Episode 94
Arquiteta AWS em Turim, Itália, com Luana Farinazzo - Mudando de para Itália com 3 cachorros #94
No episódio de hoje, a Luana Farinazzo, vai nos contar sobre a sua jornada até se mudar para Turim, na Itália. Antes de ir para lá ela fez um intercâmbio, pesquisou vários países diferentes, e decidiu que seria a cidade ideal.
Uma parte importante desse episódio é sobre como se mudar para Itália com três cachorros, eu não sei se conseguiria fazer isso.
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Luana Farinazzo
Com 17 anos de experiência, comecei como DBA Oracle, trabalhei anos com consultoria, desde a área técnica, passando por gestão de projetos e pré venda. Hoje sou arquiteta AWS e estou realizando o sonho de viver na Europa.
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Palavras-chave:
- Arquiteta Cloud no Exterior
- Arquiteta Cloud em Turim
- Morando em Turim
- Mudando para Itália com cachorro
- Trabalho remoto na Itália
- Mulheres em Tech
Por Gabriel Rubens ❤️
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Transcript
Fala pessoal, bem-vindos ao TPA Podcast. Gabriel Rubens aqui novamente contando mais
Speaker:uma história de brasileiros e brasileiras que foram trabalhar e morar fora do Brasil,
Speaker:e trabalhando em TEC. E hoje a gente vai pela primeira vez para a Itália, mais especificamente,
Speaker:para Turim com a Luana Farinazzo, que é arquiteta AWS e vai contar para a gente como está sendo,
Speaker:essa experiência de morar lá já há um tempo e agora também ter começado a trabalhar.
Speaker:Tudo bem, Lona?
Speaker:Tudo bem, Gabriel. Tudo bom. Obrigado pelo convite. Bora lá falar de Itália. Estou feliz
Speaker:de ser a primeira a falar da Itália.
Speaker:Sim, vai ser a primeira. E acho que já vale o spoiler que depois vai ter o segundo também,
Speaker:que é outra versão, não outra versão, mas é a continuação, outro ponto de vista sobre
Speaker:essa mudança e o trabalho, não é?
Speaker:Exatamente, vai ter dupla, né?
Speaker:Vai ter meu marido falando também. Que ele trabalha no outro setor de tecnologia, vamos dizer assim, não é a mesma coisa que.
Speaker:É isso, então a gente vai saber os dois lados dessa história aí e dessa mudança.
Speaker:Antes de passar pra ti, eu já queria deixar o recado pra quem estiver ouvindo todas as
Speaker:informações extras sobre episódios.
Speaker:Se tiver alguma foto, se tiver alguma história a mais, vai estar tudo na newsletter, então,
Speaker:vocês acompanham aí que vocês vão saber muito mais do que a gente vai falar aqui
Speaker:e também vai saber quais são os episódios futuros daqui pra frente.
Speaker:Luana, acho que a primeira coisa é saber ou explicar um pouco mais o que você faz.
Speaker:Eu falei de arquiteta AWS, mas se você quiser dar um pouco mais de contexto da tua carreira,
Speaker:o que você fazia no Brasil, o que você está fazendo aí, antes da gente passar para como foi a mudança.
Speaker:Vamos lá.
Speaker:Vou falar um resumo rapidinho do tempo. Eu trabalho com TEI já tem uns 16 anos, 17.
Speaker:Tem um tempinho já.
Speaker:Eu comecei minha carreira como debia óraco. Trabalhei bastante tempo como DBA Oracle, em uma única empresa, inclusive, quase 10 anos.
Speaker:E aí nessa empresa eu trabalhei como especialista.
Speaker:É do tempo que se demorava, né? Ficar bastante tempo numa empresa.
Speaker:Trabalhei como especialista, depois mudei para a área de pré-ventas.
Speaker:Então eu fazia a pré-venda técnica dos serviços que a empresa vendia.
Speaker:Então basicamente, estresse test, capacidade, análise de performance.
Speaker:E depois cansei da área de vendas e aí pidi pra voltar para a área técnica e acabei voltando com
Speaker:gerente de projeto e gerente entrega de serviço, ainda tendo bastante contato com o cliente.
Speaker:E aí teve uma época que eu tive um burnout de trabalhar em São Paulo, porque eu sou de Macapá,
Speaker:e eu fiz minha faculdade e comecei a trabalhar em Belém, fiquei uns três anos trabalhando em,
Speaker:depois da faculdade, que foi em 2005, e aí fui pra São Paulo.
Speaker:E aí em São Paulo, depois desses quase dez anos, me deu um burnout,
Speaker:eu larguei tudo, pedi demissão e voltei pra Macapá.
Speaker:E aí em Macapá eu comecei a trabalhar como uma analista de requisito, porque era assim,
Speaker:Era o que tinha, porque lá é bem mais limitada essas opções.
Speaker:E aí voltei pra Belém, fiquei quase três anos em Belém e comecei a sentir falta de trabalhar e,
Speaker:queria voltar pra São Paulo. E aí depois começando com um amigo meu ele falou não vai pra São Paulo,
Speaker:não vem pra Portugal, porque Portugal é o que há agora pra trabalhar com TI. E aí isso foi 2019,
Speaker:18, 19.
Speaker:Aí eu falei, vou trabalhar em Portugal.
Speaker:E aí eu fiquei naquela sensação assim, o que eu faço? Sabe aquilo, tipo, não sei mais o que eu sou.
Speaker:Eu já passei pela área de venda, já passei pela área técnica.
Speaker:Tem um tempo que eu saí da área técnica.
Speaker:Eu vou procurar trabalho de quê? De gerente? Mas eu vou chegar em Portugal já sendo gerente.
Speaker:Não sabia, assim, fiquei meio perdida. Eu comecei a procurar algumas coisas, mas o negócio não evoluiu tanto.
Speaker:E aí eu peguei e falei assim, já sei, vou procurar presencialmente.
Speaker:Aí eu vendi tudo que eu tinha, comecei com a ideia e com o sonho, vou morar na Europa,
Speaker:porque também assim, eu já tinha vindo algumas vezes e eu amo viajar, amo a Europa, adoro.
Speaker:E aí eu peguei e vendi tudo que eu tinha e fui para a Inglaterra, fiquei dois meses,
Speaker:estudando, fazendo intercâmbio, economizando tudo que eu podia para ficar, porque cada
Speaker:centavo que economizava podia ficar mais tempo, né?
Speaker:E aí depois eu ia para Portugal para procurar emprego e ficar por lá.
Speaker:Esse era o plano e este era... Intercâmbio de inglês.
Speaker:Exato, intercâmbio de inglês. Sim. Porque era uma coisa que quando eu estava procurando emprego em Portugal, me pediam
Speaker:assim logo de cara.
Speaker:Ah, você precisa... E assim, meu pai é professor de inglês, mas eu falo que eu tenho um trauma assim,
Speaker:Então, nunca evoluí tanto no inglês.
Speaker:E aí eu precisava meio que perder o medo e eu falei lá, preciso fazer um intercâmbio.
Speaker:E aí a ideia era essa, vou lá, tento desencanar, dizer que não falo ou ficar com medo de falar,
Speaker:e depois vou para Portugal procurar emprego.
Speaker:Mas aí eu falei lá, foi muito bom, cara, essa experiência porque assim,
Speaker:eu tinha bastante coisa, sapato, roupa e tudo e eu vendi tudo e fui com...
Speaker:Eu tinha sofá, geladeiro, vende tudo e fui com uma mala de 23 quilos para a Inglaterra, no frio.
Speaker:E aí foi assim, até para a minha cabeça mudou muito assim, porque tipo.
Speaker:Eu vivi grandes momentos de felicidade sem precisar ter aquele tanto de coisa que eu tinha assim, sabe?
Speaker:Foi um pouco também, comecei a refletir sobre algumas coisas.
Speaker:Isso em janeiro de 2020.
Speaker:E aí, quando eu... Tinha um amigo meu que passou no processo seletivo de Portugal,
Speaker:e pra Portugal ele deu entrada no visto e ele ia morar lá.
Speaker:Ele falou, ah, tanto que ele me encorajou, né? Ele falou, não, vamos, você fica lá comigo,
Speaker:e procura emprego presencial, que vai ser mais fácil e tudo.
Speaker:E aí eu falei, ah, beleza. Só que não saiu o visto dele.
Speaker:Só que eu fiz toda essa programação de voo pra Inglaterra e tudo,
Speaker:e não saiu o visto dele.
Speaker:E eu falei, tudo bem, se der alguma coisa errada Eu fico lá um mês em Portugal procurando emprego,
Speaker:senão, na pior das hipóteses, eu volto pra São Paulo e eu sei que eu não vou ficar desempregada.
Speaker:E aí, eu fui, fiz isso quando eu tava lá em Londres, daí esse meu amigo falou assim,
Speaker:aí então eu comecei a namorar, eu acho que eu não vou mais.
Speaker:Eu falei, é, plano B.
Speaker:E mesmo assim, ainda não tinha saído o visto dele. E aí eu peguei e falei assim, beleza, plano B, vamos lá,
Speaker:eu fico um mês em Portugal.
Speaker:E aí, conversando com a minha tia, ela falou assim, você pode tirar cidadania italiana, porque o meu avô, meu bisavô era italiano.
Speaker:E eu não sabia de nada, não conhecia esse processo nem nada.
Speaker:Aí eu fui pesquisar e vi que dava pra tirar cidadania, pagar consultoria,
Speaker:e pra Itália, tinha que ir pra Itália fazer.
Speaker:Aí eu falei assim, é bom fazer o seguinte.
Speaker:Vou voltar para o Brasil, juntar uma grana, pagar a cidadania, tirar e já ficar com a cidadania,
Speaker:daí eu posso morar em qualquer lugar sem ter que depender do visto de trabalho e tudo.
Speaker:E aí, bedita a ideia que eu tive. E aí um antigo chefe meu entrou em contato comigo no mesmo dia,
Speaker:inclusive eu achei muito sinal, assim, falou, ai, o que você está fazendo aí na Inglaterra? Vem
Speaker:para cá trabalhar comigo e tal, ele tinha virado CEO de uma empresa. E aí eu falei, beleza, vou,
Speaker:E aí eu cheguei no Brasil, comecei a trabalhar lá com ele em São Paulo, deu uma semana e chegou a pandemia.
Speaker:E aí fechou tudo. E eu falei, meu Deus, olha o que eu vi. Ficou com não ficar presa na Inglaterra.
Speaker:Nossa, eu ia ficar em presa na Inglaterra sem emprego, porque eu já tinha pedido demissão e tal pra ir morar lá.
Speaker:E aí, cara, ainda bem, eu fui abençoada, assim. E aí, fiquei lá e comecei a trabalhar nessa empresa como pré-venda.
Speaker:Venda, que vendia também serviço de UX, LGPD e tudo, performance também. E aí eu conheci o Vinícius,
Speaker:que é o que vai falar depois com vocês na empresa, e aí acabou que a gente se envolveu,
Speaker:se apaixonou e tudo. E quando eu conversei com ele, ele até fala que eu queria dar um golpe nele,
Speaker:eu falei, ele falou, eu falei assim, eu fiz tudo isso e tudo, eu quero voltar pra lá,
Speaker:tirar pra caçar dinheirinho e ele falou, eu tenho cidadania italiana.
Speaker:Eu falei, nossa que legal, você pagou consultoria? Ele falou, não, eu fiz sozinho.
Speaker:Eu falei, humm, não, porque ele morou um ano, fez doutorado, já falava italiano.
Speaker:Eu falei, humm, eu nem vou precisar pagar a consultoria.
Speaker:E aí acabou.
Speaker:Exato, e ele tinha esse sonho também de vir morar fora.
Speaker:A gente não, eu confesso que eu não conjetava morar na Itália de jeito maneira, porque
Speaker:Eu tinha ideia muito de Roma, de Florença, que é muito...
Speaker:Como eu posso dizer? Muitas pessoas, turistas. Eu acho que é muito meio que bagunçado, assim, sabe?
Speaker:Eu acho que quando a gente já passou, tipo, já passado por alguns lugares, tipo Espanha,
Speaker:mesmo Portugal, Londres e tudo, eu acho que a Itália é um pouco mais assim, né?
Speaker:É um pouco mais bagunçado, vamos dizer assim. Então eu não cogitava vir pra Itália, eu vivia só mesmo tirar minha cidadania e voltar.
Speaker:Depois que eu comecei a namorar com Vinícius, a gente casou.
Speaker:Eu tinha um Golden, ele tinha uma West, e aí a gente casou com os cachorros e juntou os cachorros.
Speaker:E eu queria ter um Border Collie, queria muito ter um Border Collie.
Speaker:E ele também, mas no início ele falou, ah, não sei e tal.
Speaker:Falei, não, vamos fazer o seguinte, a gente vai se organizar.
Speaker:E aí ele também mudou de emprego.
Speaker:Ele saiu do emprego que a gente trabalhava junto e foi trabalhar na Amazon, na AWS na verdade, na época.
Speaker:E aí a vontade dele era, vou trabalhar na AWS porque depois de um ano eu posso pedir transferência,
Speaker:para fora do Brasil, tentar uma vaga fora, meio uma vaga interna.
Speaker:E a gente começou a se organizar para fazer isso, para esperar um ano depois que dele estar lá,
Speaker:que daria mais ou menos 2021, final de 2021,
Speaker:pra gente começar a procurar, ele começar a procurar vaga e a gente vinha. E aí eu comecei a pensar,
Speaker:eu não tava muito feliz sendo pré-venda e aí eu falei, que que eu vou trabalhar na Europa, né?
