Episode 106

Engenheira de Dados em Berlim, Alemanha e em Londres, Reino Unido, com Anne Glienke

No episódio de hoje, a Anna Glienke nos conta como é trabalhar em Berlim e Londres. Vamos ouvir também sobre a sua migração de carreira para área de Dados.

Anne Glienke

Atualmente trabalho como Engenheira de Dados em Londres. Já morei em 12 cidades diferentes no UK, na Alemanha, na França e no Brasil. Não tenho formação em tecnologia, meu background é em Business. Trabalhei pouco mais de 2 anos em Análise de Dados antes de fazer a transição pra Engenharia.

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Palavras-chave:

  • Engenharia de Dados
  • Data Engineer
  • Morando na Alemanha
  • Morando em Berlim
  • Morando no Reino Unido
  • Morando em Londres

Por Gabriel Rubens ❤️

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Transcript
Speaker:

Fala pessoal, bem-vindo novamente ao TPA Podcast. Aqui o Gabriel Rubens e hoje vai ter um episódio

Speaker:

bem legal que eu já sigo há bastante tempo e já vi muita coisa sobre como é morar fora,

Speaker:

muito foco na Alemanha. Só que agora tem novidade que a Anny está morando na Inglaterra,

Speaker:

então a gente vai conseguir conversar sobre as duas experiências. Tudo bem Anny?

Speaker:

Tudo ótimo, Gabriel. Tô muito feliz de estar aqui. Também te acompanho há algum tempo.

Speaker:

Adoro o podcast e tô muito feliz de participar.

Speaker:

Ah, então, obrigado. Obrigado pela participação já adiantada, porque eu sei que tem muita coisa legal

Speaker:

que eu vejo no teu LinkedIn, também no teu Medium, que vai ficar tudo aqui no link da descrição.

Speaker:

Mas antes de começar, eu queria que você se apresentasse, né, pra quem não conhece ainda,

Speaker:

Porque eu acho que o teu LinkedIn é gigante, tem várias pessoas te seguindo e ouvindo sobre dados,

Speaker:

sobre mulheres em tecnologia, sobre morar fora.

Speaker:

Então, para quem não te conhece ainda, quem é você e o que você faz?

Speaker:

Bom, eu sou a Anny. O meu LinkedIn realmente cresceu recentemente.

Speaker:

É muito legal ter essa chance de falar com o pessoal lá.

Speaker:

Eu trabalho hoje como engenheira de dados, mas eu não tenho um background técnico.

Speaker:

Eu comecei como analista de marketing, daí eu trabalhei como analista de dados,

Speaker:

eu migrei para a engenharia de dados e eu falo bastante sobre isso no LinkedIn, acho

Speaker:

que o pessoal se identifica, o pessoal que está em transição, né.

Speaker:

E nesse meio tempo eu mudei para a Alemanha e mudei recentemente para o UK e é onde eu

Speaker:

estou morando e trabalhando hoje em Londres, no UK.

Speaker:

Eu vou sair um pouco do script de falar sobre a mudança, eu queria começar só sobre a

Speaker:

tua carreira, né, porque eu estava ouvindo outro podcast do Mulheres em Dados e eu vou,

Speaker:

deixar o link também na descrição, mas tu comentou que você é relativamente nova

Speaker:

no mercado de dados, já conseguiu o emprego fora.

Speaker:

Então se você conseguisse falar pra gente como que foi essa carreira,

Speaker:

acho que serve também de inspiração para muitas pessoas, porque normalmente a gente vê pessoas com mais experiência trabalhando fora.

Speaker:

Talvez porque a pessoa tem mais coragem de aplicar, não sei,

Speaker:

mas acho que seria legal também compartilhar a tua e como foi essa transição e como foi conseguir essa vaga.

