindo o Neon, que ele comenta sobre...

Speaker: 00:29:42

A gente não ter nossa identidade relacionada ao trabalho e isso facilita esses feedbacks.

Speaker: 00:29:48

Eu acho que, por exemplo, quando a gente toma um feedback negativo por algo que a gente fez,

Speaker: 00:29:53

quando a gente tem nossa personalidade muito atrelada ao que a gente é relacionada, ao que a gente faz também,

Speaker: 00:29:58

isso às vezes acaba tornando muito mais difícil lidar.

Speaker: 00:30:02

Porque uma das piores coisas para uma pessoa em geral é quando você tem sua identidade colocada em xeque, certo?

Speaker: 00:30:09

Então, se o que você faz é a tua identidade E quando a gente dá um feedback negativo, tu começa a questionar.

Speaker: 00:30:14

Putz, quem eu sou?

Speaker: 00:30:15

Eu sou uma farsa? Entra a síndrome do impostor muito forte, né.

Speaker: 00:30:19

E pelo que tu tá falando, eles têm isso bem mais claro. Não sei se cultural, da empresa ou do país mesmo, mas me parece, né, ouvindo o que tu

Speaker: 00:30:28

tá falando, que eles têm muito mais claro que o profissional é uma coisa, o pessoal é outra.

Speaker: 00:30:34

Então, se eu falar, é isso aqui. Não é que você não é uma pessoa boa, sei lá, não sabe fazer as coisas.

Speaker: 00:30:40

Que essa parte aqui, sua profissional, precisa melhorar, ou essa situação específica, né, precisa melhorar.

Speaker: 00:30:45

Sim. Mas sim, eu acho que a gente leva assim mais pro pessoal, no geral, do que aqui na Europa, do que eu sinto por aqui.

Speaker: 00:30:53

Uhum.

Speaker: 00:30:54

Uma outra coisa é que eu acho que aqui na Alemanha, ou aqui na Europa como um todo, né, o trabalho, ele não é a coisa mais importante da sua vida.

Speaker: 00:31:03

O trabalho, ele é parte da sua vida, ele não é a coisa mais importante.

Speaker: 00:31:08

Eu acho que nós brasileiros a gente foi criado pra ser a coisa mais importante da nossa vida

Speaker: 00:31:12

porque é da onde a gente consegue tirar sustento, é da onde a gente consegue fazer um corre

Speaker: 00:31:17

e ainda precisa trabalhar pra caraca pra poder conseguir fazer as coisas.

Speaker: 00:31:20

Aqui a galera pode trocar de carreira não sei quantas vezes, sabe?

Speaker: 00:31:24

Tipo, eles têm diversos hobbies ao mesmo tempo.

Speaker: 00:31:27

O trabalho é só uma parte da vida.

Speaker: 00:31:29

É muito louco a relação que eles têm com o trabalho. Isso é uma coisa que eu aprendi bastante já de trabalhar aqui, né?

Speaker: 00:31:36

Porque a gente vem dessa coisa do Brasil, de trabalhar, de ser produtivo, de ser maluco...

Speaker: 00:31:40

E você tem que dar o sangue... A gente foi criado desse jeito, a gente trabalhou muito tempo nesse mood,

Speaker: 00:31:46

e aí quando você chega aqui, você percebe que tipo, não, você tá se apreciando pra quê?

Speaker: 00:31:51

Você tá se cobrando o quê? Por que isso tem um prazo? Quem falou isso pra você?

Speaker: 00:31:56

Aí você fica, não precisa ser agora? Não precisa ser hoje? Que loucura!

Speaker: 00:32:00

Então você aprende demais a dar uma desacelerada, que ela chega até a ser brutal.

Speaker: 00:32:06

Eu sinto que eu tava tipo na velocidade, tava na quinta marcha a duzentos e poucos por hora

Speaker: 00:32:11

e eu tive que vir pra cá de segundinha, andar quarentinha, cinquenta, sabe?

Speaker: 00:32:17

Uma loucura.

Speaker: 00:32:18

E como que tu foi sentindo isso assim? O que que tu viu na prática?

Speaker: 00:32:21

Tu consegue lembrar assim momentos que tu parou antes?

Speaker: 00:32:24

Para refletir sobre a tua relação de trabalho com vida pessoal.

Speaker: 00:32:30

Com relação a esse acelero, essas entregas, ou a maneira como a gente coloca trabalho na vida com relação a isso?

Speaker: 00:32:37

No geral, no geral, porque como tu chegou aí, tu foi sentindo essa diferença, tu fala, o pessoal tem a vida fora, tem muitos hobbies, né?

Speaker: 00:32:45

Mas teve algum momento que tu parou e falou assim, caramba, mesmo, eu tô meio acelerada, caramba, eles tão fazendo as coisas diferentes, sabe?

Speaker: 00:32:53

Tipo, teve algo que tu viu no ambiente que era diferente?

Speaker: 00:32:57

O tempo todo, assim, no meu primeiro mês, pelo menos, né, e eu tava tipo assim, o pessoal

Speaker: 00:33:03

dá um self-onboarding pra você fazer, e eu devorei aquele negócio, eu devorei, assim,

Speaker: 00:33:08

uma semana, sei lá, uma semana e meia, duas semanas, e eu tava assim, tipo, meu Deus,

Speaker: 00:33:13

tô atrasada, tô com essa sensação de atrasada, e eu ficava lendo, terminando, terminando,

Speaker: 00:33:18

fazia as anotações, fazia as análises, nananana, louquíssima assim, ó, e aí um

Speaker: 00:33:22

um dos meus, o meu colega que estava fazendo o meu onboarding, ele falou assim

Speaker: 00:33:26

mas por que que você está correndo?

Speaker: 00:33:29

Aí eu falei, eu não sei, eu acho que eu preciso começar a trabalhar, preciso começar a entregar, a produzir,

Speaker: 00:33:33

aí ele falou, não cara, se segura, tipo todo mundo, com todo mundo que eu conversava era tipo

Speaker: 00:33:37

sempre me desacelerando, sabe? Não, take your time, não, não precisa fazer isso agora

Speaker: 00:33:42

por que que você, quem te pediu essas análises, por que que você está entregando isso?

Speaker: 00:33:45

Ou ah, por que que você vai...

Speaker: 00:33:48

Tipo, às vezes eu falando, ah, então a gente faz uma reunião amanhã, o pessoal fala, mas por que amanhã?

Speaker: 00:33:52

Por que precisa ser amanhã? Não, amanhã a gente vai fazer outras coisas e tal, outro ritmo

Speaker: 00:33:57

E eu fiquei, gente, não, tem um problema pra resolver aqui, vamos sentar e resolver esse problema

Speaker: 00:34:01

E o pessoal, não, a gente não vai resolver esse problema agora não, a gente vai resolver esse problema na outra semana, daqui a um mês

Speaker: 00:34:06

Eu ficava, meu Deus, como é que vai resolver daqui a um mês, eu vou morrer.

Speaker: 00:34:12

Sim, sim, sim. Mas tu chega a sofrer por isso. Eu sofro.

Speaker: 00:34:18

Porque assim, já teve algumas situações que eu ficava também um pouco agoniado de querer

Speaker: 00:34:22

fazer as coisas mais rápido.

Speaker: 00:34:24

Sim, eu sofri muito, eu sofri muito no começo, eu tive que conversar com um monte

Speaker: 00:34:28

de brasileiro que estava trabalhando já aqui.

Speaker: 00:34:30

Eu ficava, gente, pelo amor de Deus, conversa comigo, eu devo estar fazendo alguma coisa errada, eu não estou conseguindo

Speaker: 00:34:34

me comunicar direito, eu não estou conseguindo passar a mensagem certa, que dá urgência.

Speaker: 00:34:38

E o pessoal, não Cindy, não, não é isso não. não, é que a galera é diferente mesmo, é outro ritmo, tipo, aí eu, meu Deus, porque,

Speaker: 00:34:46

eu ficava, ai gente, então fiz um estudo e por causa disso, disso, disso, mostrar umas

Speaker: 00:34:50

coisas e a galera, nossa, que doida, por que você tá fazendo isso? Aí eu, ah, desculpa.