Speaker:Que que eu vou fazer lá? E aí eu falei, cara, eu acho que eu vou investir na área de AWS, vou voltar
Speaker:pra área técnica, sentia muita falta da área técnica, eu gosto assim de trabalhar com área técnica.
Speaker:Mas como eu acabo sendo muito expulsiva e tal, o pessoal acaba sempre me puxando para a área comercial,
Speaker:meio que por essa parte de pré-venda que eu não curto tanto.
Speaker:E aí comecei a falar assim, vou trabalhar com a AWS. Comecei a procurar emprego para trabalhar com a AWS.
Speaker:Na época eu não tinha experiência com a AWS, que foi mais ou menos...
Speaker:Acho que foi em janeiro, março de 2021. Ainda no Brasil.
Speaker:Ainda no Brasil, porque eu falei assim, vou procurar para trabalhar com a AWS em um lugar
Speaker:que eu possa trabalhar remoto, porque daí a gente vai para a Europa e eu continuo trabalhando de lá e tudo.
Speaker:Consigo fazer tudo organizado. E aí eu comecei a trabalhar na empresa, que foi excelente, uma empresa maravilhosa, com,
Speaker:Gente, muito boa tecnicamente.
Speaker:E comecei a trabalhar tecnicamente, e rapidinho também já comecei a trabalhar,
Speaker:já me puxaram de novo para essa parte mais de arquitetura e tudo.
Speaker:E eu comecei a trabalhar como arquiteto. Então, basicamente, o que eu fazia?
Speaker:Eu atendia os clientes como uma advisor técnica de AWS.
Speaker:Então, o cliente, tem o meu sistema que está rodando aqui, eu quero melhorar.
Speaker:Eu entrava lá, olhava tecnicamente, financeiramente, os custos também,
Speaker:Via o que dava para melhorar, sugeria melhoria e ia trabalhando com cliente.
Speaker:Ou então, o cliente tem um novo projeto para implementar esse novo sistema.
Speaker:Eu desenhava arquitetura junto com o cliente e tudo, então assim, eu aprendi muito em muito pouco tempo.
Speaker:É óbvio que eu tinha o suporte também da equipe técnica que era muito boa.
Speaker:E aí, beleza. Feliz, satisfeita.
Speaker:A gente começou a planejar o casamento. Na verdade, a gente já planejava o casamento, e aí foi bem rápido, inclusive, para abril de 2021.
Speaker:Só que aí teve, no meio da pandemia, acho que foi a segunda ou terceira vez que fechou tudo.
Speaker:E a gente teve que mudar, e a gente mudou para Mácio de 2022.
Speaker:E a ideia era, a gente vai, casa, vai para uma lua de mel, e aí enquanto isso a gente já vai vendo os lugares e tudo, depois volta, pega as coisas e vai.
Speaker:Nesse meio tempo a gente estava decidindo onde morar, porque querendo ou não eu poderia morar em qualquer lugar porque eu estava trabalhando remotamente,
Speaker:O Vinícius também, dependendo do lugar, era onde ele ia procurar a vaga interna ali na AWS,
Speaker:E a gente começou a pesquisar onde morar.
Speaker:E eu tipo, toda semana era um lugar diferente, olhava Holanda, aí eu já pesquisava todos os preços da Holanda
Speaker:pesquisava tudo, quanto era aluguel, não sei o que, onde morar,
Speaker:Aí, ah não, vamos morar em Viena, vamos morar em Portugal Cara, toda semana era um lugar diferente, mas eu não cogitava Itália,
Speaker:nesse meio tempo E aí, acabou que o Vinicius também mudou internamente Ele foi pra Amazon, trabalhou na Amazon Device,
Speaker:Ele vai falar um pouquinho mais quando falar contigo, explicar como é que foi,
Speaker:E aí ele começou a trabalhar para os Estados Unidos, não mais para o Brasil.
Speaker:E aí, quando ele começou a ver de morar pra cá, ele falou com o chefe dele,
Speaker:olha, eu quero morar na Europa e tudo.
Speaker:E aí eles não queriam perder ele, não queria que ele entrasse em alguma vaga interna.
Speaker:Aí ele falou, não, beleza, fica tranquilo, continua trabalhando pra cá e a gente te transfere só, tipo, em vez de receber pelo Brasil, você recebe pela Itália.
Speaker:E aí, ele dará mais detalhes, mas isso assim, foi ótimo, porque ele continua trabalhando com a mesma equipe e ele teve essa transferência, o que é assim né,
Speaker:pra gente que já passou por esse processo de mudar, você ter essa ajuda da empresa, não foi nem ajuda
Speaker:porque eles não pagaram, porque como veio uma coisa foi dele a opção de mudar, eles não pagaram mudança,
Speaker:não pagaram nada, mas assim, só de você ter o contra-cheque daqui, numa empresa, no contrato,
Speaker:que eu falo um pouquinho mais na frente como é que funciona essas burocracias.
Speaker:Isso faz muita diferença na hora de alugar um apartamento, na hora de fazer toda essa parte mais burocrática.
Speaker:Então assim, em paralelo eu estava seguindo com esse caminho e eu nem cogitava sair da empresa que eu estava.
Speaker:Adorava, estava feliz, vou continuar trabalhando remoto.
Speaker:Comecei a fazer os cálculos da diferença de horário, porque aqui eram 5 horas a mais no Brasil.
Speaker:Aí eu falei, não, então vamos lá. Eu começo a trabalhar duas da tarde e vou até 11h, 10h, 11h da noite, meia noite e,
Speaker:eu posso aproveitar amanhã para passear.
Speaker:Isso é ótimo, tudo esquematizado na minha cabeça.
Speaker:E aí continuei trabalhando e eu queria pegar um Border Collie no meio desse caminho todo,
Speaker:convenci ele a pegar o Border Collie e ele falou beleza, mas eu morava num apartamento de 40 e poucos metros quadrados
Speaker:em Moermo, lá em São Paulo,
Speaker:com ele e os dois cachorros, ele falou não dá pra pegar um Border e ficar aqui,
Speaker:enquanto a gente estava meio que esperando esse um ano aí dele a gente decidiu ir pra São Carlos, que é a cidade dele e morar numa casa.
Speaker:E aí foi quando a gente foi pra São Carlos e ficou morando lá. A gente ia morar mais ou menos quase um ano,
Speaker:pra gente poder se organizar pra vir pra cá e viver lá com cachorro e tudo.
Speaker:E aí foi assim. E aí eu comecei agoniada, né? A pensar do...
Speaker:Ah, eu já quero ir logo, eu já quero ir logo. Final de 2021 eu já tava assim,
Speaker:uma ansiedade pura porque eu já queria me mudar, eu já queria me mudar.
Speaker:E aí eu estava assistindo os vídeos lá, decidindo pra onde a gente ia,
Speaker:eu assisti um vídeo de Torino, eu confesso que eu nunca tinha ouvido falar em Torino.
Speaker:Nem no time, nem no Juventus, porque toda vez que fala de Torino falam de Juventus, do Cristiano Ronaldo, que era daqui, não sei se vocês já conhecem.
Speaker:Nem todo mundo associa, né, porque o nome do time não dá muita dica.
Speaker:Não é, o Juventus. É só o Juventus, sim.
Speaker:Exato, exato.
Speaker:E aí acho que nem falei mas eu moro em Torino na Itália que é no norte da Itália ali no noroeste
Speaker:da Itália assim meio que me indivisa com a França com a Suíça e eu vi tava vendo um vídeo de uma
Speaker:blogueira daqui brasileira que anda aqui pela Itália e aí eu vi esse vídeo de Torino e eu
Speaker:fiquei arrepiada assim foi muito doido eu comecei a me arrepiar nossa que lugar lindo que lugar lindo,
Speaker:E aí o meu marido do meu lado falou assim.
Speaker:Sério que você gostou? Eu falei. Era muito bonito, quero morar lá.
Speaker:Até semana que vem, né? Porque toda semana eu mudava.
Speaker:E ele ficou super feliz, porque ele falava a língua, ele já tinha morado em Milão, ele gosta da Itália.
Speaker:Falei, não, vamos começar a pesquisar. E eu comecei a pesquisar e vi que aqui nesse extremo norte,
Speaker:era um pouco mais diferente do sul.
Speaker:Parecia ser menos bagunçado, ter muita influência francesa, suíça.
Speaker:E aí eu peguei e falei não, quero morar em Torino. Comecei a pesquisar, vi que a cidade era linda,
Speaker:tinha muito parque aqui, muito parque, pros cachorros era ótimo e decidi bater um martelo
Speaker:que a gente ia morar em Torino. E aí em paralelo ele conseguiu falar pro chefe, ver a transferência,
Speaker:aqui pra Itália, ele gostou também da ideia, adorou na verdade. Eu não sabia falar nada de italiano,
Speaker:nada, nada, nada, nada.
Speaker:E aí achei a cidade linda, muito verde.
Speaker:Não era tão cara quanto Milão, quanto Roma, quanto todos os grandes centros,
Speaker:mas ficava uma hora e meia de Milão, o que dava um fácil acesso para a gente viajar,
Speaker:porque as passagens de Milão, inclusive, são mais baratas e tudo.
Speaker:E foi isso, decidimos vir para cá, Comecei a pesquisar sobre a cidade, sobre os bairros e tudo,
Speaker:pra ver qual seria o melhor lugar. Comecei a seguir pessoas que moravam aqui, do Brasil.
Speaker:Inclusive, uma dessas pessoas até hoje virou um casal de amigos meus,
Speaker:e ele é meu personal também, brasileiros que moram aqui.
Speaker:E aí a gente começou a organizar a vinda pra cá. E a ideia era a gente vir de lua de mel pra Itália.
Speaker:Eu já começava a olhar algumas coisas de casa que a gente ia casar em março do ano passado, 2022, e voltar.
Speaker:E aí na minha saudade eu falei, mas pra que a gente vai gastar?
Speaker:Pra ir, depois ver, depois vamos embora de vez logo.
Speaker:E aí a gente decidiu vir de vez já. E eu casei no dia 19 de março e a gente viajou dia 23 de março.
Speaker:Então, chegar a parte do processo da viagem, né? A gente viajou com três cachorros, com esses três cachorros que não são pequenos,
Speaker:é um Border, um Golden e uma West.
Speaker:E nove malas, porque eu era mais apegada, mas depois comecei a me apegar de novo às coisas.
Speaker:Na verdade, eu comecei comprando bastante coisa depois que eu voltei da Inglaterra,
Speaker:Mas confesso que não chegou a nem uma parte do que eu tinha antes.
Speaker:É a minha versão desapegada, né? Mas a gente viajou com 9 malas.
Speaker:E... Uma parte que foi complicada pra gente foi alugar o Airbnb aqui pra ficar.
Speaker:Deve ficar um mês procurar apartamento.
Speaker:Porque a gente tinha três cachorros, e três cachorros que não eram pequenos.
Speaker:Então toda vez que a gente via qualquer lugar falava que tinha três cachorros,
Speaker:a gente dizia, ah, não dá, porque é muito pequeno o lugar e tudo.
Speaker:E aí até que uma bendita alma conseguiu, aceitou a gente, porque ela, na verdade, a dona tinha um cachorro, o cachorro tinha morrido há pouco tempo,
Speaker:então acho que ela ficou sensibilizada.
Speaker:Nossa, sim.
Speaker:E aí a gente pegou e conseguiu alugar.
Speaker:O dia da viagem foi punk. Porque a gente morava em São Carlos.
Speaker:A gente tinha que levar as coisas todas pra... Tinha que ir pra São Paulo pra poder viajar.
Speaker:Então o que eu comecei a fazer? Eu comecei a levar as malas aos poucos e deixar na casa dos meus amigos.
Speaker:Toda vez que a gente ia pra São Paulo eu levava já alguma parte das malas.
Speaker:E aí no dia da mudança da viagem a gente foi de madrugada para São Paulo, tinha que,
Speaker:o Vinicius tinha que entregar o notebook dele lá na empresa, acabou que atrasou, a gente
Speaker:alugou um carro para poder levar as coisas e a gente assim, a gente não pediu ajuda
Speaker:de ninguém, nem de amigos, nem de nada, foi só nós dois.
Speaker:Porque a gente pensou que ia ser tranquilo, a gente se organizou para chegar no aeroporto,
Speaker:cedo, umas 3 da tarde. Se eu não me engano era oito.
Speaker:Então eu falei lá, vai dar tempo. Acabou que atrasou tudo.
Speaker:A gente chegou cinco da tarde no aeroporto, uma correria.
Speaker:Eu com três cachorros com as malas, enquanto ele devolviu o carro na fila.
Speaker:E o pessoal me ajudando, porque tinha que me ajudar a empurrar os carrinhos.
Speaker:Foi assim, um dia de louco.
Speaker:Eu lembro até hoje, quando eu entrei no avião, eu falei assim, meu Deus, que correria.
Speaker:A gente entrou e já direto foi para o avião.
Speaker:Deu certo em um tempo de chegar no avião.
Speaker:E como tinha o processo dos cachorros, era também uma parte mais delicada, né?
Speaker:E faz prazer e documentação.
Speaker:E aí chegando aqui também a gente pagou uma van para pegar a gente em Milão e vim,
Speaker:para Torino. O moço da van também disse que não ia, que não era aquilo combinado,
Speaker:na verdade eu tinha combinado isso, quis cobrar mais e foi só dor de cabeça, mas beleza,
Speaker:conseguimos chegar aqui. E aí sobre a questão da documentação, o que eu tinha decidido?
Speaker:Eu tinha que pegar todos os documentos para eu tirar minha cidadania, que também dá um trabalho,
Speaker:bem grande, porque eu tive que corrigir documento e tudo.
Speaker:Mas eu falei, vou primeiro pegar um visto de esposa, porque eu ouvi que isso já tinha cidadania italiana.