Speaker:

Que tu fez? Cara, não tinha expectativa de conseguir essa vaga tão rápido mesmo, é

Speaker:

verdade que é difícil para quem está começando mesmo. Eu acho que ter conseguido essa vaga

Speaker:

foi uma mistura de o privilégio de ter tido a chance de estudar inglês desde pequena,

Speaker:

de já ter morado fora antes, já ter tido essa experiência internacional e tal, e

Speaker:

também de coragem de aplicar. Eu comecei como analista de marketing, eu trabalhei com

Speaker:

várias coisas antes, mas são muitas coisas picadas, então não vou mencionar tudo,

Speaker:

senão achei que ia ficar aqui um tempão. Mas eu comecei a ter contato com o mundo de dados

Speaker:

quando eu trabalhei como analista de marketing. Eu tinha muito interesse em análise de dados

Speaker:

de marketing e tal, e eu fui fazendo a migração para análise de dados.

Speaker:

Isso foi, assim, muito natural, muito orgânico. E daí, durante esses trabalhos como analista de dados,

Speaker:

eu tive a chance de participar da construção de data warehousing nas empresas que eu tava,

Speaker:

de ter um contato próximo com os engenheiros de dados.

Speaker:

E eu fui achando isso muito legal. Eu queria muito saber como o dado chega para mim, analista, trabalhar.

Speaker:

O que acontece antes dele chegar no banco para mim, ou no Excel para mim, ou em algum lugar.

Speaker:

E aí, eu tive muita sorte de trabalhar com gente que curtia muito compartilhar conhecimento,

Speaker:

que me acompanhava, que me ensinava as coisas. Eu aprendi VBA, eu aprendi Python,

Speaker:

eu aprendi um pouco sobre Data Lake, Data Warehouse, Cloud.

Speaker:

E aí eu tentei a minha primeira experiência como engenheiro.

Speaker:

Eu apliquei para algumas empresas, para uma em particular, porque tinha uma pessoa lá que eu

Speaker:

admirava muito, queria muito trabalhar lá, e daí deu certo. Eu fiz a entrevista, durante a entrevista

Speaker:

eu achei que eu não tinha passado, porque o entrevistador me perguntava, isso aqui você sabe,

Speaker:

você já trabalhou? Eu falava, não, isso aqui você sabe? Não, isso aqui você sabe? Não, mas aí eu acho que ele viu que

Speaker:

eu tinha muita vontade de aprender, eu tinha alguns projetinhos pessoais,

Speaker:

e aí ele me deu essa chance.

Speaker:

E depois disso eu acho que foi ficando mais fácil, porque eu fui vendo dia a dia

Speaker:

eu fui sentindo como é, quais são os desafios e tal e aí teve outra situação também, que quando eu comecei a aplicar para fora

Speaker:

foi durante a pandemia.

Speaker:

Eu não imaginava nessa época que essa seria uma oportunidade para mim porque até antes da pandemia eu trabalhava presencial,

Speaker:

Então, até trabalhar remoto já era uma novidade pra mim.

Speaker:

Mas daí eu comecei a receber convite pra entrevista em outros estados,

Speaker:

aí convite pra entrevista pra empresa nos Estados Unidos.

Speaker:

E aí eu pensava, vou tentar, né? Vai que... E daí acabou que eu consegui uma oferta fora.

Speaker:

Mas então foi uma mistura, assim, de privilégio, de sorte, de estar no lugar certo, na hora certa e de coragem, eu acho, de tentar.

Speaker:

Sim, e o ponto da coragem é muito importante que tu falou aí duas vezes que é tanto para a primeira vaga como engenheira de dados, né, que tu aplicou, mesmo não se sentindo preparada, como aplicar para fora, né.

Speaker:

Eu acho que a gente muitas vezes se segura bastante e como tu também comentou no Mulheres em Dados, as mulheres tem mais medo ainda, né, de se arriscar quando acha que não tá preparado.

Speaker:

E eu acho que eu já comentei no podcast, talvez comentei offline, não sei se com convidado

Speaker:

offline, de que até convidados para o podcast é muito mais difícil.

Speaker:

Minha empresa também tinha um podcast, empresa que eu estou atual, quem era a host era uma

Speaker:

mulher, a minha chefe, e ela também falou isso comigo.

Speaker:

Ela me perguntou, falou assim, tem várias mulheres no podcast, como você faz?