Speaker: 00:34:56

Às vezes eu tentava trazer uns assuntos assim e a galera não conseguia nem entender o que

Speaker: 00:35:01

eu tava falando e eu fiquei, tem isso também, né? Eu sinto que aqui, pelo menos na Alemanha

Speaker: 00:35:06

ou pelo menos com a galera que eu trabalho,

Speaker: 00:35:09

eu sinto que eu estou num momento muito diferente de agilidade do que eu estava no Brasil.

Speaker: 00:35:13

Então, é como se eu estivesse aqui vivendo os desafios e as coisas que eu vivia em 2018 no Brasil.

Speaker: 00:35:20

Então, eu não estou vivendo os mesmos problemas, estou vivendo os problemas do passado.

Speaker: 00:35:24

O que é bom, que eu já sei resolver um monte deles, já aprendi diversas formas de fazer eles,

Speaker: 00:35:29

e eu vejo um pouco as coisas de outra forma, eu diria.

Speaker: 00:35:34

Por já ter passado, da sensação de que passei, né?

Speaker: 00:35:37

Sim, eu posso te dizer. A empresa anterior tinha um nível muito alto, pensando na agilidade.

Speaker: 00:35:46

Então, acho que os colegas trabalham assim.

Speaker: 00:35:50

Nessa nova, eu trabalho com cliente também, então é diferente.

Speaker: 00:35:55

Não vou estar falando da minha empresa mesmo, mas...

Speaker: 00:35:57

A expectativa que eles têm de mim é muito mais baixa. Eu acho... A expectativa de gerenciar uma equipe.

Speaker: 00:36:04

E eu acho isso tão básico.

Speaker: 00:36:06

Exato.

Speaker: 00:36:08

Então, o que eu tenho feito é sempre tentar dar um passo a mais.

Speaker: 00:36:12

Então, me envolver na definição de roadmap,

Speaker: 00:36:15

como que a gente faz, colocar eles em contato com o cliente,

Speaker: 00:36:20

como que a gente cria MVP em vez de fazer plano gigante, agora a gente precisa validar.

Speaker: 00:36:25

Estou ajudando a criar uma gestão do programa, sabe? Não consigo do portfólio porque ele é muito diverso,

Speaker: 00:36:31

mas eu falei, pô, não consigo do portfólio, agora programa.

Speaker: 00:36:34

Então, programa.

Speaker: 00:36:35

Então, a gente tem fase de discovery, tem fase envolvendo self-design.

Speaker: 00:36:41

Então, são tudo coisas que não é esperado de mim,

Speaker: 00:36:44

mas que eu acho que é o básico, assim, e eu tenho que puxar e muitas vezes parece que.

Speaker: 00:36:50

Parece que eu tô falando algo totalmente grego e eu acho muito básico e eu tenho muitas vezes pra fazer esse exercício mental de,

Speaker: 00:37:00

tentar ser mais humilde, porque às vezes eu fico irritado, sabe?

Speaker: 00:37:03

No trabalho, eu falo, cara, isso é muito básico, tipo, e eu acredito muito forte que

Speaker: 00:37:09

não precisa de uma pessoa pra ajudar o time a fazer planejamento, fazer daily, tipo, eu

Speaker: 00:37:14

falo, cara, meu trabalho, se fosse só isso, eu não tenho nada pra fazer, porque eu acho,

Speaker: 00:37:17

muito básico.

Speaker: 00:37:19

Eu acho, tipo, lendo que é mais ou menos parecida a sensação que você está tendo aí, né?

Speaker: 00:37:24

É exatamente essa sensação.

Speaker: 00:37:26

Eu fiquei tipo assim... É só isso que eu vou fazer? Só um time? Um time?

Speaker: 00:37:29

Tipo, eu saí de um contexto em que eu trabalhava, sei lá, com 300, 400 pessoas em um lugar, numa unidade de negócio ali, numa área,

Speaker: 00:37:37

e agora eu vou trabalhar só com, sei lá, 6 pessoas?

Speaker: 00:37:39

E esse aqui é um time considerado grande, eu ficava...

Speaker: 00:37:42

6 pessoas? Como assim? Não! Eu vou sair catando mais coisas.

Speaker: 00:37:45

Eu saí catando um monte de coisa também para fazer, gestão de portfólio, gestão de URKR, todas essas coisas, flight level, sabe?

Speaker: 00:37:53

Pegando tudo para fazer.

Speaker: 00:37:56

Porque você fica, cara, precisa fazer, alguém precisa fazer. Sim.

Speaker: 00:38:00

E aí a galera, eu sinto que, eu não sei se é porque eles não sabem, ou se eles não estão muito acostumados,

Speaker: 00:38:05

ou se eles querem ficar só na caixinha deles ali, eles não pegam para fazer, eu falei, bom, estou vendo essa oportunidade aqui.

Speaker: 00:38:11

Vou me jogar, vou sair conversando com a galera e vou fazer acontecer essa parada.

Speaker: 00:38:16

E aí você sai fazendo. Acho que o pessoal espera muito da gente, né, na agilidade,

Speaker: 00:38:22

ajudar a equipe a entregar mais rápido, né.

Speaker: 00:38:25

E eu, tipo, pelo menos eu sentia isso. Eu comecei a questionar muito, cara, o que a gente está fazendo?

Speaker: 00:38:30

É a coisa certa, tem que validar com o cliente, tem que fazer gestão de stakeholder, a gente precisa ter reuniões frequentes,

Speaker: 00:38:38

o pessoal de design não tem que ficar fazendo figma, tem que estar interagindo, criando mockups, né.

Speaker: 00:38:43

Criando ideias de como vai ser, então, é, sim, compreendo totalmente o que tu tá falando,

Speaker: 00:38:50

porque é a mesma coisa, tipo, a expectativa não gerar muito baixa, e pra um trabalho

Speaker: 00:38:53

que eu acho que não é necessário, tipo, sei lá, trabalho de Scrum Master com equipe

Speaker: 00:38:58

eu não sinto isso necessário mais, talvez, de 10 anos atrás.

Speaker: 00:39:02

É, os devs já aprenderam já, as pessoas desenvolvidas ali já tão fazendo um bom trabalho.

Speaker: 00:39:07

É, eu acho que o que muda às vezes, o que eu sinto é que eles não sabem fazer as perguntas

Speaker: 00:39:12

corretas, eles veem um problema e propõem soluções e aí eu acho que eu

Speaker: 00:39:20

acabo ajudando muito em chegar na raiz da parada, né. Tipo, mas eu acho realmente

Speaker: 00:39:26

que isso não é um trabalho que eu preciso estar full time com eles, tá. Eu faço

Speaker: 00:39:30

esse trabalho porque fico contratado pra isso, mas tipo, eu vou dizer que eu gasto

Speaker: 00:39:34

talvez 20% do meu tempo com isso, e o resto é portfólio, é tipo cliente,

Speaker: 00:39:43

Estamos em Tech Holders, fazendo OQIAS, OQIAS não é tipo...

Speaker: 00:39:48

Tipo, KPI, sabe, tipo, não é esses números malucos, entregar alguma coisa não deveria ser o que,

Speaker: 00:39:55

ah, então essas conversas assim, né, que isso sim, gasta muito mais tempo,

Speaker: 00:40:00

e pra mim isso sim é um trabalho importante, mas que

Speaker: 00:40:02

que pra eles é, nossa, tipo,

Speaker: 00:40:04

pô, eu ganho uns feedbacks positivos assim, que eu fico meio mal, eu fico feliz,

Speaker: 00:40:08

mas eu, mas pra mim ainda é meio estranho, eu fico, ah, tipo, isso...

Speaker: 00:40:12

Isso aí, basta. Pelo menos no Brasil eu tava acostumado, é. Na empresa anterior, novamente, não.

Speaker: 00:40:16

Na empresa anterior, novamente, tinha um level bem alto, mas eu sei que é exceção.