Speaker:E isso também nos ajudava muito, querendo ou não, o nosso processo de vinda não foi tão traumático,
Speaker:porque ele tinha um emprego da transferência, ele já tinha cidadania italiana, o que ajudava também bastante.
Speaker:Eu falei, como o processo de tirar a cidadania eu sei que é demorado e tudo.
Speaker:Aí eu peguei e falei, vou primeiro tirar o visto que a gente chama de permesso de sojourno,
Speaker:aqui, que seria uma permissão de morar porque eu sou parente de um italiano, eu sou esposo de um italiano.
Speaker:E depois a gente pega e eu vou atrás da parte da documentação da cidadania.
Speaker:A gente chegou aqui, ficou um mês no Airbnb e começou a caça de apartamento.
Speaker:E aí, e um desespero para conseguir e tudo. Mas a gente conseguiu, assim, razoavelmente rápido,
Speaker:acho que três semanas a gente já tinha conseguido. Confesso que essa parte também dele já ter a
Speaker:transferência da empresa faz muita diferença, porque aqui na Itália, eu não sei se em Portugal,
Speaker:é assim, mas tem uma distinção entre você ter um contrato de trabalho em tempo indeterminado e um,
Speaker:de trabalho temporário. Por padrão, a maioria dos empregos que tem normalmente é contrato,
Speaker:determinado, são por tempos pré-fixados. Eu acho que de três em três meses eles revisam,
Speaker:e tudo. E para você alugar um apartamento, a primeira coisa que eles pedem é um contrato
Speaker:de trabalho por tempo indeterminado, que seria tipo CLT do Brasil. E o Vinicius já tinha,
Speaker:Então ajudou, eu tinha um contrato por tempo indeterminado.
Speaker:E aí conseguimos alugar o apartamento e começamos a morar. E aí começou a burocracia.
Speaker:Aí, meu Deus, respira. Porque se você acha que o Brasil é burocrático,
Speaker:pensa que a Itália... Eles aprenderam tudo para a Itália.
Speaker:A Itália é a mãe da burocracia.
Speaker:E aí eu já antecipo que, para mim, a pior parte é a burocracia italiana. É muito complicado.
Speaker:Acho que isso parece um pouco com a portuguesa. Às vezes eu fico pensando nisso porque eu também tive bastante dificuldade, né?
Speaker:E aí eu fico... Eu fico... Na dúvida, eu até brinco às vezes no podcast que é a nossa burocracia do Brasil, a gente,
Speaker:conhece. Às vezes eu tenho dúvida se é muito...
Speaker:De algum país ser pior, né? Aqui, porque aqui no começo eu sofri bastante também de entender as coisas e tem...
Speaker:Tu entra em uns deadlocks, tipo, nos becos sem sair daqui é...
Speaker:Pra você ter isso, você precisa disso, mas pra você ter isso, você precisa disso.
Speaker:Minha esposa mesmo, não conseguia abrir o aconto, precisava ser tipo PJ, Recebo Verde aqui.
Speaker:Pra ser ela precisa de uma conta, mas pra abrir a conta ela precisa ter um emprego.
Speaker:Então a gente ficou nessa briga por um tempo, até que eu dei o meu jeitinho, falei põe minha
Speaker:conta no banco, meu cadastro, cadastro online, pra ver o que dá.
Speaker:Aí funcionou, sei lá, por exemplo. Senão até hoje eu não saberia o que fazer, porque a gente ligava, então eu acho que
Speaker:é muito mais nisso no Brasil, acho que eu conseguia entender o que a gente tem que fazer,
Speaker:E aqui pelo menos eu sentia meio sozinho nisso, tipo, eu não sei como fazer, ninguém sabe explicar, né?
Speaker:E acho que é a mesma sensação que você teve lá de...
Speaker:Que às vezes dá um desespero de falar... Putz, cara, como que eu saio dessa? Não dá, ninguém resolve nada, né?
Speaker:É, o que me consolava foi, uma vez uma amiga falou isso, eu achei muito, muito interessante. Ela falou,
Speaker:gente, a gente viveu 30 anos no Brasil.
Speaker:Imagina que durante esse tempo a gente tirou a certidão, tirou...
Speaker:BÊÊÊÊÊ!
Speaker:Aqui não, a gente quer resolver em um mês, porque a gente tirou uma vida no Brasil pra fazer, né?
Speaker:Vamos ter um pouco de paciência também.
Speaker:Mas realmente eu... Porque não tem a pressão no Brasil, né? Não tem a pressão de tempo, quando você tá aí, você tem a pressão, tudo é tempo,
Speaker:tipo, se dá tudo errado, você volta, então tem a situação...
Speaker:Você tá numa situação muito mais sensível, então a pressão psicológica própria é muito maior.
Speaker:Exatamente. Exatamente, no meu caso eu tinha a pressão de que eu tinha 3 meses de visto de turista,
Speaker:Então eu deveria organizar toda a parte do meu permesso em 3 meses,
Speaker:E que não aconteceu, já dando spoiler Aconteceu exatamente o que você falou
Speaker:A gente chega aqui e precisa ter um código de fiscalha, que eles chamam,
Speaker:que é tipo um CPF e qualquer pessoa pode ter, tá?
Speaker:Até como turista você pode chegar aqui e pedir esse código de fiscalha.
Speaker:Tudo que você vai fazer a primeira coisa é esse código de fiscalha.
Speaker:Para tirar esse código de fiscalha eu precisava dizer que fazer uma declaração de presença,
Speaker:que é como eu entrei pela Holanda, a gente veio para o Amsterdam, não está no passaporte
Speaker:o carimbo da Itália. Eu preciso avisar a Itália que eu estou aqui e que eu tenho
Speaker:intenção de ficar. E aí pra isso eu preciso ir no lugar que chama Coistura, que é um
Speaker:tipo como se fosse uma prefeitura daqui, tirar esse documento, que é a declaração de presença,
Speaker:pra eu poder tirar o código de fiscalha. Só que quando a gente chegou aqui em março de
Speaker:2022, ainda tava ali naquele processo de Covid. Ainda não tinha acabado, não sei,
Speaker:E isso ainda acabou já, completamente, vamos dizer assim, né?
Speaker:E aí precisava ter o...
Speaker:O comprometido de vacinação. Eu esqueci o nome que eles falavam.
Speaker:É tipo o green card, o green pass, né? Não é green card, green pass.
Speaker:E pra eu tirar o green pass, aí o que acontece? Pra eu entrar na coestura, eu precisava do green pass.
Speaker:Pra eu ter o green pass, eu precisava desse código de fiscalha e que eu precisava pegar declaração de presença na coestura.
Speaker:Então, exatamente isso.
Speaker:Isso, cara, tira muito a nossa paciência, porque tipo, não faz sentido.
Speaker:Isso é uma coisa que eu acho muito bom no Brasil.
Speaker:Mesmo que é óbvio existe burocracia, eu acho que as coisas no Brasil fazem sentido assim,
Speaker:quando você vai precisar dos documentos, o negócio não faz assim, tem mais travas nos bloqueios que
Speaker:você fala assim, gente, não é lógico. Eu nunca no Brasil tive esse pensamento assim,
Speaker:da burocracia de leite, não tem lógica isso. E é realmente a que não tinha. E a minha sorte é que
Speaker:tipo, eu cheguei numa quinta-feira, eu tava morrendo de pavor de andar na rua, porque tipo,
Speaker:depois eu não podia entrar em restaurante porque precisava do passe-vêdeo para entrar.
Speaker:Eu estava com medo de me pegar na rua, sabe, e querer meio que falar alguma coisa, mas tudo bem
Speaker:que eu poderia, eu só não poderia entrar nos lugares fechados. E aí, na quinta-feira eu cheguei,
Speaker:só que na segunda parou de ter essa necessidade de ter isso para entrar na costura, então aí eu fui.
Speaker:Aí, Gabriel, do céu, eu falo assim, não teve nenhuma vez que eu fui para essa costura que eu
Speaker:menos de 5 horas na fila.
Speaker:E assim, é terrível porque é uma fila gigante. Tem gente... Se tinha fila, já era bom.
Speaker:Porque na minha experiência na Itália, às vezes, foi quando eu parei de reclamar de fila.
Speaker:Porque eu ia entrar... Ah, porque eles não sabem fazer fila.
Speaker:Eu ia entrar no museu... Exato. Então estava uma bagunça. Eu perguntei de que é fila.
Speaker:Aí alguém falou, é aqui.
Speaker:Aí eu fui no outro lugar, a mesma coisa. Aí isso também no norte.
Speaker:Foi quando eu... pela primeira vez eu falei nunca mais, eu fui Turim, Milão e algumas, já já,
Speaker:e passei por algumas cidades saindo de Turim até a inicio da França,
Speaker:tipo fazendo essa costa aqui legal, é bem bonito né é, mas foi na Itália que,
Speaker:quando o pessoal fala, se é brasileiro eu adoro uma fila, eu falo ainda bem,
Speaker:porque é verdade foi uma experiência diferente pra mim, às vezes eu fazia alguns passeios sozinhos
Speaker:Às vezes estava com amigos, ou via sozinho.
Speaker:Amigos daí, então era mais fácil. Mas quando estava sozinho, era desesperador.
Speaker:Eu ficava às vezes, será que eu vou ficar esse plano nesse bloco de pessoas mesmo?
Speaker:Eu falei, eu não quero estar brigando no meio para comprar uma coisa, né?
Speaker:Tipo, não é de graça. Então, novamente, se tinha fila, eu acho que isso estava com sorte.
Speaker:Eu falei assim, fila, fila. Mas é exatamente isso que você falou.
Speaker:Mais uma característica da Itália, eles não sabem fazer fila.
Speaker:Então eles ficam em pessoas, em grupos, né? E aí na hora que chegava o moço lá...
Speaker:Respirando no teu pescoço, né? Assim, todo mundo.
Speaker:Quando chegava o moço lá, o carabinheiro, o policialzinho lá que atendia a gente,
Speaker:ia todo mundo em cima dele, assim. E aí você ficava puto, porque você já...
Speaker:Pum, cadê a fila? Eu tava na frente. E é um gritar, grita. Gente, é muito estressante.
Speaker:E ali tem gente que está ilegal e precisa organizar as coisas.
Speaker:O tratamento não é nada amigável assim porque imagina também né eles estão lá com um monte de turista não de gente de fora que tá ilegal,
Speaker:as pessoas não falam na maioria das vezes o italiano e eles não tem o mínimo de paciência,
Speaker:tipo assim se você vai falar com ele alguma coisa que não é italiano ele já fala paro no italiano ou vai embora,
Speaker:eu também aconteceu isso comigo em turim,
Speaker:Meu Deus! Isso, eu estava no hotel, sim.
Speaker:Mas tipo, você é um turista, né? Eu estou ali mendigando um documento.
Speaker:Eu fui pedir informação e aí na banca de revista eu só entendi, parla italiano, algo do tipo.
Speaker:Aí eu fui na outra pessoa, mesma coisa, aí eu fui na terceira, mesma coisa, juro, mas
Speaker:eu acho que era uma bairra mais afastada.
Speaker:Eu voltei para o hotel, pedi informação e eu estava sem internet o primeiro dia, então tinha que comprar.
Speaker:E aí eu falei com os amigos, eu não sei se eu dei muito azar.
Speaker:O cara do hotel também não falava. Isso foi o que eu fiquei mais puto, mas tudo bem.
Speaker:Mas a gente se virou. Aí eles falaram, não fala com pessoas mais velhas.
Speaker:Tenta olhar adolescente e jovens. Mas aqui é difícil não falar com pessoas mais velhas, porque tem bastante gente mais idosa aqui.
Speaker:Exato. No lugar que eu estava foi isso. Estava me descobrindo mais ou menos como chegar perto do centro, e aí mudou.
Speaker:E aí quando eu precisei, no primeiro dia que eu estava na internet,
Speaker:os primeiros dias na verdade, aí eu tentei falar com pessoas mais novas e funcionou.
Speaker:Mas minhas três primeiras tentativas foram pessoas... O cara da banca foi até bem ignorante na hora.
Speaker:Eles são. Eu falei, puta merda. Tipo, minha primeira vez lá, eu falei...
Speaker:Começou muito mal, depois melhorou, mas começou de forma estranha.
Speaker:É, a gente não pode generalizar, mas realmente acontece bastante, eles não têm muita paciência.
Speaker:Nesse lugar, então, que você tá ali...
Speaker:Eu acho que foi a sensação que eu me senti mais humilhada, na vida, foi nesse lugar, porque.
Speaker:Parece que você tá mendigando ali, sabe? Eles não fazem a menor questão de ser simpáticos ou de querer ajudar,
Speaker:eles, na verdade, parece que só querem atrapalhar o processo.
Speaker:É... E aí... Mas, beleza, consegui pegar a declaração de... Na hora de entrar, o Vinilce estava comigo, ele falava italiano, não falava nada.
Speaker:E aí o moço falou, não, vai entrar só ela. Pensa no meu desespero.
Speaker:Eu me tremia toda, assim.
Speaker:E aí fiquei mais na fila lá dentro, mas consegui. A moça meio que entendia o que eu falava.
Speaker:E é um documento super simples essa declaração.
Speaker:Mas consegui, fiz o código de fiscalha e já fiquei super feliz.
Speaker:E aí tem um outro questão aqui na Itália, que é a residência, que você não basta, igual a gente é no Brasil, né?
Speaker:Ó, moro lá na avenida Brasil, tal, tal, tal.
Speaker:Você precisa declarar na prefeitura que você mora naquele lugar, que é fazer a residência.