Speaker:

Porque eu tinha muita dificuldade, porque as mulheres sempre tem um pouco mais de medo,

Speaker:

né? E eu falei, não, eu também tenho.

Speaker:

Que eu faço é que eu tenho que proativamente convidar muito mais pessoas sabendo que a

Speaker:

taxa de rejeição é maior, porque a maioria acha assim, eu não sei compartilhar, tô

Speaker:

aqui há pouco tempo, então é uma coisa que tem que ser muito mais proativa para acontecer.

Speaker:

Então eu acho legal enfatizar que você pode ter privilégio, mas teve a coragem de tentar

Speaker:

as duas coisas, tanto entrar em dados quanto morar fora, porque mesmo com privilégio se

Speaker:

se você não fizer nada, as coisas demorariam ou nem aconteceriam, ficaria só na vontade.

Speaker:

Sim, sim, exige bastante proatividade nesse caso. Eu estava ouvindo um podcast que você fez esses dias, acho que é com a Alana,

Speaker:

que está em Amsterdã, que ela estava falando sobre.

Speaker:

Esse negócio de que você tem que ir atrás, você tem que ler muito sobre os países que você tem interesse em ir,

Speaker:

Você tem que entender qual que é a sua motivação e qual que é a sua...

Speaker:

Quais são os países que têm a ver com a sua motivação, e tudo isso exige muito, muito, muito trabalho.

Speaker:

Você tem que ir muito atrás, ler muito, entender muito, pra daí você se sentir à vontade pra falar

Speaker:

não, eu quero ir pra esse lugar e eu sei porque eu quero ir pra lá e consigo focar.

Speaker:

Sim, e mais uma coisa também pra destacar é do teu interesse, porque eu já trabalhei em várias coisas

Speaker:

antes de cair em TI, trabalhei várias coisas mesmo, e uma das coisas que eu vejo com pessoas

Speaker:

que migram de área ou pessoas que, por exemplo, não era do departamento de TI, da empresa

Speaker:

que eu trabalhava, era de operações, suporte, mas pessoas curiosas que estavam me perguntando

Speaker:

como que eu fiz aquilo, porque essa parte do sistema é assim, onde eu posso ler mais,

Speaker:

e eu acho que essa curiosidade sempre ajudou algumas pessoas, eu vi migrar de carreira,

Speaker:

Se você está no lugar, você é só passivo, você só está vendo os dados que você recebe,

Speaker:

você não vai sair muito dali do teu trabalho, que você está como analista de marketing.

Speaker:

Agora, se você tem essa curiosidade maior, eu acho que acaba sendo pessoas que se destacam

Speaker:

sempre na carreira, que é, tem curiosidade de saber o porquê daquilo, como aquilo chegou

Speaker:

nas minhas mãos, sabe?

Speaker:

O que tem ali por baixo. E acho que em tecnologia é muito isso.

Speaker:

A maioria das pessoas fica muito no superficial e beleza, tudo bem, acho que a vaga para

Speaker:

A maioria das pessoas é essa mesmo, de fazer coisas mais básicas, mas principalmente se

Speaker:

tu quer se destacar ou até trabalhar fora, acho que é mais fácil quando tem essa curiosidade,

Speaker:

interesse de tentar buscar o porquê.

Speaker:

Isso junta muito em fazer o networking, porque quando você conversa com as pessoas e perguntam,

Speaker:

claro, estando num ambiente legal, que foi o teu contexto, acaba te ajudando, porque

Speaker:

as pessoas vendo o teu interesse, elas vão ter também mais interesse de compartilhar

Speaker:

E pode ser alguém que vai te indicar no futuro, né?

Speaker:

Porque sabe como você trabalha e que você corre atrás das coisas.

Speaker:

Tão constritas.

Speaker:

É, dei uma enrolada legal aqui, mas eu acho isso importante porque o que as pessoas às vezes me perguntam, tanto de

Speaker:

tem que meter as caras, que é o que eu falo, tipo, ah, não sei o inglês.

Speaker:

Pra mim, talvez, eu não sei se o Tech Recruiters ficaria chateado, mas eu sempre falo, quem tem que falar que você não

Speaker:

tem inglês suficiente são eles, sabe, ou o time. Pra mim, eu sempre aplicaria, eu veria ou não,

Speaker:

e depois tentaria entender o que vocês não me entenderam.