Speaker: 00:40:21

Porque eu fui em alguns outros eventos aqui, sabe?

Speaker: 00:40:24

Então, enfim, mas é. Eu acho que é legal falar isso, porque pra quem quer trabalhar com agilidade,

Speaker: 00:40:29

eu acho que é bom se preparar pra esses cenários, assim.

Speaker: 00:40:32

É muito...

Speaker: 00:40:33

Porque no Brasil, às vezes, tem cargo de scrum master, mas não é trabalho de scrum master mesmo.

Speaker: 00:40:36

Pelo menos, eu não via mais quando eu tava aí.

Speaker: 00:40:38

Aí eu ainda via. Eu ainda via nas comunidades, uma galera falando.

Speaker: 00:40:42

Aí eu ficava, ah, ok. Tem uma galera que ainda precisa e é isso, né?

Speaker: 00:40:46

Sim, entendi.

Speaker: 00:40:48

Tá bom, então, é porque aqui vai ser isso mesmo. Tem algumas exceções, mas são exceções.

Speaker: 00:40:54

Quando eu quis mudar, sair da minha empresa anterior, eu fiz várias entrevistas e a maioria era esse trabalho.

Speaker: 00:40:59

Tipo, muito basicão mesmo, assim. E se tu for falar em entrevista, eu queria falar de portfólio,

Speaker: 00:41:05

de estando em tech holders, o pessoal fica viajando.

Speaker: 00:41:08

Tipo, não, mas como que você faz uma daily, como que você faz uma retrospectiva, sabe?

Speaker: 00:41:13

Sim.

Speaker: 00:41:14

Www.opusdei.pt

Speaker: 00:41:14

Caraca, verdade. O que é bom, né? É o que tu tá falando. É, o que é legal, porque, de certa forma,

Speaker: 00:41:20

fica um pouco mais tranquilo, né? O trabalho e...

Speaker: 00:41:25

Putz, é isso. Você pode escolher ficar muito confortável. Então, tipo assim, se a sua vida no Brasil agora

Speaker: 00:41:30

tá um verdadeiro caos e você só quer parar, esse é o lugar.

Speaker: 00:41:34

Você pode ficar tranquilinho aqui, ó, vivendo de nível de time, tranquilo, sem nenhum problema.

Speaker: 00:41:40

Você vai fazer o seu trabalho na paz, todo mundo vai gostar do seu trabalho,

Speaker: 00:41:45

e você vai ganhar igual alguém que está puxando mais coisas para fazer, é isso.

Speaker: 00:41:50

É, não, é isso. Eu mesmo não consigo, acho esse trabalho assim muito basicão.

Speaker: 00:41:54

Muito parado. E eu realmente acho que...

Speaker: 00:41:57

E eu falo, eu acho que tipo, minha equipe, a Serena Geral, percebeu.

Speaker: 00:41:59

Que fala, galera, entregar mais não é o que a gente precisa.

Speaker: 00:42:02

A gente precisa entregar a coisa certa, sabe. São os dois, como a gente anda com os dois, então...

Speaker: 00:42:07

E pô, eu fico felizão. Tipo, apesar de não ganhar mais por isso,

Speaker: 00:42:11

Pra mim é muito mais legal o resultado que... Ah sim, dá um calorzinho, né? Você já sabe, Filipe.

Speaker: 00:42:17

Consegue...

Speaker: 00:42:18

Acho que pra gente ainda, não sei pra você, mas pelo menos pra mim, quando eu vejo

Speaker: 00:42:22

que é... Sei lá, eu fico, caraca, sou uma brasileira, fazendo e acontecendo aqui numa empresa na Alemanha,

Speaker: 00:42:28

eu fico cheia de mim, pô. Eu fico com o meu ego...

Speaker: 00:42:30

Sim, sim, claro. Fico com o meu ego alimentado, não nego, não nego.

Speaker: 00:42:34

E inglês, né? Porra. E coisas, por exemplo, que o pessoal...

Speaker: 00:42:39

Eu acho que ainda tem muita dificuldade. Métricas de fluxo, por exemplo, sabe?

Speaker: 00:42:43

Tipo, ajudar a galera a entender isso. Não no nível de equipe, mas trazendo a nível maior, o que que são, como a gente mede. Nem consigo ainda.

Speaker: 00:42:52

É, não. Eu tô engateando nisso. Na anterior era de boa. Mas agora eu tô engateando e é tudo meio...

Speaker: 00:43:01

Mindblowing, assim, pro pessoal, né? Então, isso é legal. Tipo, quando eu vejo, assim...

Speaker: 00:43:07

Tipo, o problema é que eu convencer a usar é muito lento, porque ninguém vê o problema.

Speaker: 00:43:13

Então, tem que esperar o momento certo, mostrar o resultado,

Speaker: 00:43:16

e aí consegue, sabe? Então, é muito...

Speaker: 00:43:18

Muito explorar, assim, tipo...

Speaker: 00:43:21

Tirar o mato. Tem que plantar uma sementinha e ir regando ela. Eu sinto que é isso.

Speaker: 00:43:27

Você planta uma sementinha, aí você vai regando, aí você tenta de um jeito, você vai tentando de outro,

Speaker: 00:43:33

e você vai cavando, e a sementinha vai dando umas cores.

Speaker: 00:43:38

Boa do Fer. Uma coisa que eu gosto também, eu sinto nas empresas, eu queria saber se é pra ti também,

Speaker: 00:43:43

que as pessoas ouvem mais.

Speaker: 00:43:45

Eu acho que...

Speaker: 00:43:47

É, nem penso que eu tô, as pessoas com cargo mais alto, eu consigo conversar com elas mais fácil do que eu sentia que era no Brasil, sabe?

Speaker: 00:43:55

Então, como que é pra ti hierarquia? Boa. Na que tu tá agora, pra comparar de antes.

Speaker: 00:44:01

Eu diria que eu fico mais confortável com a hierarquia daqui.

Speaker: 00:44:05

Tipo, eu consigo ter conversas com...

Speaker: 00:44:07

Eu não sei se é porque a estrutura também, por ela ser enxuta, né, se eu for parar pra pensar em 2018,

Speaker: 00:44:12

quando eu trabalhava em uma estrutura semelhante a essa, eu também ficava bem confortável de conversar com as lideranças,

Speaker: 00:44:17

os mesmos tipos de lideranças que eu conversava naquela época.

Speaker: 00:44:21

Então, eu acho que por eles saberem um pouquinho menos de agilidade,

Speaker: 00:44:24

eu tenho essa sensação de que alguns diretores de tecnologia,

Speaker: 00:44:27

alguns, tipo, head de produto, essas coisas, por eles conhecerem um pouquinho menos de agilidade,

Speaker: 00:44:33

eles estão um pouco mais abertos.

Speaker: 00:44:36

Então, às vezes você tá falando, tá explicando, eles estão ali, estão atentos,

Speaker: 00:44:39

e eles falam muito assim, bora tentar.

Speaker: 00:44:42

Eu acho isso muito fantástico. Eu acho que a gente já viu lugares que as pessoas falam muito de, ah, não, não pode...

Speaker: 00:44:51

Você pode errar aqui, etc, mas no fundo não é bem assim, sabe?

Speaker: 00:44:57

E quando aqui eu sinto que eu realmente posso errar, aqui eu já errei, tipo, não que eu errei rude, né,

Speaker: 00:45:03

mas já sinto que eu errei, já sinto que eu poderia ter feito melhor, mas ninguém virou pra mim e falou

Speaker: 00:45:08

caraca, tu cometeu um erro bizarro aqui, nossa, vamos conversar, meu Deus do céu, ferrou.

Speaker: 00:45:13

Não, foi um negócio tipo, não, a gente tava junto nessa, a gente decidiu essa escolha junto,

Speaker: 00:45:19

Não foi um erro de ninguém, foi aprendizado, bora para o próximo.

Speaker: 00:45:23

A gente vai fazer melhor no próximo. Então, tem uma pegada de incentivo e é realmente blameless,

Speaker: 00:45:28

não tem cultura da culpa.