Speaker:E aí vai um guardinho, é o que a gente chama de vigili, lá na sua casa, na teoria,
Speaker:para saber se você mora num lugar que é adequado, tipo, imagina morar dez pessoas numa casa de 60m²,
Speaker:não faz o menor sentido, então eles vão ver quantas pessoas moram na casa, quantos cômodos tem a casa,
Speaker:isso em teoria, acontece que eles fizeram isso, no nosso caso eles acabaram não vindo, tá?
Speaker:Mas existe todo esse processo para fazer a residência.
Speaker:E o que acontecia? O Vinil se precisava fazer a residência antes dele, porque ele que era,
Speaker:ele fez o aluguel no nome dele, aquele que tinha todas as documentações.
Speaker:E fazer a residência é esperar a boa vontade da prefeitura falar está aqui o documento pronto.
Speaker:E aí no final das contas demorou muito, já estava chegando perto dos três meses,
Speaker:do meu período para eu dar entrada no permesso.
Speaker:E aí quando eu fui dar entrada no permesso faltava eu acho que umas três semanas para vencer o meu período.
Speaker:E aí na hora de ir lá na coestura ele foi comigo, aí deixaram ele entrar.
Speaker:E a gente foi fazer a solicitação e o moço falou...
Speaker:Ele ainda não tinha, na verdade, a residência. O moço falou, não precisa da residência.
Speaker:E aí ele falou assim, mas o que a gente vai fazer? Porque vai vencer o período de três meses nela.
Speaker:E aí como é que a gente pode fazer? E o moço falou assim, ela vai ter que voltar para o Brasil.
Speaker:Nossa gente, vai ficar um...
Speaker:É voltar para o Brasil para ficar pelo menos três meses lá, para depois voltar para cá. Não é só ir voltar.
Speaker:E aí foi desesperador, a gente entrou em contato com advogado e aí ele falou
Speaker:não, você como esposa de um seu não italiano tem uma lei tal, anda com essa lei,
Speaker:você não pode ser mandado embora, então eu comecei a me sentir uma pessoa errada,
Speaker:Então eu andava com esse documento, andava com minha certidão de casamento porque na rua o policial pode te parar e já aconteceu, a gente mora aqui perto da estação,
Speaker:e a gente as vezes vai na estação comer e aí o policial já parou a gente,
Speaker:Falei que era um documento, mas na época ainda não estava ilegal.
Speaker:Na verdade, eu falo que é irregular, não é ilegal.
Speaker:E aí o moço pediu o meu documento, e a gente perguntou pra ele o que acontece? E ele falou que depende muito da pessoa.
Speaker:Isso é uma questão também aqui na Itália.
Speaker:A lei ou a forma de aplicar alguma coisa depende da pessoa. Essa pessoa faz de um jeito, outra pessoa faz de outro jeito.
Speaker:Isso acontece muito aqui.
Speaker:De a gente fazer um processo de tirar um documento com uma pessoa de um jeito.
Speaker:Outra pessoa de outro jeito. Acho que também.
Speaker:Eu cheguei aqui com mais outras 8 pessoas, 8 pessoas que vinham trabalhar, mais cônjuges, então tinha umas 12.
Speaker:A gente ficou no Airbnb primeiro, ninguém conseguiu fazer o documento,
Speaker:tipo o CPF, porque era no Airbnb, mas eu consegui.
Speaker:Eu fui lá, não consegui, eu queria abrir a conta logo, Então eu fui no outro período, porque eu já tinha ouvido falar que dependia de quem atendia.
Speaker:Foi assim. Bom, eu fui de manhã, agora eu vou à tarde. Foi uma senhora que eu já comecei falando, olha, eu estou no Airbnb, mas procuro no caso,
Speaker:mais trabalho na empresa tal. Aí ela nem quis ouvir, ela falou, não, não tem problema,
Speaker:depois você troca quando você tiver...
Speaker:Ah, que bom, né? Simples assim, isso. Mas eu fui o único, sabe? E aí como eu já tinha ouvido falar que...
Speaker:O pessoal brinca que a regra não tem regra. Então eu fui insistindo.
Speaker:É. Eu acho que essa é uma das partes que vai estressando muito a gente, né?
Speaker:Sim, sim. Vai cansando. Mas aí depois ele conseguiu fazer residência.
Speaker:Eu fiquei meio que irregular nesse período, depois consegui dar entrada no permesso,
Speaker:que é basicamente um papel de pão, uma foto sua, que é tipo o recibo do permesso,
Speaker:ainda não é o permesso.
Speaker:E aí depois eu tive que esperar quase três meses para chegar ao documento.
Speaker:Nesse período, esse documento só vale na Itália, então eu não posso sair da Itália.
Speaker:Para ir para nenhum lugar.
Speaker:Então eu fiquei meio que presa aqui.
Speaker:Não poderia sair daqui, mas tudo bem. E assim, eu trabalhando de casa.
Speaker:Ou Vinicius também trabalhando de casa e...
Speaker:Music.
Speaker:Quando foi mais ou menos em outubro do ano passado, uma moça veio falar comigo no LinkedIn, uma recruiter.
Speaker:Falou, ai, tudo bem, italiano, né?
Speaker:Isso é tipo, eu comecei a fazer aula de italiano, mas assim, a minha convivência aqui era mínima, eu até brinco,
Speaker:que o meu italiano era, eu ia no supermercado, a moça perguntava, você quer um saco?
Speaker:Aí eu falava, não, obrigado, ok, tchau, boa noite, até mais.
Speaker:Era só, esse é o meu nível de interação, tanto que eu falava assim, nossa, eu preciso fazer alguma coisa pra mim, pra eu falar mais de alguma forma, fazer algum curso, alguma coisa.
Speaker:E eu comecei até a fazer a Jiu-Jitsu no Brasil, me inscrevi no Jiu-Jitsu pra ter um pouco mais de interação,
Speaker:e foi legal porque também lá, Jiu-Jitsu é do Brasil e tudo, e eles falam um pouco de português, fico feliz de ter o brasileiro ali.
Speaker:Isso foi me ajudando também, mas eu tinha muito pouco contato, e também não tinha planos de trabalhar aqui.
Speaker:Não tinha. Eu pensava assim, se eu for sair dessa empresa, vai ser para trabalhar talvez para alguma empresa em inglês,
Speaker:ou da Inglaterra, da Holanda, alguma coisa do tipo.
Speaker:E aí essa recrutadora veio falar comigo daqui da Itália e falou,
Speaker:ah, tudo bom, eu vi seu currículo, a gente está procurando um arquiteto AWS e tudo.
Speaker:E eu falei assim, desculpa, mas eu não sei falar italiano.
Speaker:No translator lá, né? Pegou o translator. Não fala italiano.
Speaker:Não falo. Me diz piate, não falo italiano.
Speaker:E aí ela pegou e falou, não, mas como é o seu nível de italiano?
Speaker:Eu falei, não sei, dizia, tenho pouco tempo. Ah, mas vamos conversar.
Speaker:Se foi em inglês, tudo bem. Não, e era italiano. Ah, italiano.
Speaker:E na próxima vamos conversar.
Speaker:E aí vem aquela síndrome da impostora, né? Tipo assim, como que eu vou falar com alguém italiano se eu não sei falar italiano?
Speaker:Meu Deus, essa ela é louca. Aí eu comecei a desmarcar.
Speaker:Falei, eu tive um problema no trabalho, podemos falar segunda-feira?
Speaker:E aí ela falou, ah não, tudo bem.
Speaker:E aí na segunda-feira ela, ah então vamos falar e tal. Aí eu falei, meu Deus. Aí eu falei, tá bom, deixa eu me livrar logo disso assim, mas eu...
Speaker:Sabe, tipo... Eu não queria aquilo por medo de não saber e tudo.
Speaker:E aí eu fui falar com ela. E eu falo um pouquinho de espanhol. Fiz um tempo aula de espanhol.
Speaker:E eu até brinco que numa mesma caixinha não cabe italiano e espanhol, porque é muito parecido.
Speaker:Então, tipo, você fala uma coisa de espanhol e você vai querer falar italiano e vem um espanhol na cabeça.
Speaker:E aí eu falando com ela, eu tentava falar um pouco mais rápido, aí vinha uns entonces, uns espanhol no meio, assim.
Speaker:E eu morrendo de vergonha, falei gente, ela deve estar falando horrível e tudo.
Speaker:E aí beleza, no final da entrevista ela falou assim, ah não, tudo bem e tal, a gente entra em contato.
Speaker:E aí no outro dia ela já falou, aí me passa o seu celular porque o diretor da empresa vai falar com você.
Speaker:Eu falei, meu Deus do céu.
Speaker:Aí eu como pode? Porque eu falei, tá bom né. E eu tava assim, levando muito tipo, deixa eu viver essa experiência da entrevista, sabe?
Speaker:Aquela coisa assim, aí eu vou fazer entrevista pra ver como é que é e tudo.
Speaker:Com zero expectativo de trabalhar, de passar, de o que que seja.
Speaker:E aí o diretor me ligou no telefone e falou uma língua que você não conhece, é muito pior.
Speaker:Sim, telefone é o pior.
Speaker:Ele falava e aí eu, ah, o quê? Desculpa. E aí ele repetia, você pode fazer uma entrevista presencial?
Speaker:E eu falei, tá bom, pode ser. E aí, vamos lá, todo respira, coragem, vamos lá.
Speaker:E aí eu fui pra entrevista, eu fiquei três horas conversando com ele.
Speaker:Depois o ministro até me mandou uma mensagem, falou, tá viva, tá tudo bem.
Speaker:Aí eu, não, tá tudo bem.
Speaker:E assim, ele falou comigo italiano, eu entendo muito, assim, muito bem,
Speaker:assim, não 100%, mas eu entendo o que tá sendo passado.
Speaker:E ele me explicou, basicamente, da empresa e tudo. E aí eu, tipo, curtindo aquela experiência de, ai, que legal, entrevista e tal.
Speaker:E aí no final ele falou, ah, eu quero te fazer uma proposta.
Speaker:Como assim? Óbvio, eu falei um pouco do que eu já tinha feito e tudo. Eu senti que ele gostou
Speaker:muito da minha experiência como pré-venda, porque agora eu sei que o fato de eu ser mulher também,
Speaker:pesou, porque ele falou que é muito difícil encontrar mulheres trabalhando na área técnica,
Speaker:Então, tipo, eu gostei de ter...
Speaker:Eu gosto de ter mulheres na equipe.
Speaker:Então, tipo, ele gostou muito disso.
Speaker:E falou, vamos trabalhar aqui, a proposta é um contrato já indeterminado.
Speaker:E eu, assim, gente do céu.
Speaker:E aí fez a proposta, inclusive uma das partes da proposta que me chamou muita atenção,
Speaker:que eles davam um carro.
Speaker:E eu, assim, eu falei, carro? Tipo, até perguntei pros seus, eu tava entendendo direito italiano.
Speaker:Basicamente, aqueles aluguéis e tudo.
Speaker:Eu falei, nossa, que demais, porque eu não tava nem gostando de ter carro aqui,
Speaker:faz diferença, né, pra você viajar, conhecer.
Speaker:Aí eu já comecei a pensar com carinho, assim. Aí ele, ai, tal, me explicou da equipe, parecia legal.
Speaker:Isso foi final de outubro. E eu falei, tá bom.
Speaker:E eu lembro até hoje que eu vinha, assim, no ônibus pensando sobre essa possibilidade, né, de trabalhar aqui.
Speaker:Eu comecei a pesar algumas coisas, assim.
Speaker:Primeiro, eu tava sentindo muita falta de trabalhar presencial,
Speaker:de ver pessoas, de ter contato com pessoas que não aguentavam mais pra ficar de pijama, trabalhando em casa, porque eu tava desde a pandemia, basicamente.
Speaker:Eu sinto muita falta de ter contato com gente.
Speaker:E outra coisa é viver a experiência inteira da Itália, porque eu não tava vivendo, eu,
Speaker:tava só de férias, tava, óbvio, pegando a parte burocrática, mas não tava trabalhando,
Speaker:vendo como é que é realmente ser imerso aqui na cultura italiana.
Speaker:Sem contar que eu ia melhorar meu italiano, tudo que eu perguntei pra ele, eu falei, mas,
Speaker:eu não sei falar tão bem italiano e ele falou assim, mas você fala muito bem, eu consigo te entender, eu acho que você vai melhorar bastante.
Speaker:Ele falou, tem alguém, a gente tem um iraniano na equipe que só fala inglês e nem quer aprender italiano,
Speaker:e aí eu falei pra ele assim, mas e aí, como é que ele trabalha com o cliente?
Speaker:Ele falou, não, ele quase não tem muito contato com o cliente, ele trabalha tecnicamente e internamente
Speaker:aí eu falei, ah, beleza, aí eu comecei a me sentir mais tranquila assim, pra começar,
Speaker:E aí eu comecei com Vinícius, assim...
Speaker:Falei, cara, acho que eu vou topar essa oportunidade pra eu viver o agora, tudo, ver como é que é.
Speaker:E aí, eu falei, beleza, eu vou aceitar.
Speaker:Com dó no meu coração, porque eu gostava muito da empresa que eu trabalhava.
Speaker:E aí, resolvi aceitar e quando eu perguntei pra isso, foi uma coisa que eu achei indiferente também.
Speaker:Não sei como que é pra você, mas quando eu falei assim, tá, quando que eu começo?
Speaker:Porque a gente está acostumado que no Brasil é assim, né?
Speaker:Hoje! Então foi que vem. Ele falou assim, olha, eu não estou com pressa.
Speaker:Fique tranquilo aí se você quiser começar. Isso era final de outubro.
Speaker:Se você quiser começar em novembro, eu fico feliz. Se você quiser começar em dezembro, se você quiser começar em janeiro,
Speaker:no novo ano, não é eu assim, meu Deus.