Speaker:

Porque senão você fica muito nervado. Esse negócio de inglês é muito importante.

Speaker:

Quando eu comecei a aplicar, eu ficava pensando Nossa, meu inglês é muito ruim.

Speaker:

Eu vou fazer entrevista, eu não vou conseguir falar, eu não vou conseguir explicar, porque eu não tinha que explicar

Speaker:

o meu dia a dia em inglês lá no Brasil, né?

Speaker:

E eu ficava super insegura. E daí, depois das primeiras entrevistas,

Speaker:

eu fui vendo que nem o recrutador fala inglês nativamente. Ele também tem sotaque, ele também comete erro.

Speaker:

E daí eu fui ficando mais à vontade, assim, com tentar e errar e tal.

Speaker:

E hoje eu vejo no meu time, que o meu time praticamente só tem estrangeiro e cada um fala inglês do seu jeito, cada um tem o seu sotaque, tem o seu jeito de falar e dá certo.

Speaker:

Sim, sim. O importante é se entender, né. Claro que tem situações difíceis, acho que eu tenho situações que é bem difícil,

Speaker:

que às vezes eu fico, cara, não entendi essa pessoa. Mas, bom, eu pergunto alguém do meu time, alguém entendeu, então...

Speaker:

Acho que é o mais importante. Alguém entendeu. É, isso acontece.

Speaker:

Normalmente isso acontece, assim, eu pergunto e falo, não entendi essa parte aqui.

Speaker:

Principalmente com equipes internacionais e até mesmo dentro do Reino Unido, né, tem vários sotaques.

Speaker:

Então, na empresa nova que eu entrei, na empresa anterior eu já trabalhava com pessoal do Reino Unido,

Speaker:

mas na empresa nova teve dois sotaques que eu não consegui entender no começo, né, e acho que sotaque costume.

Speaker:

Não sei se isso acontece contigo também, quando o time muda,

Speaker:

Tu tem essa dificuldade ali nas primeiras semanas pra entender as pessoas.

Speaker:

Nossa, total, total. E realmente o sotaque daqui, a gente aprende a falar inglês no Brasil.

Speaker:

Bom, não sei você, né, mas eu aprendi um inglês muito voltado pros Estados Unidos, né.

Speaker:

Então, não só de consumir cultura norte-americana muito, mas o inglês que eu aprendi é um inglês norte-americano.

Speaker:

E daí, vindo pra cá, você escuta o sotaque daqui. Às vezes é super carregado, você não consegue entender nada, mas é isso aí.

Speaker:

A gente vai tentando, uma hora vai.

Speaker:

É, eu acho que o pior ainda pra mim são as piadas, eu ainda não consigo, tem duas pessoas da minha equipe que eu ainda não consigo

Speaker:

e elas gostam muito de fazer piada, então eu tô, sei lá, metade das vezes eu tô rindo,

Speaker:

Não sabe do que você tá rindo?

Speaker:

Não, não, não, porque aconteceu isso hoje, falando, antes da gente começar a gravar, eu tava na última reunião

Speaker:

que um cara falou, fez uma piada, e eu falei sorry, ele repetiu, e eu ri, porque eu falei, eu não vou pegar isso, segue a reunião.

Speaker:

Mas tá bom, agora pensando na mudança né, porque a Alemanha, tipo, a gente já conhecia a França né,

Speaker:

eu acho que o mais natural quando a gente vai fazer o intercâmbio é querer ir para o mesmo lugar porque

Speaker:

fica aquela memória afetiva do lugar, principalmente quando a experiência é boa, mas porque a Alemanha

Speaker:

e tu pensou em mais lugares antes de ir para a Alemanha ou foi com isso na cabeça?

Speaker:

Eu pensei em vários lugares. Eu morei na Alemanha quando era adolescente, mas meu marido morou na Alemanha quando era adolescente.

Speaker:

Então a Alemanha não era completamente estranha pra gente.