Speaker: 00:45:31

Bora fazer junto, bora tentar o próximo e o próximo vai ser melhor.

Speaker: 00:45:34

É uma positividade assim que está impressionante.

Speaker: 00:45:39

Muito bom, muito bom. E agora vamos passar para a cidade de Hamburgo.

Speaker: 00:45:43

E aí já é outra decisão menos comum.

Speaker: 00:45:48

A gente quase sempre está nas grandes cidades, ou capitais, ou capitais financeiras, como algumas vezes tem.

Speaker: 00:45:55

Então, por que você foi para lá? Foi também pela oportunidade que apareceu ou foi uma decisão consciente de que

Speaker: 00:46:01

esse é o lugar que eu quero por causa desse motivo?

Speaker: 00:46:03

Foi uma decisão consciente, por incrível que pareça.

Speaker: 00:46:06

Então, a empresa que eu trabalho é uma empresa alemã, que tem escritório em Berlim e tem escritório em Hamburgo.

Speaker: 00:46:12

Mas o produto final que eu trabalho, ele só tem em Hamburgo e em Hanover.

Speaker: 00:46:18

E aí, eu falei assim, cara, eu acho que eu quero trabalhar perto do produto.

Speaker: 00:46:22

E aí, a galera daqui até me zoa falando que eu dei a resposta certa, que o RH queria ouvir,

Speaker: 00:46:26

mas é uma resposta verdadeira, eu realmente queria trabalhar perto do produto.

Speaker: 00:46:30

O produto que a gente tem é o Ride Pooling, né, corrida compartilhada.

Speaker: 00:46:34

Então, são umas vãzinhas que elas só rodam aqui em Hamburgo.

Speaker: 00:46:37

E aí, eu teria que morar em Berlim, eu teria que ficar viajando para Hamburgo para ver eventualmente e tal.

Speaker: 00:46:42

E eu gosto de trabalhar perto do produto que eu estou trabalhando, eu sou millennial, eu gosto de fazer isso.

Speaker: 00:46:47

E aí, eu olhei e falei, pô, posso trabalhar em Berlim, e aí Berlim é a maior capital da Alemanha e tudo,

Speaker: 00:46:54

eu falei, bom, mas o que tem nessa tal de Hamburgo?

Speaker: 00:46:56

Aí comecei a pesquisar, falei, pô, é a cidade do Porto, é uma cidade conhecida, é a segunda maior cidade da Alemanha,

Speaker: 00:47:03

é uma cidade muito rica, muito rica, tem muito milionário aqui,

Speaker: 00:47:07

bilionário, Porsche, Ferrari, é uma loucura essa cidade.

Speaker: 00:47:09

Falei, cara, acho que vai ser legal. E eu também não queria morar, depois de ter saído de São Paulo,

Speaker: 00:47:16

como nasci, cresci em São Paulo, você fica tipo assim, cara, não quero morar numa cidade grande

Speaker: 00:47:20

e Berlim, por mais que seja bem menor do que São Paulo, são 13 milhões de habitantes

Speaker: 00:47:25

ela ainda dá essa vibe de cidade grande, um monte de gente toda hora, tá, tá, tá

Speaker: 00:47:29

eu falei, não, eu quero sossego, eu quero morar numa cidade mais tranquila então essa foi a minha decisão de morar em Hamburgo,

Speaker: 00:47:35

mesmo sabendo que o alemão seria uma dificuldade, porque aqui as pessoas não estão acostumadas

Speaker: 00:47:41

a não ter pessoas que não falam alemão, porque afinal de contas não tem muito turismo

Speaker: 00:47:46

aqui nessa cidade, então as pessoas não sabem lidar com isso.

Speaker: 00:47:50

Foi um choque, cara. Saí do aeroporto e vi, tipo, já todo o placa em alemão, caraca, o negócio bateu aqui mesmo.

Speaker: 00:47:58

Você tinha ido pra Alemanha antes? Nunca tinha ido pra Alemanha na minha vida. Tô louco.

Speaker: 00:48:06

Tá. E como que é morar aí? Como que você está se sentindo? Porque...

Speaker: 00:48:10

Tu chegou aí a Berlim já? Quando é que tu chegou aí?

Speaker: 00:48:13

Sim. Como a empresa que eu trabalho tem escritório em Berlim,

Speaker: 00:48:16

às vezes eu vou para Berlim para trabalhar, dá umas duas horas de trem, é bem pertinho, não é longe.

Speaker: 00:48:23

Já fiz turismo em Berlim também, gostei da cidade, mas não me vejo morando em Berlim.

Speaker: 00:48:28

Eu olho e falo... Não é a minha vibe.

Speaker: 00:48:31

Berlim é um burgo, é menorzinho, é mais fácil de andar, mais gostosinha, me sinto mais tranquila aqui,

Speaker: 00:48:37

e morar aqui é isso, é uma cidade muito calma o silêncio aqui é ensurdecedor

Speaker: 00:48:42

eu não sei se é porque realmente as portas e janelas e as casas aqui são um isolamento muito bom,

Speaker: 00:48:49

mas você não escuta as pessoas, né, e pra quem nunca viajou pra Alemanha os alemães falam extremamente baixo, eles são extremamente silenciosos,

Speaker: 00:48:59

então até quando você tá andando na rua, você vê pessoas, mas você não ouve o que elas estão falando

Speaker: 00:49:04

Não porque você não entende, mas é porque é tão baixinho que eles falam, sempre muito baixinho

Speaker: 00:49:09

Até quando eles estão falando em inglês, eles falam baixo,

Speaker: 00:49:12

E isso foi um choque, assim, do começo Bem... Falei, caraca, muito baixo, muito silêncio,

Speaker: 00:49:19

Mas é lindo aqui, é uma cidade muito gostosinha, muito segura,

Speaker: 00:49:25

Não tem tanto imigrante, então eu dou uma apanhada, assim, nesse alemão da vida

Speaker: 00:49:30

Deu uma apanhada demais no começo, sofria da galera ter que se comunicar muito por mímica.

Speaker: 00:49:35

Mas a cidade em si, ela é maravilhosa Só que, eu vou deixar aqui sempre, eu não aguento mais o frio da Alemanha

Speaker: 00:49:42

Eu tô vendo você de camiseta, eu tô gravando de moletom

Speaker: 00:49:46

Então, estamos aqui, ó, maio já, metade de maio

Speaker: 00:49:51

E eu só tive dois dias com temperatura acima de 20 graus nessa Alemanha,

Speaker: 00:49:57

Dois dias, no ano 21 aqui, esse porque já é final da tarde, assim.

Speaker: 00:50:03

Aqui, sei lá, tá...

Speaker: 00:50:05

Aqui tá 14.

Speaker: 00:50:08

Então assim, 14 é frio ainda, galera. Tipo, tem de... Comparado ao inverno, tá calor.

Speaker: 00:50:14

Mas eu não aguento mais, eu não aguento mais o frio. E acho que essa é uma coisa que tá me pegando.

Speaker: 00:50:18

E pra quem me conhece, eu adoro o frio.

Speaker: 00:50:21

Eu falava em São Paulo, eu adoro o frio. Eu adoro o frio, eu amo o frio.

Speaker: 00:50:24

Mas agora eu não tô aguentando mais, não.

Speaker: 00:50:26

É, mas é diferente porque é mais frio e ainda tem o fator da luz do dia reduzida

Speaker: 00:50:33

nossa, muito! então não é mais uma coisa do frio de São Paulo

Speaker: 00:50:38

exato, bom ponto, verdade, verdade aqui a gente amanhecia 8 horas da manhã e

Speaker: 00:50:44

e dava três e meia da tarde, já tava escuro.

Speaker: 00:50:48

Sim, isso é uma coisa que pesa pra mim mais do que o frio. O frio ainda é um pouquinho ruim por causa da minha casa.

Speaker: 00:50:55

Se tu falou que o isolamento aí é bom, que o podcast há muito tempo já ouviu a ambulância de fundo várias vezes, porque é janela antiga, né.