Speaker:E aí eu falei, tá bom. Aí ele falou, vê, o que é que é melhor pra você?
Speaker:E aí como eu também não queria deixar a minha outra empresa na mão,
Speaker:eu conversei com eles e decidi começar em janeiro.
Speaker:Primeiro, passando quase dois meses fazendo um repasse das coisas.
Speaker:Só que é engraçado que ele falou assim mais, quando eu falei que eu aceitava, ele ficou,
Speaker:super feliz, ele pegou e falou, vai ter um happy hour aqui do trabalho, eu gostaria muito que você fosse.
Speaker:Isso em novembro, tipo, eu tinha acabado de aceitar a proposta.
Speaker:E eu queria que você fosse com seu marido, eu vou buscar vocês em casa e tal, eu falei.
Speaker:Nossa senhora, eu até falava com a Luana, vou te matar, tá muito bom fazer verdade do trabalho.
Speaker:E aí ele veio, buscou a gente, a gente conheceu o pessoal, muito gente boa, assim.
Speaker:Eu trabalho numa empresa que nasceu de data center, fazer meio que cloud privada,
Speaker:só que eles têm uma área agora de projetos que é pra cloud pública.
Speaker:Essa equipe não é tão grande, eu trabalho com dez pessoas, que é uma vendedora e o resto é tudo técnico,
Speaker:mas são técnicos que fazem a pré-venda, que desenham o projeto e que entregam ele e isso dá uma sustentação.
Speaker:Então a mesma equipe faz tudo.
Speaker:Conheci o pessoal muito, gente boa. Aí teve a festa da empresa do final de ano, eles me chamaram pra festa da empresa do final de ano.
Speaker:Teve um coquetel em Milão com a AWS, eles me chamaram pra esse coquetel,
Speaker:só que eu tava viajando de férias e acabei não indo.
Speaker:Mas assim, eu comecei a achar demais, eu falei, gente, a empresa é só alegria, né?
Speaker:É só festa, trabalho, e o ano tinha começado.
Speaker:E aí, eu fiquei muito legal, e aí eu comecei, não tem muito tempo,
Speaker:foi em início agora de janeiro, mas eu tô tipo, tô indo todo dia pro trabalho porque não é obrigado, tá híbrido, se eu quiser trabalhar de casa eu posso trabalhar,
Speaker:mas eu quero ter esse contato, eu também tô conhecendo, quero ver como é que é o dia a dia e tudo, então eu tô indo todo dia trabalhar é...
Speaker:Caiu do... saiu o meu permesso nesse período, porque sem esse permesso eu não conseguiria trabalhar,
Speaker:eu precisava desse permesso pra poder conseguir trabalhar aqui E comecei a trabalhar e tô adorando, né?
Speaker:Tá o primeiro mês e assim, o que eu posso dizer?
Speaker:O pessoal é muito tranquilo.
Speaker:Eu acho que, pelo menos quando eu trabalhava no Brasil, era um ritmo muito acelerado,
Speaker:de muita coisa, de muito trabalho, de muita correria.
Speaker:De ter aquela sensação que você tem que trabalhar muito, se matar, virar noites.
Speaker:É isso aí que é trabalhar, é isso aí que dá o seu melhor e tudo.
Speaker:E aqui eu já vi que não, tipo, eles querem curtir a vida.
Speaker:O trabalho é uma... É algo junto com a sua vida que você tem que aproveitar,
Speaker:assim, não é só trabalhar.
Speaker:Então, tipo, eles dão muito valor pra... Cinco da tarde, vai embora pra sua casa.
Speaker:Final de semana, você não trabalha.
Speaker:Nessas vezes que eu fiz esses encontros com eles, das festas,
Speaker:uma coisa que eu percebi, eles não falam de trabalho, nada, eles nem tocaram trabalho,
Speaker:só falavam de coisas da vida, sabe? Eu falei, caraca, quando eu saí lá no Brasil com meus colegas de
Speaker:se eu ficasse com um projeto tal, cliente tal, não sei o quê.
Speaker:E aqui não, eles não falam.
Speaker:Que acabou o trabalho, acabou o trabalho. Isso eu achei bem legal.
Speaker:Quando eu comentei pra ele que eu tinha tido burnout na entrevista, ele falou,
Speaker:não se preocupe, cinco da tarde você vai estar com seus cachorros curtindo, aproveitando.
Speaker:Conversando com o pessoal do trabalho, eles falaram que não é toda empresa que é assim,
Speaker:tem empresa aqui que é mais pauleira, mas que o nosso gestor gosta de ser tranquilo,
Speaker:de deixar as pessoas à vontade, não querer matar todo mundo de trabalhar.
Speaker:Eu acho que a equipe é grande por a quantidade de demanda, por isso eu acho que ninguém fica muito sobrecarregado.
Speaker:Eu percebi isso, pelo menos na maioria dos lugares que eu trabalhei, não por maldade da empresa,
Speaker:mas sempre tinha muito mais demanda do que gente para entregar.
Speaker:Eu acho que por isso que era aquela vibe alucinada de trabalhar, de virar a noite.
Speaker:E aí aqui não, aqui é muito tranquilo, eu tenho até que ficar meio que me olhando,
Speaker:assim, pra não relaxar demais, assim, sabe?
Speaker:Tipo, cara, eu tenho que fazer isso aqui.
Speaker:Ah não, vou fazer amanhã, já é, cinco da tarde. Vou fazer amanhã e eu, tipo, tô tranquila.
Speaker:Se fosse anteriormente eu ficava, meu Deus, a noite, ai, vão me cobrar, não sei o quê, e aqui não.
Speaker:Não, faça no seu tempo, quanto tempo que você precisa para fazer isso.
Speaker:Então isso foi uma diferença muito grande que eu vi.
Speaker:Uma outra coisa, falando tecnicamente, é que, pelo menos lá onde eu trabalho,
Speaker:eles são muito certinhos no sentido de fazer tudo com boas práticas.
Speaker:Então, por exemplo, eles usam terraforme para subir tudo, Tudo via terraform para poder fazer a parte de gestão da infraestrutura.
Speaker:O que no Brasil eu ainda não tinha visto isso, pelo menos os clientes que eu trabalhei, assim,
Speaker:tudo era muito já fazendo manual, as iniciativas de fazer a parte mais automatizada,
Speaker:eram mais os projetos novos ou coisas muito pequenas.
Speaker:E aqui não, eles seguem as boas práticas, tudo com segurança,
Speaker:tudo criptografado, tudo bonitinho. Eu achei isso muito legal, porque...
Speaker:É seguir as boas práticas, mas eu acho que um pouco é porque eles têm tempo de fazer um negócio bem feio, de ponta a ponta.
Speaker:Então essa é a parte que eu tô gostando muito, porque tá fazendo eu aprender coisas que no Brasil eu não tinha tempo,
Speaker:não conseguia fazer, aprender, estudar, porque eu tava no ritmo que era só reunião o dia inteiro,
Speaker:reunião, reunião, reunião, e aí o trabalho eu fazia fora do horário.
Speaker:O trabalho não, quer dizer, o estudo ou qualquer coisa que eu tinha que aprender para o trabalho era fora do horário.
Speaker:E aqui não, tipo, você tem o seu tempo para estudar e tudo, eu estou conseguindo fazer,
Speaker:isso. E o que tu vê de diferença, assim, acho que essa questão de trabalho, vamos dizer, cadenciado, é muito comum.
Speaker:Eu ouvi hoje no podcast, né, das pessoas que estão trabalhando fora do Brasil, principalmente,
Speaker:quando a gente pensa em São Paulo e também o Rio, né.
Speaker:Agora, o que você está sentindo nesse ter um mês? Então, está muito fresco na cabeça.
Speaker:O que você está sentindo diferente? Você tem que falar que precisa mudar o comportamento nisso aqui,
Speaker:porque a equipe é diferente.
Speaker:Mais do que relaxar e não ficar trabalhando fora ou falando sobre o trabalho nas festas.
Speaker:Algumas coisas futuras, né? Teve uma coisa engraçada. O pessoal normalmente come lá no trabalho.
Speaker:Então tem os micro-ondas, as coisas.
Speaker:E aqui a Itália tem uma cultura muito grande de comida, né? Tipo assim, é um momento sagrado você comer.
Speaker:Então assim, existem muitas coisas relacionadas à parte de comida.
Speaker:Por exemplo, tem umas regras assim, que é engraçado, que não fazem sentido, mas eles seguem.
Speaker:Por exemplo, eles falam que você não pode pedir um cappuccino depois das duas da tarde.
Speaker:Ah, sem essas faradas, sem.
Speaker:Por quê? Mas por que você vai pedir um caputino depois das duas da tarde?
Speaker:Porque eu quero um caputino.
Speaker:É, tipo assim, nos lugares turísticos, você pede, obviamente, mas tipo, você vai naquele lugarzinho do tiozinho antigo e tal, você vai pedir e o cara fala
Speaker:não, não vou te servir. E aí eles falam mesmo, não tem ideia.
Speaker:Então, tipo, tem isso. Aí, na primeira semana que eu tava trabalhando,
Speaker:Primeiros dias eu não levei comida, saí com o pessoal, tinha algumas pessoas que saem,
Speaker:saí pra comer e tudo, e aí depois eu comecei a levar comida.
Speaker:E aí teve um dia que eu saí, eu peguei minhas coisas pra comer,
Speaker:não esperei o pessoal, não sei, eles estavam ocupados, e eu comecei a comer a marmita, botei meu fone e fui assistir um vídeo.
Speaker:Nem lembro ao Netflix que coisa que era.
Speaker:E aí o meu colega passou falando, mas que coisa, que que você tá fazendo?
Speaker:Aí eu olhei tipo assim meio assustada, eu falei, por que?
Speaker:Por que você tá comendo e assistindo vídeo? Você é algum americano por um acaso?
Speaker:E eu assim, porque? Não, isso é americano demais, não faça isso, larga esse telefone, vem comer com a gente.
Speaker:E eu fiquei assim meio em choque, com a reação dele, porque eu tava assistindo um vídeo,
Speaker:enquanto eu comia, tipo, prélias assim, é uma... não faz sentido, sabe? Você tem que
Speaker:interagir, você tem que cultuar aquele momento de se alimentar.
Speaker:É, o teu almoço lá, e tal, todo mundo junto... Sim, conversa, brinca. Tem um pebolim lá dentro do
Speaker:trabalho, eles fazem... eles adoram, depois do almoço eles vão jogar pebolim, eles,
Speaker:fizeram campeonato de pebolim. Um colega meu falou, eu falei que o meu ele tinha o Nintendo Switch, ele falou, ah, traz o Nintendo Switch pra gente jogar depois do almoço
Speaker:ele me mandou mensagem hoje, inclusive, Luana, traz o videogame, eu levei, a gente ficou jogando depois do almoço,
Speaker:mas não, nunca reclamaram não de falar assim muito, eles falam pra cara em lumba também
Speaker:eles falavam que a gente ia pro restaurante e demorava duas horas porque a gente mais falava do que comia, sabe?
Speaker:E é assim também, café. Começou a trabalhar.
Speaker:Bom dia, vamos tomar um café? Aí conversa, conversa, conversa.
Speaker:Depois volta para trabalhar. Trabalha um pouquinho.
Speaker:Almoço depois. Mais um café? Então eles gostam bastante de falar e de interação.
Speaker:Pelo menos lá onde eu trabalho.
Speaker:E a galera é bem receptiva. Eu estou gostando. Não senti nenhum tipo de preconceito, de maus tratos, de forma nenhuma.
Speaker:Eles são muito curiosos, assim, eu falo, né, obviamente, bastante coisa errada, mas,
Speaker:tento falar e eu percebo que eles ficam prestando bastante atenção, assim, tipo, ah, não,
Speaker:mas tipo, não entendi, pode repetir e eles tentam se fazer, tipo, entender o que eu tô
Speaker:falando e eles me perguntaram, assim, se sente mal de ser a gente que te corrigiu, eu falei
Speaker:não, por favor, porque daí eu vou aprendendo mais e eles vão me corrigindo também, isso
Speaker:Eu acho bem interessante, eles são bem carinhosos, eles são curiosos das palavras, meu chefe,
Speaker:fala saudade, ele fala saudade, de vez em quando ele fica falando saudade, então ele
Speaker:fica prestando atenção nas palavras, é muito interessante.
Speaker:Algumas coisas, por exemplo, da língua é engraçado, aí eu ensino algumas coisas pra ele, por exemplo...
Speaker:Caceto aqui, é gaveta. E aí eles falam, e colocar e meter, né?
Speaker:E eles falam, meter no caceto.
Speaker:Aí eu, eu tipo, eu fico só um pouco esquisito pra gente, né?
Speaker:E aí eu falei pra eles, ah, você sabe o que é um caceto no Brasil?
Speaker:Eu expliquei, meu Deus!
Speaker:Mas tem mais palavras assim, né? Tem, tem bastante palavra que é parecida.
Speaker:Mas é isso, eu estou curtindo bastante a vida.
Speaker:Que bom. Então, quase um mês, a equipe está sendo legal, a qualidade de vida melhorou e não,
Speaker:bateu arrependimento de ter deixado a equipe anterior, porque é sempre difícil sair de
Speaker:empresa que você gosta.
Speaker:Olha, tem algumas coisas que eu sinto falta, que é assim, a empresa que eu estou trabalhando
Speaker:ela trabalha com pequenas e médias empresas, então trabalha bastante empresa de e-commerce,
Speaker:Que já é meio que aquele pacotinho fechado ali, né? O Argento e não sei o quê,
Speaker:Então tipo, as outras empresas que eu tava trabalhando Eram empresas um pouco maiores e mais diferentes, assim, sobre os sistemas que tratavam.