Speaker:

E nós dois tínhamos amigos na Alemanha já, então a Alemanha sempre foi uma possibilidade.

Speaker:

Mas a gente pensou em Espanha, a gente pensou em Portugal, a gente pensou em França.

Speaker:

E daí, eu acho que o que levou a gente à Alemanha foi que, inicialmente, a primeira alternativa teria sido UK.

Speaker:

Porque é país de língua inglesa, é mais fácil e tal, só que o que a gente pensou é que deve ser o lugar que todo mundo aplica porque é um país de língua inglesa.

Speaker:

Então, a gente pensa onde a gente pode ganhar um salário bom.

Speaker:

Falar inglês, ainda tem bastante gente que fala inglês, e que vai ser um lugar menos procurado,

Speaker:

que vai ser mais fácil de conseguir e tal. E aí uma coisa que a gente levava muito em consideração

Speaker:

era a work-life balance, né, porque, assim, essa é uma das coisas que eu acho que se destacam na

Speaker:

experiência de trabalhar na Europa. E aí a gente viu que a Alemanha tinha leis trabalhistas muito

Speaker:

boas e era muito benéfico para o trabalhador, e a gente pensou, vamos tentar alguns países e daí

Speaker:

é o que dá e de fato na Alemanha foi o lugar mais fácil de conseguir e daí a gente foi para a Alemanha.

Speaker:

Eu acho interessante de você pesquisar sobre isso porque não é muito comum assim eu vejo

Speaker:

todo mundo ficar meio surpreso com esse equilíbrio da vida profissional e pessoal, inclusive eu,

Speaker:

eu não tinha ideia disso, até porque eu trabalhava em empresas legais nos últimos anos do Brasil né,

Speaker:

Eu não esperava mais do que aquilo e aí eu fiquei meio, eu fiquei bem surpreso assim no começo.

Speaker:

Como você já comentou né no próprio LinkedIn sobre não ter que ficar explicando férias né ou.

Speaker:

Ou a facilidade que eu não tô me sentindo bem e vou tirar a tarde né tipo uma das coisas que isso

Speaker:

eu não tinha no Brasil. Por mais que eu tava numa empresa muito legal isso aqui para mim me surpreendeu

Speaker:

Como, não eu, mas as pessoas fazendo no começo, assim, eu falo, cara, como assim?

Speaker:

Tá com a task atrasada e não vai participar porque tá com dor na garganta, sabe?

Speaker:

Tipo, me soava estranho no começo.

Speaker:

Pra mim também. Quando eu cheguei, eu vi a galera da minha equipe e até comentei com o meu marido

Speaker:

Nossa, mas toda semana tem alguém que tira o dia off por alguma coisa ou tira uma tarde off

Speaker:

Como assim? No Brasil você deixa de trabalhar quando está com febre, quando é sério, quando você foi para o hospital,

Speaker:

Eu lembro que nos últimos anos eu não trabalhei numa situação em que eu estava abernautando

Speaker:

Eu falei, eu preciso realmente parar um pouco,

Speaker:

Numa outra situação em que eu tive pedra no rinho, eu estava no hospital E fora isso, eu trabalhei direto. Tinha gripe, a gente ia trabalhar com gripe, não tem essa.

Speaker:

E daí aqui é muito mais flexível. Lá na Alemanha, se eu tivesse com uma dor de cabeça um pouco mais forte,

Speaker:

eu já dizia, galera, eu não vou trabalhar hoje de manhã porque eu tô com dor de cabeça.

Speaker:

Eu não entendo muito por quê, mas minha experiência tanto em Portugal como agora com a equipe mais da Espanha e do UK

Speaker:

Ok, continua a mesma, né?

Speaker:

Eu, assim, ao mesmo tempo tem pessoas que ficam respondendo Slack nas férias, né?

Speaker:

Tipo, eu me irrito, assim, talvez.

Speaker:

Não sei se meu colega de trabalho vai assistir isso, mas se for,

Speaker:

tem alguns que fazem isso, assim, eu acho que acaba atrapalhando a cultura,

Speaker:

mas eu forço o meu time, eu falo com eles, cara, não, tá de férias, tá de férias.