Speaker: 00:51:04

Aqui se eu fechar a janela e passar uma ambulância, tu não vai ouvir nada.

Speaker: 00:51:07

É, então eu em breve vou mudar de apartamento se tudo der certo, porque essa janela aqui me mata, tanto no barulho quanto no frio.

Speaker: 00:51:16

Também que passa, né?

Speaker: 00:51:19

Mas tem algumas pessoas que falam que tipo, Porto assim, a galera passa mais frio no Porto,

Speaker: 00:51:24

do que quem passa frio aqui dentro de casa, né? Óbvio, dentro de casa na Alemanha.

Speaker: 00:51:30

Sim, sim, sim, total. Todos os outros países são um pouco mais preparados pro frio, né?

Speaker: 00:51:36

Claro que se você for para um apartamento novo, já muda, mas

Speaker: 00:51:41

Se for ficar no Porto mesmo, 90% deles são mais antigos.

Speaker: 00:51:48

Aí tem os reformados que ajudam. O Rebimbico que eu fiquei era aqui na baixa do Porto Mimico, no centro,

Speaker: 00:51:54

e era quente, era impressionante também.

Speaker: 00:51:57

Acho que foi a primeira vez que eu vi uma janela tão boa assim,

Speaker: 00:52:00

de eu achar bizarro, de...

Speaker: 00:52:02

A rua tinha bastante barulho, tinha bastante gente passando,

Speaker: 00:52:05

e aí eu fui fechar, esse foi o meu primeiro mês. Quando eu fechei, parecia que era um vácuo.

Speaker: 00:52:10

Caraca!

Speaker: 00:52:12

Foi que bizarro, assim, que legal isso, né? É isso. Tá, mas...

Speaker: 00:52:16

Então, no geral, você tá gostando dessa cidade? Tipo, foi uma boa escolha, né?

Speaker: 00:52:19

Eu perguntei se você já foi a Berlim, porque aí dá esse choque de comparar os dois, né? Se arrepende ou não.

Speaker: 00:52:26

Nossa, não. Eu não moraria em Berlim. Berlim é muito, muito grande,

Speaker: 00:52:29

tem gente pra todo lado, é uma confusão.

Speaker: 00:52:31

É uma confusão, aquela cidade é tipo uma mini São Paulo, eu diria.

Speaker: 00:52:35

Não consigo colocar em outras palavras, só quem viveu sabe, assim, a vibe.

Speaker: 00:52:40

Aqui é tudo muito tranquilo, Tudo tem senhorzinho, mas também tem os jovens, né?

Speaker: 00:52:45

Mas é tudo menor, é tudo menorzinho, tudo é menorzinho.

Speaker: 00:52:48

Acho que a grande loucura, assim, do Brasil pra cá é que acho que não tem isso aí.

Speaker: 00:52:56

Mas aqui nada abre de domingo, tipo, literalmente, nada abre de domingo.

Speaker: 00:53:01

Só alguns cafés, alguns restaurantes, mas farmácia, mercado...

Speaker: 00:53:06

Pô, esqueceu de... Tipo, hoje é sexta, beleza, dá pra ir no mercado amanhã, mas esqueceu de comprar uma

Speaker: 00:53:10

parada, putz, vai ficar sem. Mas foi engraçado. Eu achei sensacional, achei que o capitalismo

Speaker: 00:53:17

não venceu aqui, né, acho que eles dão esse dia de folga pra todo mundo, mas é chocante

Speaker: 00:53:24

assim no começo. E é muito calmo, cara. Você vê como a galera aproveita a vida,

Speaker: 00:53:30

você vê que a galera tem esse negócio de aproveitar o dia fora da casa, sabe, ficar

Speaker: 00:53:36

na rua, não é essa coisa do vamos ao shopping, que envolve gastar, comprar e tal,

Speaker: 00:53:41

tal, tal, são outras experiências. Eles vão fazer essas caminhadas assim pelas montanhas, pelas cidades e tal, tal, tal, e é lindo de ver, porque é outro tipo de relação.

Speaker: 00:53:52

E o que que tu faz aí? Porque quando tu fala que Berlim tem muita coisa, eu queria saber

Speaker: 00:53:58

tipo, qual que é a tua rotina, principalmente fora de casa, considerando as diferentes estações.

Speaker: 00:54:06

Eu fico sempre curioso pra saber o que tu faz no inverno, né?

Speaker: 00:54:09

Porque tem países que tem uma estrutura muito boa.

Speaker: 00:54:12

Ficou mais em casa, assim? Eu fiquei muito em casa, cara.

Speaker: 00:54:15

E isso é uma decisão que eu tomei depois desse inverno sofrido.

Speaker: 00:54:19

Que é assim, o próximo inverno eu vou viajar pra neve, vou fazer uns bagulhos de esqui, o snowboard, vou ressignificar o inverno.

Speaker: 00:54:27

Porque eu fiquei extremamente triste. Essa foi a palavra. Eu fiquei muito em casa.

Speaker: 00:54:34

Não dá vontade de fazer nada. Eu não sou sedentária, mas eu saía pra fazer academia todo dia.

Speaker: 00:54:42

E eu ficava assim, cara, eu tô saindo pra fazer academia, mas eu tô aqui, senhor, por Deus,

Speaker: 00:54:47

porque se eu não sair, eu vou ficar mais louca.

Speaker: 00:54:49

Então essa era a única escolha, assim. Eu até saía pra final de semana, saía na rua, pra fazer outras coisas, olhar a rua, ficar lá fora,

Speaker: 00:54:57

consumindo esse ar gelado, a minha pele ressecando, mas eu ficava na rua um pouco, sabe, pra ver um pouco de movimento.

Speaker: 00:55:04

Mas foi um mês bem complicado. E eu cheguei aqui no outono, então eu passei o outono, dá pra curtir bastante na rua, conhecer a cidade, tal, tal, tal, andar, ficar no sol

Speaker: 00:55:14

Mas já é mais frio Aí veio o inverno, me destruiu,

Speaker: 00:55:18

Eu vou bem pouco pro escritório, então também tem isso, eu vou no máximo uma vez por semana

Speaker: 00:55:23

Quando eu tô afim de dar uma socializada, fazer uma interação lá com a galera,

Speaker: 00:55:29

Então acho que isso também pega, assim, bastante a falta que faz ter alguém

Speaker: 00:55:34

A falta que faz um abraço, cara, de verdade, tipo, loucura isso, a falta que faz um abraço.

Speaker: 00:55:39

E agora com a primavera, você já tem os dias mais longos, você já fica tipo mais animado.

Speaker: 00:55:45

Acho que outro dia eu fui pedalar de camiseta, fiquei, caraca, eu tô pedalando de camiseta.

Speaker: 00:55:49

Nunca tinha pedalado de camiseta até então aqui.

Speaker: 00:55:53

Então foi bem gostoso e eu estou muito ansiosa para o verão, né, pra eu poder tomar sol.

Speaker: 00:55:58

Tomar só um hamburgo, ver a galera andando de barco, de jet ski, que tem bastante por aqui.

Speaker: 00:56:06

Você sempre vê, fazendo todas as atividades da água, porque afinal tem um rio aqui muito conhecido

Speaker: 00:56:11

E a galera faz tudo lá Tô louca pra vivenciar isso,

Speaker: 00:56:15

Mas por enquanto é isso, churrascos no parque, tô louca pra viver essas coisas, mas eu não vivi,

Speaker: 00:56:21

Ah, em breve, né?

Speaker: 00:56:23

Em breve, tá chegando É, inverno, primavera e daqui a pouco vem essa fase.

Speaker: 00:56:30

E a cultura do lugar, que tu comentou do pessoal mais fechado, como isso se traduz na vida social aí?

Speaker: 00:56:38

Como que é? Tipo, é mais estrangeiros, ou mais em casa, mais nativos mesmo?

Speaker: 00:56:45

Boa, é muito mais alemão, tipo, e assim, eu ainda não consegui sair muito com as pessoas do meu trabalho, fora do trabalho, sabe?