Speaker:Então os clientes que eu tava trabalhando antes eram maiores Então eu acho que também tem isso, sabe? No peso da cobrança, tudo,
Speaker:Então aqui os clientes são menores um pouco,
Speaker:E aí eu sinto falta um pouco de pegar os meus amigos Não de pé, porque eu nem tive tempo, mas eu já vi por alto que tem algumas arquiteturas
Speaker:que não são tão complexas, como vinha às vezes umas coisas muito loucas para trabalhar.
Speaker:Isso me deixou um pouco triste, mas eu sempre tento ver o lado bom das coisas e eu tentei
Speaker:ver como, cara, mas é bom que com essa tranquilidade eu consigo estudar mais a parte de infraestrutura
Speaker:como código. Eu quero muito... Ah, isso é uma coisa interessante. Eu queria migrar
Speaker:para a área de analytics, como eu vinha de banco e tudo. Agora com o conhecimento de
Speaker:nuvem conheço já um pouco assim dos serviços
Speaker:Eu quero me especializar, eu sinto falta um pouco de me especializar.
Speaker:E aí eu falei, ah, quero trabalhar como data analytics, com a parte de data analytics.
Speaker:E na entrevista, como eu não estava sem nenhuma vontade de mudar de emprego nem nada,
Speaker:aí eu comecei a botar um perfil, vamos dizer assim.
Speaker:E eu falei pra ele assim, ah, então, mas eu estou pra mudar pra área de analytics,
Speaker:eu já tinha conversado com o meu chefe e tudo, ele falou assim, olha, a gente não tem nenhuma...
Speaker:A gente não tem nenhuma oportunidade agora de analytics, mas a gente pode construir junto essa área, você me ajuda.
Speaker:A gente tem bastante cliente que é nosso parceiro, a gente pode fazer um projeto de graça pra ele,
Speaker:pra gente ter um case, e a gente evolui nisso.
Speaker:E eu falei, nossa, que legal, ele parecia bem aberto. Aí eu pensei assim...
Speaker:Será que isso é, tipo, blá, blá, blá pra me chamar, pra trabalhar? Sim.
Speaker:Quando eu tava no... Eu não tinha nem começado, ele mandou uma mensagem,
Speaker:Luana, você já trabalhou com seis maker?
Speaker:Luana, você já trabalhou com as coisas de analytics? Eu acho que a gente está em uma oportunidade aqui e tal.
Speaker:E aí eu falei, nossa, que legal. E aí eu cheguei na empresa e falei, e agora?
Speaker:O que eu faço? O que tem que fazer?
Speaker:Ele falou, Luana, estuda o data analytics.
Speaker:Eu já marquei uma reunião com um parceiro, um conhecido de uma empresa que trabalhava com a parte de BI,
Speaker:só a parte meio de visualização.
Speaker:Vamos conversar com eles pra gente tentar fazer meio que uma parceria.
Speaker:A gente entra com essa parte de engenharia de dados, de fazer ingestão de dados, tratamentos,
Speaker:e eles entram com a parte de visualização e a gente tenta meio que fechar um pacote e vender
Speaker:meio com o serviço junto. E aí eu falei, cara, é verdade mesmo, assim. E ele falou, ó, faz esse curso de IoT e tal.
Speaker:Aí começou que teve um kickoff agora no janeiro da empresa e no kickoff apresentando a equipe, tipo,
Speaker:quais são as metas de 2023, ele falou, uma das nossas metas é a gente vai explorar a parte de analíticas com a Luana.
Speaker:Eu falei, meu Deus. E toda a empresa me olhando, então analíticas a gente vai falar com a Luana.
Speaker:Meu Deus, nós estamos estudando. E tipo assim, é para acontecer.
Speaker:Ele está puxando, já fizemos reuniões, então achei muito interessante isso,
Speaker:sabe, que não foi não foi papo furado não para me conquistar na entrevista.
Speaker:Tá rolando mesmo.
Speaker:Teve uma coisa engraçada, a gente faz uma reunião semanal das demandas, né? E aí?
Speaker:Eu fiquei impressionada ao quanto que vocês seguem as boas práticas,
Speaker:o quanto que vocês fazem tudo automatizado, com terra forma e tudo.
Speaker:Isso é muito legal. Dos clientes que eu passei no Brasil, não teve nenhum cliente que eu vi que ele era 100%,
Speaker:trabalhando com automação e tudo de infraestrutura.
Speaker:E aí um colega meu falou assim, é porque a gente não gosta de trabalhar. Eu rito. Como assim?
Speaker:Claro que se a gente quisesse trabalhar a gente fazia manual.
Speaker:Eu não quero ficar trabalhando não, quero ir embora pra casa.
Speaker:Então a gente automatiza, não é porque a gente... É porque a gente não gosta de trabalhar mesmo não.
Speaker:Então a gente já deixa o negócio mais fácil pra não ter trabalho, por exemplo.
Speaker:É mais fácil pro futuro, né? Exato.
Speaker:E eu sinto um pouco isso, sabe? Eu acho que... E eu acho que é uma quebra de paradigma pra gente, assim.
Speaker:Porque eu acho que a gente tem muito essa criação de ter que trabalhar,
Speaker:ter que se matar de trabalhar, ter que não sei o quê.
Speaker:E eles dizem que vão fazer da melhor forma para trabalhar pouco e curtir a vida.
Speaker:Isso é uma coisa que eu estou colocando aos poucos, não está ainda enraizado na minha cabeça.
Speaker:Mas o que você sente?
Speaker:Eu sinto que eu sou uma vagabunda, não estou trabalhando tanto.
Speaker:Você acha que não está fazendo o suficiente? Se eu não estiver me matando, virando a noite, eu sinto que não estou trabalhando o suficiente.
Speaker:Eu acho que mudar essa mentalidade é muito difícil.
Speaker:A minha psicóloga até falava pra mim, Luana, você saiu do Brasil, mas o Brasil não saiu de você.
Speaker:No Brasil existe muito essa cultuação de você ter que se matar de trabalhar.
Speaker:E aqui na Europa, ela mora em Israel, aqui na Europa não é assim.
Speaker:E a gente tem que mudar isso no Brasil. A gente não pode achar que tem que se matar de trabalhar,
Speaker:que não é real isso, sabe? é a nossa vida que está rolando e a gente está deixando de viver.
Speaker:Mas eu estou falando assim, mas dentro de mim ainda não está processado.
Speaker:Quando você estava no Brasil, você sentia isso também ou só era normal o teu ritmo?
Speaker:Não, eu trabalhava mais do que normal. Não, tu sentia?
Speaker:Porque uma coisa é, algumas pessoas contam que quando chegaram, começaram a morar fora,
Speaker:começaram a perceber que trabalhavam muito mais do que deveria, porque viam que as pessoas
Speaker:iam embora ou falavam assim, ó, tá bom, tu não precisa ficar até tarde, vira a noite.
Speaker:Falam que nunca sentiram isso no Brasil, sabe? Só tava no meio desse ambiente passando.
Speaker:Eu acho que eu achava normal. Acho que sim. Acho que a gente olha pro lado e tá todo
Speaker:mundo fazendo a mesma coisa, né? Então tipo, aquele virou padrão pra gente, aquilo que,
Speaker:a gente acha que é o que tem que ser feito. E se você vê alguém trabalhando normal,
Speaker:o horário normal e vai embora, você olha assim...
Speaker:Você não quer tudo, como é que está desmotivado? Eu detestava essa brincadeira.
Speaker:Eu detestava, mas é... Sim, no Brasil eu detestava isso.
Speaker:Mas por que? Como que era você assim, trabalhando?
Speaker:Assim, é difícil comparar porque eu sempre trabalhei em empresas legais.
Speaker:Eu trabalhei em uma que eu não gostei muito, Então depois eu fazia uma investigação pesada antes de mudar.
Speaker:Ah, é? Não tinha. Mas eu sempre entrei muito cedo quando ia para São Paulo,
Speaker:porque eu pegava fretado de Santos de São Paulo.
Speaker:Então eu chegava cedo e teria que sair cedo. E às vezes tinha piada dessas.
Speaker:O pessoal chega tarde, né? Normalmente. Exato. O pessoal chegava às dez e aí eu estava saindo às cinco.
Speaker:Algumas pessoas falavam isso assim.
Speaker:Por mais que é brincadeira, eu acho que...
Speaker:Que isso faz parte da cultura, sabe? Eu sempre achei que, por mais que a pessoa falasse assim...
Speaker:Uma brincadeira com fundo de verdade.
Speaker:Uma brincadeira com indireta.
Speaker:Eu não sei se as pessoas entendiam isso, porque eu era um colega de trabalho,
Speaker:certeza que não estava fazendo como forma de me prejudicar.
Speaker:Era mais uma brincadeira.
Speaker:Mas eu acho que essa brincadeira era algo que, no fundo, as pessoas pensavam.
Speaker:Não estava tentando me prejudicar para falar se estava saindo cedo,
Speaker:porque era um colega de trabalho, a gente tinha feedback junto,
Speaker:a gente tinha que avaliar um ou outro.
Speaker:Eu sabia que eles me avaliavam alto, Então, gostava do meu trabalho.
Speaker:Nunca apareceu isso quando era coisa mais séria. Mas eu acho que...
Speaker:Acho que tem tipo de brincadeiras que a gente faz que é porque a gente acredita um pouco nisso.
Speaker:A gente está exagerando, errando disso, mas a pessoa acreditava mesmo que tinha que trabalhar.
Speaker:Até tarde, né? De ficar pensando, sabe? Então, é como eu enxergava isso na época.
Speaker:E realmente eu fui ter mais certeza morando fora quando...
Speaker:Poucas semanas de trabalho, a gestora perguntou porque eu não tinha tirado férias ainda.
Speaker:Tem uns dias, vai ter ferrado na quinta-feira. E aí eles falaram, por que tu não tirou ainda?
Speaker:Isso me fez lembrar das férias também, que foi uma outra que eu fiquei meio de cara,
Speaker:assim, porque quando a hora que ele tava falando das férias, ele falou, não, aí são 30 dias úteis de férias.
Speaker:Aí eu falei assim, como assim úteis? É muita coisa. É, eu falei assim, como assim úteis?
Speaker:Eu achei que tem 22 dias úteis, ou 20.
Speaker:E eu já acho bastante, né? 30 dias úteis.
Speaker:Eu falei assim, mas peraí, vamos, peraí, deixa eu ver se eu entendi.
Speaker:No meu medo de não entender o italiano.
Speaker:Se eu entro o dia 1º de férias e volto o dia 30, ele falou, não.
Speaker:Tipo, você entra o dia 1º, dá quase duas semanas a mais, alguma coisa assim.
Speaker:E aí eu falei, mas e o final de semana? Ele falou, mas você não trabalha o final de semana.
Speaker:Por que você vai tirar férias o final de semana? Eu falei, não.
Speaker:Quero trabalhar. E outra coisa aqui também é que você não precisa fazer um ano,
Speaker:para tirar férias. Meio que a cada mês, você tem dois dias, eu acho.
Speaker:Sim, eu tive esse lembrete depois de um mês e meio. Tipo, falou, vai ter feriado, você não marcou férias?
Speaker:Aí eu fiquei meio, eu posso marcar férias?
Speaker:Falei, pode e deve, porque vai ter o feriado, não vai ter ninguém aqui e é melhor você tirar.
Speaker:É, é louco demais isso. E aí, tipo, tanto que eu tenho umas férias em maio agora e eu falei pra ele,
Speaker:eu falei, meu irmão veio pra casa e ele disse, não se preocupe.
Speaker:Tipo, você ainda não vai... Mas algum tipo de vergonha, né?
Speaker:Nas primeiras, você acabou de entrar, eu também senti.
Speaker:Muito, e eu sou muito assim, eu tenho sempre muito aquela sensação de que eu não sou bociciente,
Speaker:Aquela assim, por que eu tô fazendo aqui? Eu não sei nem falar italiano, não sei o que.
Speaker:E aí, imagina, eu me sinto péssima assim. Aí ele falou assim, não se preocupe.
Speaker:Aí ele falou, você já poderia usar vários dias. Óbvio que você não vai tendo os 30, mas você deixa aí de crédito,
Speaker:não tem problema nenhum, não é de dívida. E nos outros meses você compensa, isso é uma coisa bem legal.
Speaker:Uma outra coisa que eu fiquei muito em choque aqui na Itália é que agosto para tudo.
Speaker:Sim, mas eu acho que isso é geral.
Speaker:Gente! Eu trabalhei no e-commerce e eram duas datas. Agosto pelas férias e aí você tem Black Friday,
Speaker:que também não pode fazer nada.
Speaker:Eram duas datas que a gente sabia que... Sim, eu até gosto porque eu não tiro todas as minhas férias em agosto.
Speaker:Acho que o pessoal tem muito mais a cultura de sol.
Speaker:Então tem que aproveitar o máximo. Eu gosto, eu até gosto, falam que minha cabeça mudou e hoje eu tô tirando...
Speaker:Ontem, hoje no almoço na verdade, tá tirando foto de flores, sabe?
Speaker:Nunca no Brasil eu fico tirando foto de flores, mas tipo é...
Speaker:Agora é mágico, né? A flor apareceu, tá aquela árvore triste, então...
Speaker:É, é uma coisa... um pouquinho, mas não é a mesma coisa que eles, né?
Speaker:É. Não, isso é uma coisa também que eu achei muito legal. Tipo, a gente não tem as quatro estações B definidas no Brasil, né?
Speaker:E eu que sou de Macapá é pior ainda, que só tem sol e chuva.
Speaker:Não tem nem frio, assim.