Speaker: 00:56:56

A gente até dá uma... faz um happy hour uma vez ou outra, vai todo mundo do time, mas não é aquela coisa...

Speaker: 00:57:04

Não é uma coisa muito espontânea, sabe? A galera fica um pouco pra fazer uma social mesmo,

Speaker: 00:57:09

e aí depois vai todo mundo embora. Agora que, tipo, você consegue ver a galera, tipo,

Speaker: 00:57:13

ah, não, vamos sair de sexta-noite, vamos estender num barzinho, e aí ficar até mais altas horas bebendo,

Speaker: 00:57:20

para ficarem mais confortáveis ali com todo mundo, mas no geral, fora do trabalho,

Speaker: 00:57:28

eu diria que a minha interação é com brasileiros só agora, cara, fora do trabalho não tenho interação,

Speaker: 00:57:34

com outras nacionalidades, é muito louco isso, não consigo fechar essa parceria aí, sabe?

Speaker: 00:57:40

Não é uma coisa que você só senta num bar assim e vai puxar um assunto, eu não sinto conforto nenhum

Speaker: 00:57:46

de fazer isso, nenhum, nenhum, nunca fiz e aí fica nisso, fala com o brasileiro.

Speaker: 00:57:53

Tá, tu acha que outros estrangeiros aí também são mais fechados do que tu esperava?

Speaker: 00:57:57

Eu não consigo nem achar muitos outros estrangeiros assim, né, você até consegue achar uma galera

Speaker: 00:58:02

tipo, você até consegue ver uns grupos de pessoas com alguma origem árabe e tal, mas

Speaker: 00:58:09

como eles falam mais alemão do que inglês, eu também não consigo interagir com esse

Speaker: 00:58:14

povo porque eu não falo alemão aprendi comecei a estudar alemão estuda alemão tem uns seis sete meses mas meu alemão ainda não é essa coisa toda sabe

Speaker: 00:58:23

tipo é só comunicações básicas então você não consegue só a dificuldade da língua em sete meses aprendeu a falar bom dia boa noite é tipo isso bom dia

Speaker: 00:58:33

boa noite quero um pão valeu é isso que aprende a pedir onde é o banheiro onde,

Speaker: 00:58:40

É um banheiro, uma cerveja, um pão, é só isso que você precisa.

Speaker: 00:58:44

Para sobreviver. Para sobreviver. Alemão básico.

Speaker: 00:58:48

E o que que tu acha assim, pensando agora, refletindo esse tempo morando fora, e aí

Speaker: 00:58:56

duas perguntas simples, que é, quais são as coisas mais legais, tu já falou, mas queria

Speaker: 00:59:01

que tu resumisse, e quais são as coisas mais difíceis desse tempo aí?

Speaker: 00:59:05

Boa. As coisas mais legais é poder ter acesso a coisas financeiras que você não tem no

Speaker: 00:59:13

no Brasil muito mais fácil e ter segurança, sem dúvida.

Speaker: 00:59:17

Então, hoje aqui a gente sente essa falta, eu sinto que no Brasil também guardava mais.

Speaker: 00:59:24

Mas eu sinto que no Brasil eu conseguia fazer menos coisa do que eu consigo fazer hoje,

Speaker: 00:59:29

tipo, eu poder virar e falar...

Speaker: 00:59:30

Putz, eu quero organizar uma viagem.

Speaker: 00:59:33

Ah, eu consigo organizar uma viagem com o salário do meu mês... Total, sim.

Speaker: 00:59:37

Tipo, do nada, se eu quiser, sabe? Ah, não... Isso é estranho.

Speaker: 00:59:40

Isso é muito estranho. Estranho, né?

Speaker: 00:59:42

É muito, de você virar e falar assim... Acho que o valor, o que é mais caro e barato é diferente, mas é total, porque sim, eu guardava mais dinheiro,

Speaker: 00:59:51

mas eu conseguia viajar muito mais fácil, sei lá, meio estranho.

Speaker: 00:59:54

É muito estranho.

Speaker: 00:59:56

E aí você fazer isso assim, de você virar e falar assim, pô, não, vou sim, na semana que vem alugar um Airbnb, vou ficar uma semana fora e é isso.

Speaker: 01:00:05

Aí você fala, pô, o Airbnb vai ficar caro, mas eu consigo ainda, sabe?

Speaker: 01:00:10

De você não precisar fazer um super planejamento pra isso, comprar uma passagem de avião

Speaker: 01:00:15

eu não consigo nem viajar muito de low cost porque eu viajo com a cachorra e ainda assim eu ainda consigo viajar, sabe?

Speaker: 01:00:21

Caraca, velho. Não era uma coisa normal pra mim.

Speaker: 01:00:26

E agora ela está se tornando um pouquinho mais normal. Eu também demorei muito tempo para absorver essa coisa, a relação com o dinheiro aqui.

Speaker: 01:00:33

Acho que teve um dos episódios que eu estava ouvindo hoje, de vocês falando 4 anos de Portugal.

Speaker: 01:00:38

Acho que tinha uma das pessoas participantes que falaram isso, que eu esqueci quem era,

Speaker: 01:00:42

da relação com o dinheiro. Eu demorei muito tempo e agora que eu consigo perceber o que eu consigo fazer,

Speaker: 01:00:46

o que é barato, o que é caro, eu falo, hum, consigo, sabe, te consegui.

Speaker: 01:00:51

É, não, faz total sentido. É muito diferente mesmo do...

Speaker: 01:00:56

Por exemplo, eu nunca na minha vida compraria um Macbook no Brasil, sabe?

Speaker: 01:01:00

E aqui eu comprei porque comparando o custo benefício eu falei, dá, é caro.

Speaker: 01:01:08

Às vezes eu comparo as coisas em viagens. Ah, é, quantos voos.

Speaker: 01:01:14

Isso, eu falei, tipo, eu sei mais ou menos quanto eu gasto em viagens.

Speaker: 01:01:17

Eu vou muito mais para a Espanha normalmente, né. Então, eu comparo e falei, putz.

Speaker: 01:01:22

É, são tantas viagens, ok, dá pra fazer isso assim. Mas acho que no Brasil eu nunca compraria.

Speaker: 01:01:27

Então, realmente, em relação com o dinheiro.

Speaker: 01:01:29

E alguém... Alguém comentou...

Speaker: 01:01:33

Não, no episódio que eu gravei ontem, que foi sobre a Hungria, né, Budapeste.

Speaker: 01:01:38

A Aline comenta que ela comeu muito, mas fora essa outra coisa também.

Speaker: 01:01:42

Eu tenho a impressão que é mais barato. Eu não sei se só o meu estilo de vida mudou, mas é uma coisa que eu não fazia.

Speaker: 01:01:47

E aqui é uma coisa que eu faço com certa frequência até.

Speaker: 01:01:51

Assim, no Brasil eu achava meio caro e aqui eu consigo mais, não sei pra ti, na Alemanha, né.

Speaker: 01:01:56

Eu acho que a Alemanha é muito cara pra comer, eu viajando pra Porto, viajando pra Espanha, eu acho super barato.

Speaker: 01:02:01

Eu fico tipo assim, meu Deus, o quê? Jantar pra dois, 30 euros, sabe? Tipo, muito barato, na minha cabeça, porque... 30 euros?

Speaker: 01:02:10

É, pra dois... Ainda pagou um preço... Caro, né?

Speaker: 01:02:13

Bom, é, é... É, tipo, e aqui às vezes você vai jantar, o seu jantar dá 30 euros, sozinha.

Speaker: 01:02:20

Então, aqui é caro, aqui eu sinto que eu como, eu saio pra comer relativamente igual eu saia pra comer no Brasil,

Speaker: 01:02:27

eu não saia tanto pra comer talvez no Brasil, é mais com alguns amigos, às vezes por semana, duas,

Speaker: 01:02:33

aqui eu acho que eu mantenho meio que essa mesma coisa, não era muito mais.

Speaker: 01:02:36

Mas com certeza na Espanha é um lugar bem baratinho de comer, eu gostei muito.

Speaker: 01:02:43

É, tava lá novamente, tinha um cara do meu time que é do Reino Unido e ele tava em Corunha.

Speaker: 01:02:49

E ele tava chateado quando eu falei, hoje a gente tava de volta num lugar, a gente teve uma na one.

Speaker: 01:02:53

Ele falou que ficou meio triste em saber que depois do Brexit ele não pode ficar lá muito mais tempo.

Speaker: 01:02:59

Ele falou, pô, tava sol, a comida, ele falou, foi estupidamente barata.

Speaker: 01:03:05

Ele pagou algumas vezes no restaurante, acho que ganha em Londres, né?

Speaker: 01:03:08

É, sim. Deve ser um salário alto. E aí ele falou, hoje eu pago.

Speaker: 01:03:12

Cara, como assim? Acho que não é nada pra ele, porque ele tava realmente chateado de ter que voltar

Speaker: 01:03:17

e saber que não pôde ficar um mês como ele podia antes lá.

Speaker: 01:03:21

Ele falou, a comida é boa, o pessoal é mais simpático, e tava mais calor, ele falou,

Speaker: 01:03:27

Eu não posso ficar lá, então...

Speaker: 01:03:30

A outra coisa que eu não abro mão é que acho que é a segurança, cara, eu me sinto muito segura aqui.

Speaker: 01:03:35

Sair com o celular na rua, não ter essa preocupação de que alguém vai pegar minhas coisas,

Speaker: 01:03:39

isso é uma coisa que explode a cabeça, assim.

Speaker: 01:03:42

Só de ter saído de São Paulo isso já fica um pouco mais tranquila,

Speaker: 01:03:46

mas quando você vem pra um lugar assim, que realmente todo mundo tem acesso, né, todo mundo consegue comprar,

Speaker: 01:03:52

acho que uma coisa do MacBook que você comentou que vale comentar, é tipo assim,

Speaker: 01:03:55

o salário mínimo aqui na Alemanha é uns 1600, 1700 euros, alguma coisa assim.

Speaker: 01:04:00

E aí você consegue pensar que tipo um salário mínimo você consegue comprar um Macbook.

Speaker: 01:04:06

Isso é muito louco.

Speaker: 01:04:09

Portugal é metade disso e o Macbook é o mesmo preço, então vamos dizer que dois salários mínimos.

Speaker: 01:04:16

Talvez um pouquinho mais, mas continua, é um M1.

Speaker: 01:04:21

Quando ele foi lançado assim, é muito bizarro. Eu não sabia o preço, eu só fui saber porque eu queria comprar um pra editar vídeo, o meu Windows tava muito ruim.

Speaker: 01:04:30

Sim. E aí eu fui comparar o Mac, eu nunca nem tinha cogitado, porque eu tinha na cabeça o preço do Brasil.

Speaker: 01:04:36

E quando eu fui ver o preço pela primeira vez, eu fiquei, caraca, tipo...

Speaker: 01:04:40

Dá pra comprar. Não tá tão diferente, né? É. É. É, e eu já tava aqui três anos aqui em Portugal, assim.

Speaker: 01:04:46

Mas eu ainda não tinha percebido essa diferença, né, do preço de alguns produtos.

Speaker: 01:04:52

E aí, nisso, como todo mundo tem acesso, você tem segurança, sabe?

Speaker: 01:04:55

Todo mundo consegue ter as coisas, então você se sente segura.

Speaker: 01:04:59

Por ser mulher também, eu me sinto muito segura. Tipo, esses casos de violência contra a mulher aqui não é uma questão, sabe?

Speaker: 01:05:07

Eu sei que é uma cidade muito menor, infinitamente menor que São Paulo,

Speaker: 01:05:10

mas é bizarramente você andar tranquila, se quiser sair de roupa curta,

Speaker: 01:05:15

ainda não me aconteceu porque sempre frio, mas eu tenho certeza que vou sair em segurança, sabe?

Speaker: 01:05:23

Agora qual que é a parte difícil? Ah é, a parte difícil.

Speaker: 01:05:26

Bom, a parte difícil atualmente é o frio, de verdade mesmo, eu tô bem cansada.

Speaker: 01:05:31

São oito meses já vivendo assim, e eu já vinha do inverno do Brasil, então eu tô tipo assim, saturadíssima.

Speaker: 01:05:36

Mas vai, tirando o frio, não vou falar. Mas deixa eu falar uma coisa, porque o frio às vezes pega mais.

Speaker: 01:05:41

Ano passado foi o primeiro...

Speaker: 01:05:43

Não esse, o anterior. O inverno anterior foi o primeiro que eu tava sentindo de saco cheio.

Speaker: 01:05:49

Foi a primeira vez que eu tive essa sensação, assim, cara, eu tô cansado, eu não aguento mais.

Speaker: 01:05:53

E aqui é frio dentro de casa, né, então você dor.

Speaker: 01:05:56

E esse inverno foi um pouco melhor. Talvez eu me acostumei mais, mas...

Speaker: 01:06:00

Ano passado foi completamente... O inverno de três anos foi o único que eu fiquei realmente muito cansado, de saco cheio, assim.

Speaker: 01:06:07

Essa sensação que você falou, tipo, não aguento mais isso, não aguento mais ficar escuro, assim.

Speaker: 01:06:12

Então, às vezes acontece, assim. O pessoal falava sobre isso.

Speaker: 01:06:16

Eu nunca tive, então pra mim era meio estranho, assim, eu não sentia.

Speaker: 01:06:20

Aí ano passado pegou forte, muito mais a luz do dia, o frio né, mas acho que pior ainda era a luz do dia, assim, que

Speaker: 01:06:28

ficou muito tempo nublado. É, sim.

Speaker: 01:06:31

A galera me falava isso no começo, eu não botava fé, eu falava, ai que exagero gente,

Speaker: 01:06:34

o pessoal, não, é meio depressivo, eu ficava, ai que exagero, que exagero, bateu no meu primeiro ano.

Speaker: 01:06:39

Principalmente porque eu dei uma fugidinha, fui pra Barcelona em abril e voltei,

Speaker: 01:06:44

E aí, quando eu voltei, eu tava em Barcelona usando short e aqui eu tive que voltar a usar muletom e eu fiquei muito irritada.

Speaker: 01:06:49

Fiquei, não acordo mais, eu quero ir embora.

Speaker: 01:06:52

É...

Speaker: 01:06:54

Acho que o que pega... Fora o frio. Fora o frio, vai. Fora o frio.

Speaker: 01:06:58

Eu acho que essa coisa de...

Speaker: 01:07:01

De se pertencer, assim, de achar os seus iguais, essa... Não vou falar que eu sinto saudades dos meus amigos, saudades da minha família,

Speaker: 01:07:09

porque eu tô me virando bem, assim, com o remoto, sabe? Acho que a pandemia trouxe esse ensinamento pra gente.

Speaker: 01:07:15

Mas é essa coisa de você não se achar, porque aí você sai na rua,

Speaker: 01:07:19

a galera tá, todo mundo às vezes com seus grupos e tal, tal, tal,

Speaker: 01:07:22

às vezes você tá sozinha, mas às vezes não é um dia que você queria ficar sozinha.

Speaker: 01:07:25

Aí agora, assim, consigo ter mais contatos com os brasileiros,

Speaker: 01:07:28

mas ainda assim você fica tipo, putz, e aí, eu vou fazer o que, né?

Speaker: 01:07:32

Eu fico muito sozinha comigo mesma.

Speaker: 01:07:34

E às vezes isso dá uma badzinha.

Speaker: 01:07:37

Então, acho que a galera que tá vindo, quem tá vindo sozinha, talvez tem isso em mente,

Speaker: 01:07:41

que pode demorar um pouco pra fazer amizade, como é que você reage a isso, né,

Speaker: 01:07:45

como é que você fica com você mesmo, porque em alguns momentos pode ser demais.

Speaker: 01:07:50

E às vezes você quer dar uma fugidinha disso.