Speaker:E é muito legal você ver essa divisão, né? Tipo, o outono certinho, o verão e tudo.
Speaker:Isso foi uma outra coisa que pesou pra mim, pra eu me decidir, é que tipo...
Speaker:No verão eu cheguei, a gente chegou mais ou menos primavera-verão.
Speaker:O sol ficava até 9 da noite, assim, tipo 9 da noite eu trabalhando tava sol.
Speaker:E aí no inverno, dá 4 da tarde tá escuro.
Speaker:E isso começou a pesar muito pra mim, porque eu ficava trabalhando até 10, 11 da noite,
Speaker:imagina, dava 5 da tarde tava tudo escuro.
Speaker:Eu tinha aquela sensação do tipo, eu quero dormir, já tá na hora de não trabalhar mais, assim,
Speaker:e começou, isso foi um dos fatores que pesou muito pra mim também, assim, sabe?
Speaker:A diferença do horário com a escuridão começou a pesar muito pra mim,
Speaker:Tipo, cara, não depressão, mas uma tristeza, assim, sabe?
Speaker:De ficar trabalhando com tudo escuro.
Speaker:E isso é uma coisa que tá me fazendo muito bem, assim. Acordar e ir trabalhar, que eu tô amando.
Speaker:É... Ir trabalhar, pegar a metrô, ver as pessoas na rua, ouvir, ver como é que é o dia a dia daqui.
Speaker:E voltar do trabalho, tipo, com meio, tipo, ainda são 8 da noite.
Speaker:Nossa, que maravilhoso. Não é meia-noite, assim, sabe?
Speaker:Então isso pesou muito pra mim também.
Speaker:Essa diferença não deu pra... Isso vai melhorar, né? Porque agora o dia começa a ser mais longo, né?
Speaker:A gente vai partindo pra aumentar.
Speaker:O Ferra-Agosto, não sei se chama Ferra-Agosto ou as Ferras de Agosto aqui, que tem um feriado,
Speaker:que chama Ferra-Agosto, que é no dia do meu aniversário.
Speaker:Eu fiquei muito impressionada, porque tipo assim, como eu moro no norte, aqui não tem praia.
Speaker:Todo mundo em agosto vai para as férias na praia, que é para o sul.
Speaker:E a cidade fica vazia, você passa nos lugares tudo com plaquinha, fechado por férias.
Speaker:Tipo, o lugar fica fechado o mês inteiro, eu fico assim, impressionada.
Speaker:Tem um lugar que a gente adora comer bolo e aí o aniversário vai dizer,
Speaker:ah, vamos comprar o bolo lá.
Speaker:A gente foi lá perto do dia 15 de agosto, só abria no meio de setembro e tudo fechado.
Speaker:Tipo, tanto que os amigos até falam assim, eu acho que a gente vai ter que comprar comida para estocar,
Speaker:porque o supermercado fecha mais cedo, abre mais tarde.
Speaker:Eu fiquei muito impressionada com esse agosto deles aqui. Uma coisa para se acostumar.
Speaker:Sim, do lado positivo.
Speaker:É claro que enche o saco quando está tudo fechado, mas do mesmo jeito que a gente.
Speaker:Tem mais tempo livre, o pessoal também nos serviços.
Speaker:Eles têm que tirar férias também. Sim.
Speaker:Mas é esquisito tirar todo mundo da mesma época.
Speaker:É esquisito. Acho que aqui não é tão normal. Eu já vi aqui, eu moro no centro do Porto.
Speaker:Eu já vi isso acontecer no restaurante que a gente ia com frequência.
Speaker:Estava fechado, aí estava lá a placa que era férias e aí, sei lá,
Speaker:tipo 20 dias fechado.
Speaker:É, também não é verão, não foi no verão, não lembro de ver isso no verão.
Speaker:Sim, soa estranho porque tipo não é um restaurante tão pequeno. Eu fiquei tipo...
Speaker:O lucro, né? Tudo bem. Mas, sei lá, talvez o pessoal se programa.
Speaker:É, a gente está falando como é que eles se bancam.
Speaker:Mesmo que eles tenham fechado, gente. Não sei, provavelmente eles se programam para isso no ano.
Speaker:Eu acho legal, provavelmente se eu fosse funcionário eu estaria feliz de fazer.
Speaker:Eu tenho 13º e 14º, talvez seja isso.
Speaker:Aqui também. Eles têm esses salários armados para bancar.
Speaker:É, aqui também são 14 em Portugal, isso também eu acho bem legal.
Speaker:Aqui a gente pode escolher.
Speaker:Eu não sabia, mas estou em empresa nova e eu vi. É, você pode escolher se você recebe em 12 vezes.
Speaker:São 14 salários, mas nessa empresa que eu entrei agora, você podia optar por receber em 12 vezes.
Speaker:Sempre que vir o ano, você pode fazer. Então como eu entrei no começo do ano, no período que eu podia optar.
Speaker:Quer dizer, não entrei no final do ano passado, então eu peguei ainda a fase que eu poderia escolher.
Speaker:E eu achei isso legal. não vou até ver isso ainda. Eu também não sabia. Um ponto também que é bom falar,
Speaker:pra quem tá vindo pra Itália. Assim, o imposto é muito caro, né?
Speaker:Tchau, porra!
Speaker:Ou mais ou menos uns 40 e poucos por cento, quase 40% que eu teria que pagar de imposto,
Speaker:mas talvez o Vinícius até fale um pouco mais na frente,
Speaker:existe uma lei de insetivo para as pessoas virem para cá,
Speaker:provavelmente porque a população está ficando velha e tudo.
Speaker:A gente pensava que era porque o Vinícius tinha cidadania italiana e morou aqui um ano e depois estava voltando,
Speaker:Basicamente eu posso até ver depois mando pra te colocar como informação adicional,
Speaker:Existe essa lei que você tem 70% de desconto no seu imposto durante 5 anos, só que você
Speaker:precisa ficar pelo menos 2 anos aqui.
Speaker:Então tipo, já vem tirado de folha tipo desconto e aí você tem que ficar pelo menos
Speaker:2 anos e isso é valido por 5 anos.
Speaker:De cinco anos se você tiver um filho ou comprar um apartamento ele pode ser
Speaker:renovado é por mais cinco anos mas aí a 50% de desconto e cara é um desconto
Speaker:absurdo tipo o Vigêncio que pagaria 43% ele pagou 17% tipo assim é surreal então vale
Speaker:muito a pena dar uma olhada nisso e a gente pensava que era porque ele era cidadão italiano e tudo e a gente falou com a consultoria que ajudou ele nessa,
Speaker:questão e eles falaram que se aplicava a mim.
Speaker:Então eu fiquei tão feliz e aí eu falei beleza.
Speaker:E eu pensava que era porque era esposa dela. Falei não é tipo é meio que para incentivar as pessoas a virem.
Speaker:Não é porque necessariamente italiano.
Speaker:Então acho que fica a dica aí é bem legal. Será que é no mercado de TI ou não é geral?
Speaker:Eu acho que é geral porque eu lembro de ter visto a lei por alto e não estava,
Speaker:especificando que era de TI mas eu vou pegar direitinho vou passar e eu acho que,
Speaker:quem tiver interesse de vir para a Itália, tudo, dá uma pesquisada nisso para ver se vale a pena.
Speaker:Para ver se pode, na verdade que vale a pena, vale muito. É, sei.
Speaker:Você se inclui, né? Sim, Portugal também tem, mas são para determinadas profissões que eles chamam de...
Speaker:Não lembro o nome agora, mas...
Speaker:O pessoal de TI em geral entra nisso, mas tem mais profissões também.
Speaker:Então existe o desconto também temporário.
Speaker:Eu acho que são cinco anos, eu não lembro, mas acho que as pessoas é bom saber que existe, vocês conseguem agora partir daí no Google, né?
Speaker:Porque acho que faz a diferença a quando for pesar com certeza, escolher o não aqui, né? Faz muita diferença, porque.
Speaker:Nos primeiros meses eu paguei 100% até sair essa autorização e aí quando saiu eu olhei
Speaker:mesmo e falei nossa, é difícil é gigante ter um pequeno aumento no salário, a mordida
Speaker:ser menor do governo.
Speaker:Para mim inclusive é um detalhe dessa situação assim, eu era PJ no Brasil e mesmo convertendo
Speaker:e eu euro 5 e lá vai bolinha, pra proposta que eu tive aqui por conta do imposto, que,
Speaker:era muito alto, eu ia ganhar uns 700, 800 euros a menos. Por isso que foi uma decisão,
Speaker:tipo assim, e aí, eu quero mesmo topar, que ia ser um rombinho assim na despesa da casa,
Speaker:mas eu falei, cara, eu quero, eu acho que eu tenho que investir também, não dá pra
Speaker:começar e quero começar ganhando rios de dinheiro, eu não sei falar a língua, vou.
Speaker:Que que construi a minha carreira aqui, né? Igual como foi feito no Brasil.
Speaker:Só que eu dei a sorte de ter esse desconto e com desconto ficaria quase que elas por elas, basicamente elas por elas. Se eu considerar o carro
Speaker:e mais umas ajudas que eles dão de supermercado, de gasolina também pro carro.
Speaker:Então tipo aí eu ganho mais do que eu ganhava antes.
Speaker:Mas mas faz diferença esse desconto. Nossa senhora, a cidade é muito pet friendly também.
Speaker:Acabei não comentando muito, tipo o cachorro ele é permitido em todos os lugares, supermercado,
Speaker:restaurante e eles têm muito cachorro, eles amam cachorro, o pessoal até gosta mais de cachorro.
Speaker:Que de gente, mas você vai com cachorro pra todo lugar, eles dão comidinha, a gente vai pro mercado,
Speaker:eles dão biscoitinho pro cachorro, o lugar que não pode entrar cachorro é eles dizem que não pode,
Speaker:mas são raros assim, isso foi uma coisa também que pesou pra gente vir pra cá, porque é meio que
Speaker:ele tem mais vida assim sabe a gente anda de metrô com eles de trem com eles tranquilamente
Speaker:e nunca tinha problemas. É bastante plano também, né? Então, é fácil a gente caminhar.
Speaker:Exatamente.
Speaker:É legal. Então eu acho que...
Speaker:A pessoa fala muito de Milão mas eu achei Turim... Tem muito menos coisa para fazer mas eu achei Turim bem mais bonito.
Speaker:Não, não acho.
Speaker:Eu acho que aqui tem muito mais coisa para fazer. Vou até puxar aqui a sardinha para o meu lado.
Speaker:Cara, tem muita coisa turística para fazer aqui.
Speaker:Eu acho que você deve ter visto mas Turim foi a primeira capital da Itália depois da unificação porque a Itália era um monte de reino e tudo.
Speaker:E aí o Garibaldi e tal lutaram com... Era reino de Piemonte.
Speaker:Exatamente, do Renupia no Monte dos Savóia. E foi a primeira capital...
Speaker:Poucas coisas que eu lembro do museu que eu fui.
Speaker:Sim, sim.
Speaker:E aí foi a primeira capital. Então tem muita história aqui em Torino.
Speaker:Tem o Palácio Real. A realeza morava aqui, então tem o Palácio de Caça da Realeza, tem o Palácio Real.
Speaker:Tem o Museu do Automóvel, que é bem legal. Pra quem não sabe também, a Fiat é daqui de Torino.
Speaker:Fiat inclusive significa fábrica italiana de automóveis de Torino.
Speaker:A Nutella foi inventada aqui na região do Piemonte na época da Segunda Guerra Mundial porque não tinha chocolate era muito caro
Speaker:e aí eles tinham bastante avelã e eles inventaram a Nutella também.
Speaker:Cara tem muita coisa para fazer aqui de visitar. Tem o Museu Egípcio que é o maior museu de coisas do Egito fora do Egito.
Speaker:É, qualquer dia eu conto o que eu fiz lá, mas eu tive um problema.
Speaker:Vou contar na newsletter, provavelmente.
Speaker:Beleza. Alguém tocou o alarme do museu, ele estava muito tenso na época.
Speaker:Meu Deus do céu. Sim, sim. Eu estava lá sem internet.
Speaker:Caceta! Falando e o povo gritando italiano. Um dia eu vou contar mais.
Speaker:Tem algumas histórias de andando em Turin sem internet nos primeiros dias. Eu sou mó fã.
Speaker:Em Milão não tem tanto essas coisas pra fazer. Além de ter tanto museu que tem aqui, eles amam ter.
Speaker:O... Como que é aquele que fica lá do... Domo? Jesus. Não. O Fibonacci?
Speaker:Não. O... Meu Deus! O nome do negócio que embrulhou Jesus quando ele morreu.
Speaker:Ah! Santo Sudário.
Speaker:O Santo Sudário fica aqui em Torino. Fica numa... Eu só não vi.
Speaker:Sim. Mas na verdade, hoje em dia não é exposto. Tem só uma réplica, mas você vê onde ele tá guardado.
Speaker:Mas o Santo Sudário fica aqui também. Tem os Alpes aqui que é a coisa mais linda do mundo.
Speaker:Eu amo. Eu não sei se você visitou o Monte do Caputino, que você olha assim a cidade com os Alpes cheios de neve.
Speaker:Gente, é a coisa mais linda.
Speaker:Eu acho... Eu sou assim...
Speaker:Eu fico assim. Eu ando na rua assim... Ai, que cidade linda!
Speaker:É. Tem aquele museu também, não é, do Fibonacci?
Speaker:Fibonacci, que é aí? Ah, não. Ah, o museu do cinema. Aquele que é a Molantoneliana.
Speaker:Essa é outra que furou a Rofila.
Speaker:Cara de pau. É isso, exato, esse é outro lugar.
Speaker:Mas é bem bonito também. Bem bonito mesmo.
Speaker:Tem muita coisa para fazer, inclusive tem um cartãozinho que você pode comprar de turismo, paga 50 euros.
Speaker:E você pode visitar todos os museus durante um ano. Vale muito a pena.
Speaker:Nossa, tem muita coisa para fazer aqui.
Speaker:Quando eu vou para Milão... Eu acho que é bem mais bonito.
Speaker:Eu falo assim, vou para Milão, vou fazer o quê?
Speaker:Vou para Duomo, vou para o castelo e só.
Speaker:Que mais? Não sei, eu não lembro agora. Faz tempo essa viagem.
Speaker:Tem uns cinco anos, quatro.
Speaker:Mas eu lembro que eu tinha muito mais coisa porque eu tinha, eu tinha itinerado de locais.
Speaker:Então foi muito fácil. Eu tinha realmente um papel onde por aí, cada horário.
Speaker:E eu acho que Milão, talvez por ser maior e aí eu demorava mais, mas eu lembro que,
Speaker:eu precisei de muito mais tempo para fazer as coisas do que em Turino.
Speaker:Mas mesmo assim, acho que Turino foi o mais legal de longe. assim, tipo, arquitetura, as...
Speaker:As ruas... Você já foi pro sul assim, quando já visitou a Itália?
Speaker:Não, não, não. Tipo Roma que seja, no meio.
Speaker:Não, não conheço. Você não consegue comparar, né, porque também tem muito essa rixa assim, sabe?
Speaker:Igual tem no Brasil o pessoal do sudeste, com o nordeste.
Speaker:Nem é rixa assim, né, mas aqui é rixa mesmo. O pessoal do norte não gosta do pessoal do sul, o pessoal do sul não gosta do pessoal do norte.
Speaker:Sim, eu conheço pessoas dos dois lugares.
Speaker:Mas o que eu tenho que é meio unânime, apesar da rixa, todas as pessoas que
Speaker:conhecem do norte dizem que o sul é muito mais legal de morar.
Speaker:Fala assim, é muito mais pobre. Eles são mais afetuosos. É, eles falam que é muito mais...
Speaker:E eu também não sei, nunca fui, mas só refalando o que eles disseram, que é muito mais pobre,
Speaker:mas que é mais legal.
Speaker:Tipo, até falam, como turista deveria, que eu já fui duas vezes para Milão e uma para
Speaker:Turim, eu deveria ter ido para o sul no verão em vez de ter feito isso.
Speaker:A Cecília, a Puglia, gente, eu amo. Depois que eu comecei a pesquisar com carinho a Itália,
Speaker:eu fiquei impressionada, porque eu acho que aqui tem tudo. Aqui tem praias lindas, praia de areia,
Speaker:praia de pedra, tem as Cinque Terre, que é maravilhoso, que é aqui perto de Genova também.
Speaker:Tem neve, tem montanha, tem de tudo que você quiser, tem os campos da Toscana. É impressionante
Speaker:enquanto um país tão pequeno assim se comparado às proporções que a gente conhece do Brasil.
Speaker:Tipo acho que a Itália também da lagoas ou uma coisa assim maranhão.
Speaker:Acho que lhe chegou um maranhão.
Speaker:Mas é muito pequeno e tem uma diversidade enorme de paisagem de ambiente de cultura de lua.
Speaker:O formato acho que ajuda também a ter uma diversidade de clima a natureza igual o pouco do Brasil que vai de norte ao sul acho que ajuda
Speaker:bastante até uma mudança de clima bem grande.
Speaker:E mesmo a língua porque antigamente a língua italiana é uma língua muito nova.
Speaker:Foi criada depois da unificação 1860 e pouco.
Speaker:Então tipo eles tomaram lá o Dante Alighieri com o livro dele. Eu até esqueci.
Speaker:Ah sim do inferno. É isso exatamente. Aquilo foi uma referência para escrever a língua italiana e meio que tentar,
Speaker:unificar porque se não falava a mesma língua era complicado.
Speaker:E aí a gente tem os dialetos que na verdade não é o dialeto tipo como a gente tem no Brasil que é um fala uma tipo eu falo égua,
Speaker:no de lado de Macapá e do Pará.
Speaker:Aqui não são palavras que um usa, é tipo linguagens, línguas completamente diferentes uma da outra né.
Speaker:É bem doido isso e você vê um cara da Cecília falando você nem entende o pessoal do norte nem entende o pessoal do Sul.
Speaker:Isso é muito doido. Mas aí é mais o...
Speaker:Meio que uma questão mais antiga assim, né? Os dialetos hoje em dia estão mais se perdendo mesmo.
Speaker:É, acho que ficou muito com as nonas.
Speaker:Acho que agora que começou a experiência de verdade da vida, de conhecer as pessoas
Speaker:sair na rua, então vamos ver. Boa sorte e ainda bem que tu começou já numa empresa tão legal, né? Não começou numa...
Speaker:Que o pessoal é chato, exigindo o italiano corretamente, ou que o horário de trabalho...
Speaker:Imagina o horário de trabalho puxado no país novo, o linguagem diferente.
Speaker:É. Aí é estragar essa experiência, né?
Speaker:Eu sempre tive muita sorte, eu nunca trabalhei em nenhum lugar ruim.
Speaker:Sempre foi muito legal, pessoal, muito legal.
Speaker:Eu sou bem sortuda com relação a isso.
Speaker:Estou bem feliz, acho que foi uma escolha bem feita. Então continua, né?
Speaker:Exato. E antes de fechar, tu quer deixar alguma mensagem final e também deixar teus links, né?
Speaker:Sei que tu deixou o link de INC que vai ficar aqui na descrição, mas se tu quiser deixar,
Speaker:também, fica à vontade.
Speaker:Ah, eu acho assim, conheça um Torino. Mas é sério, é uma cidade belíssima que pouquíssimo conhecida no Brasil, a gente,
Speaker:Pouco ouviu falar quando as pessoas vêm pra Itália, quando quase nunca vêm a Turin, assim, é lindo.
Speaker:Já teve a Olimpíada de Inverno aqui, tem bastante lugar muito perto aqui de Turin,
Speaker:uma hora e pouco de trem, que você paga 7 euros se você está na estação de esqui.
Speaker:Então, assim, é muito interessante, conheço realmente, tem muita história, é bem legal.
Speaker:Vou aqui se precisar, se tiver qualquer dúvida sobre Itália, documentos,
Speaker:até cidadania que eu já tô manjando tudo que eu tô fazendo a minha se tiver
Speaker:qualquer dúvida podem me procurar eu vou ter o maior prazer em responder e tentar,
Speaker:ajudar de alguma forma eu acho que quando a gente é um espatriato né sempre ter alguém pra ajudar faz sempre muita diferença,
Speaker:eu já tenho uma lista de amigos aqui brasileiros que ajudaram bastante gente,
Speaker:que já tava aqui e é uma força né de você tá alguém te ajudando realmente no dia a dia
Speaker:Então podem contar se alguém estiver vindo pra Torino, me procurem, vamos conversar.
Speaker:A gente marca um jogo, algumas coisas aqui, porque a gente gosta bastante.
Speaker:Muito obrigado pela experiência, foi bem legal conversar.
Speaker:Eu que agradeço pelo tempo e por compartilhar porque acho que muito mais gente que está,
Speaker:com essa jornada também para fazer pensando, acho que do mesmo jeito que você assistiu,
Speaker:os vídeos sobre os lugares tem mais alguma fonte agora sobre Turin também.
Speaker:Exatamente, trabalhar aqui é legal, aprendam italiano porque eles não cobram tanto mas,
Speaker:faz diferença igual a gente falou, mesmo no dia a dia das burocracias você não falar
Speaker:atrapalha muito a sua vida então se você está pensando em vir para a Itália aprender
Speaker:o mínimo ali que seja para se comunicar acho que vai fazer muita diferença também.
Speaker:Faz, em Milão eu virei brother do dono de uma padaria porque eu tentei falar italiano,
Speaker:estava fazendo do língua antes e ele ficou tão feliz que ele ia sentar na mesa comigo,
Speaker:quando eu passava na frente ele falava tchau, legal, tudo isso, sabe?
Speaker:Então foi só... eu já contei isso algumas vezes aqui, então pra quem tem ouvido eu
Speaker:não estou a rir me repetindo, mas ele começou a conversar e aí eu falei que morava em Santos
Speaker:e aí ele falou, o Gabigol tomava café aqui e foi buscar a foto dele com o Gabigol.
Speaker:Que legal! E aí sim, e a gente virou amigo, então só por eu estar tentando.
Speaker:Acho que eu falei errado, mas ele ficava tipo em inglês, né?
Speaker:Vai, é isso, é isso mesmo.
Speaker:Tipo, tentando, porque eu travava ele. tipo, do e-cappuccini, algo assim, sei lá, eu ia pedir, era um padrão.
Speaker:E aí ele falou, não é isso, e aí começou a falar. Mas não do e-cappuccini depois das duas da tarde.
Speaker:É, na hora de banhã, na hora de banhã. Isso é muito doido aqui também, né?
Speaker:Eles pedem, no café da manhã eles comem tudo é doce, doce, tipo não é isso?
Speaker:De ovo, com pão. Sim, é. Quando tu começou a falar, eu achei que você ia falar isso, porque eles têm essa regra
Speaker:de... É, eu esqueci, eu esqueci. não é líquido, é alimento, eu acho isso um saco pra ser honesto.
Speaker:É, eles são bem chateados assim.
Speaker:Eu ouço toda a explicação e eu falo, beleza, eu quero isso. Não, eu tô falando com conhecidos, né?
Speaker:Não, você quer algum restaurante, o pessoal é mais chato, mas quando...
Speaker:Sim, tipo jogar, jogar...
Speaker:Deixa eu tentar lembrar, jogar queijo num prato de macarronada com frutos de mar.
Speaker:Jamais faça isso. Mas isso nem é do Brasil, né?
Speaker:Pi, maionese... Ou vinho. Eu não gosto de vinho branco. E que aí que é tipo hidropíceps.
Speaker:Eu não sei porque eu não bebo, então eu não conheço tudo. Então é, eu não gosto de vinho branco, mas aí eu sempre pego os tintos.
Speaker:E aí não, mas espera aí, com essa prato aqui eu fico...
Speaker:Ok, obrigado pela dica.
Speaker:É, isso é interessante. E cara, isso é uma coisa que eu sofro um pouco.
Speaker:Você vai beber café da manhã, é só tipo o croissant.
Speaker:Que é o coração com chocolate ou então os docinhos. Tudo é doce.
Speaker:Sim, sim, sim. Era isso.
Speaker:Isso pra mim era positivo porque tava alinhado com a minha expectativa.
Speaker:Era o que eu ia todo dia, por isso que eu aprendi a pedir. Eu já tava fazendo doolingo antes da viagem, eu tento sempre fazer, né, pra entender o máximo.
Speaker:Que legal.
Speaker:E aí, do primeiro dia que eu fui, eu falei, pô, esse lugar é legal.
Speaker:Aí eu falei, deixa eu ver no YouTube agora como fazer todo o pedido, pagar.
Speaker:É, e não é tanta coisa que você precisa, né? Tipo, aprender a pedir alguma coisa, por favor, tchau e tudo.
Speaker:Você já vai fazer bastante diferença, né?
Speaker:O que era difícil é que esse cara, ele começava em inglês e mudava pra italiano,
Speaker:sei lá, depois de três frases, aí eu falava a palavra em inglês.
Speaker:Eu sinto pouco isso, porque como eu falei, tem um iraniano na equipe e ele só fala inglês.
Speaker:Então tipo, eu começo a falar em inglês com ele, aí meto em italiano, aí o pessoal
Speaker:lá, não, o Alho, o nome dele é Alho, fala italiano.
Speaker:E aí meio que força ele a tentar falar italiano e a minha cabeça fica meio assim.
Speaker:Tanto que eu lembro quando eu comecei a perguntar pra ele se ele gostava de trabalhar, aí,
Speaker:Eu não cheguei a falar, mas eu ia perguntar assim, eu falei tipo na minha cabeça, do,
Speaker:you like to lavourar e que?
Speaker:Tipo eu misturava assim sabe, começa a ficar meio perturbado.
Speaker:Sim, é que você falou que não tem espaço espanhol e italiano também.
Speaker:Eu nunca aprendi italiano, mas só pelas aulas do Duolingo, agora eu tento aprender espanhol,
Speaker:porque parte do meu time fala espanhol, então mais um jeito de estar próximo assim.
Speaker:Mas aí eu penso e vem umas palavras, eu falo então eu não sei fazer uma frase, mas vem
Speaker:umas palavras no meio do espanhol, então são muito próximas.
Speaker:O meu maior problema é falar buono, porque em espanhol é buena, e buono, bueno, e aqui é buona.
Speaker:E toda vez que eu estou vendo alguma coisa, eu estou experimentando uma roupa, eu falo
Speaker:pra minha mulher, ah, é buena, e ele é buona, Luana.
Speaker:E aí, beleza, buona.
Speaker:É para a internet.
Speaker:Mas é. Sim, sim, sim. Mas é isso então. Obrigadão pessoal.
Speaker:Para quem estiver ouvindo, não esquece e compartilha com quem você acha que pode se beneficiar
Speaker:desse episódio, porque também tem mais pessoas querendo viajar e mais uma experiência aqui,
Speaker:de quem também foi para lá trabalhando do Brasil mesmo e conseguiu fazer a mudança,
Speaker:lá na própria Itália, como acontece algumas vezes na Europa.
Speaker:Então Luana novamente, muito obrigado. e até a próxima em breve com a versão diferente, não a versão novamente, com o lado do Vinícius
Speaker:dessa história. Exatamente.