Speaker: 01:07:55

É, esse é um ponto importante, a famosa rede de apoio, né? Nossa, cara, demais.

Speaker: 01:08:01

Pra esses momentos de frio, que bate essa depresinha assim, né?

Speaker: 01:08:08

E acho que muda também a questão de, sei lá, um dia tu quer fazer alguma coisa mais

Speaker: 01:08:13

espontânea assim, né?

Speaker: 01:08:14

E tu não consegue contar. Nossa, que raiva, cara.

Speaker: 01:08:17

Tentei muito, eu tava morando num hotel, enquanto eu tava de mudanças entre casas, o hotel

Speaker: 01:08:22

que eu morava, tinha uma piscina gigantesca, maravilhosa, bem fancy, e aí chamei duas

Speaker: 01:08:29

amigas do trabalho pra ver se elas queriam curtir a piscina, e foi maior parto marcar

Speaker: 01:08:35

um encontro com elas, porque não tem essa espontaneidade, eu vou falar, pô, o dia tá

Speaker: 01:08:39

bonitão, eu tô na vibe, bora se encontrar hoje, e o pessoal, ai, putz, não, não.

Speaker: 01:08:44

Ou aí no dia que eu marquei, aconteceu umas coisas comigo que eu tive que desmarcar, mas

Speaker: 01:08:48

Mas no geral não rola só a espontaneidade de falar, oh, vamos nos encontrar aí e tal.

Speaker: 01:08:55

Eu quero ver daqui a um ano, eu queria trocar essa ideia com você,

Speaker: 01:08:57

porque eu não tenho mais tanta espotaneidade. Você não tem mais?

Speaker: 01:09:02

Você se perdeu? Você virou europeu agora? Eu era o Yes Man, o filme, o Sim, Sim, Sim.

Speaker: 01:09:09

Um ano na baixa, chegar e ir três botecos diferentes, mesmo não bebendo muito, mas só porque...

Speaker: 01:09:17

Gabriel, estamos por aqui, bora.

Speaker: 01:09:19

Daqui a pouco, me mandar uma mensagem, falar, vou lá, tipo, 20 minutos, ir lá, cumprimentar, sabe?

Speaker: 01:09:24

Pegava às vezes uma Summers Beer, aquela cidra de maçã. Sim, sim.

Speaker: 01:09:28

E aí, voltava.

Speaker: 01:09:31

Mas é que hoje a vida é muito mais ocupada também, então sabe.

Speaker: 01:09:34

Tipo, amanhã eu vou pra feira medieval que eu marquei com as pessoas dez dias antes.

Speaker: 01:09:39

Dez dias atrás, sim. É.

Speaker: 01:09:41

Então, essa espontaneidade pra mim hoje é mais difícil do que era antes, porque,

Speaker: 01:09:47

sei lá, eu me sinto muito mais ocupado do que eu era antes, então tenho que planejar e

Speaker: 01:09:53

com as coisas que eu tenho e passar tempo com a Vitória, né?

Speaker: 01:09:56

Também, assim, tipo, eu falo, cara, não dá pra ficar improvisando.

Speaker: 01:09:59

E eu sei que alguns brasileiros, principalmente novos, quando chegam aqui, Sim.

Speaker: 01:10:03

É a frustração Sim, total. Eu acho que eu ainda vivi isso.

Speaker: 01:10:07

Agora a minha agenda tá assim também, eu sou, tipo assim,

Speaker: 01:10:10

cheia de coisas pra fazer e às vezes nem eu consigo mais partir do nada porque eu fui

Speaker: 01:10:15

fui preenchendo meus vazios, essa é a verdade.

Speaker: 01:10:19

Sim, sim.

Speaker: 01:10:20

Bom, Mas acho que a tendência é melhorar com o tempo, pelo menos na questão de amizade.

Speaker: 01:10:26

Porque não é tão fácil achar pessoas comuns.

Speaker: 01:10:32

No Brasil é um pouco mais fácil porque tu tá com vários brasileiros, com a mesma cabeça.

Speaker: 01:10:38

Acho que a idade também, né? Exato.

Speaker: 01:10:43

A idade, esse é o próximo que eu ia falar, né? Talvez uma cidade com menos estrangeiros,

Speaker: 01:10:49

acho que a gente fica com um pouquinho mais e a idade também vai mudando.

Speaker: 01:10:55

Mas assim...

Speaker: 01:10:57

Bom, acho que a palavra...

Speaker: 01:10:59

Deixar o coração quentinho, acho que a maioria das pessoas, no final, começa a fazer.

Speaker: 01:11:02

Acho que o começo, e ainda tu chegar no inverno, é muito mais difícil.

Speaker: 01:11:07

Sabe? É muito, infinitamente mais difícil. Porque tá todo mundo em casa, ninguém quer sair, ninguém quer,

Speaker: 01:11:13

ser espontâneo no frio, né? Porque tem que colocar umas 30 camadas de roupa, ninguém aguenta. Sim.

Speaker: 01:11:19

Sim, sim. Então daqui pra frente melhora. Tomara.

Speaker: 01:11:23

Cindy, muito obrigado, que conversa legal. Foi bem massa.

Speaker: 01:11:28

Eu amei. Não percebi o tempo passar, agora que eu estou vendo já o tempo.

Speaker: 01:11:34

Antes de fechar, eu queria deixar aberto para ti, para deixar teus links novamente, tu

Speaker: 01:11:38

falou, mas repete, por favor, porque muita coisa que tu falou aqui, tu deu mais detalhes

Speaker: 01:11:43

de temas específicos no teu YouTube, por exemplo, né?

Speaker: 01:11:47

Sim, sim.

Speaker: 01:11:47

Então as pessoas podem aprender muito mais, então... Boa, galera.

Speaker: 01:11:51

Onde que a galera me acha? Onde que a galera me acha? A galera me acha no LinkedIn, Cindy Moraes, se você digitar Cindy Moraes, acho que tem

Speaker: 01:11:57

Tem poucas.

Speaker: 01:11:58

No YouTube, a mesma coisa, assim, de morais.

Speaker: 01:12:01

Lá eu falo sobre processo de visto, processo do cachorro, como é que traz o cachorro pra União Europeia.

Speaker: 01:12:08

Falo muito sobre como é que eu arrumei meu perfil, o que eu considerei, quais foram as

Speaker: 01:12:12

minhas escolhas pra arrumar um emprego.

Speaker: 01:12:14

Falo bastante coisa no YouTube. Tem o Instagram também, que eu falo bobagens e minha vida.

Speaker: 01:12:19

E às vezes eu faço um Reels também, contando sobre coisas da Alemanha ou viagens que eu faço.

Speaker: 01:12:24

É tudo, arroba, assim, de morais que vocês me acham. Muito obrigada pelo espaço, eu amei essa conversa.

Speaker: 01:12:29

Sim, vamos continuar. Quando tiver mais assuntos assim, a gente marca outro.

Speaker: 01:12:35

Sempre bom compartilhar essa experiência e vendo quem for chegando.

Speaker: 01:12:38

Ainda mais porque é uma cidade um pouco diferente.

Speaker: 01:12:42

Então acho que é mais difícil ainda achar conteúdo, né. Acho que se você colocar Berlim, é muito fácil.

Speaker: 01:12:49

Se você colocar Lisboa, é muito fácil, né.

Speaker: 01:12:51

Mas quando tu vai fugindo dessas cidades maiores, aí eu acho que carece mais compartilhar essa experiência.

Speaker: 01:12:59

Então, muito obrigado mesmo. Quando eu estiver aqui no Porto na próxima, eu vi no teu Instagram,

Speaker: 01:13:04

acabei de adicionar, que tu já esteve por aqui.

Speaker: 01:13:07

Estive.

Speaker: 01:13:09

Então, próxima vez, me avisa. Pode deixar, eu aviso. Aproveitar mais o sol aqui.

Speaker: 01:13:12

Quando eu estiver por aí também, eu te aviso.

Speaker: 01:13:14

Demorou, só dar um salve. Valeu!