Speaker:

Tipo, tu quer responder, beleza, mas eu sou contra, e eu acho que tu vai criar precedentes, né?

Speaker:

Para o pessoal também te perguntar, mas mesmo assim, como você comentou, são exceções,

Speaker:

no geral as pessoas parecem não estar nem aí para quando você está fora.

Speaker:

Sim, na Alemanha eu sinto que até é uma coisa cultural, a galera fica brava mesmo

Speaker:

com isso, eu acho que pega mal se você está de férias e responde ou se é, manda alguma

Speaker:

coisa no fim de semana ou coisa assim, eu acho que a galera se policia para não contaminar

Speaker:

o clima na equipe e fazer com que os outros se sintam pressionados também.

Speaker:

Music.

Speaker:

Outra coisa, você falou que já sabia inglês quando começou a aplicar, mas você aplicou para várias vagas ou deu sorte de logo no comecinho já ter conseguido a vaga?

Speaker:

Eu apliquei para várias vagas, mas eu cheguei no final de dois processos seletivos na Alemanha e esses foram alguns dos primeiros que eu apliquei na Alemanha.

Speaker:

O que acontece é que os processos seletivos na Alemanha demoram, pelo menos na minha experiência,

Speaker:

demoravam muito para acontecer.

Speaker:

Então, assim, você faz uma entrevista agora, daí espera mais, às vezes, duas semanas

Speaker:

e faz a próxima, daí, então, tipo, alonga muito e daí, nesse meio tempo em que eu estava

Speaker:

fazendo esses processos seletivos, eu estava aplicando para outras vagas também.

Speaker:

Mas aí, no fim, acabou que esses deram certo e foram alguns dos primeiros.

Speaker:

E em algum deles eles te perguntaram sobre se você sabia alemão ou isso nunca foi um pré-requisito?

Speaker:

Para as vagas que eu apliquei não era um pré-requisito, eu aplicava só para a vaga

Speaker:

que dizia a língua é inglês, porque na Alemanha, pelo menos em Berlim, é bastante comum quando

Speaker:

eles requerem alemão estar escrito que alemão é um requisito ou que é um diferencial.

Speaker:

Aí quando estava assim eu já nem aplicava.

Speaker:

E onde que você morou lá? Eu morei em Berlim, eu fiquei algumas semanas em Frankfurt, mas não curti tanto, acho que

Speaker:

Berlim foi mais legal.

Speaker:

Mas o que que tinha? Nunca fui pra Frankfurt, então o que que tinha?

Speaker:

Porque minha esposa mesmo já foi e não gostou.

Speaker:

Não tinha nada. Não tem nada de errado com a cidade, é só porque acontece menos coisas.

Speaker:

Eu até achei que o pessoal é mais hospitaleiro, eu achei em Frankfurt, mas tem menos coisa pra fazer.

Speaker:

Tá bom, então passando a entrevista, vamos para a hora do trabalho, como que foi chegar a ir na Alemanha, numa equipe nova, né?

Speaker:

Tipo, eu sei que tu tem um post bem legal sobre isso, que é sobre, como que é o nome? Trabalhar com medo, é...

Speaker:

Improdutivo, algo do tipo, que tu fala do teu processo de onboard, né?

Speaker:

Então eu queria até explorar um pouco mais disso, como foi essa tua chegada, o que que esperavam de ti,

Speaker:

E o que você teve que fazer no começo do seu primeiro mês de trabalho lá?

Speaker:

Cara, eu tive dois começos na Alemanha, né? Eu cheguei na Alemanha trabalhando para uma empresa, não deu certo pra mim nessa empresa,

Speaker:

eu acabei saindo pouco tempo depois, a gente pode falar um pouquinho sobre isso, e daí

Speaker:

eu fui para uma outra empresa completamente diferente.

Speaker:

Então a primeira empresa é uma empresa tradicional alemã, eles não requeriam alemão para entrar

Speaker:

lá, mas uma vez que eu entrei eu vi que tinha documentação em alemão, em algumas reuniões

Speaker:

a galera falava alemão, algumas reuniões bem importantes da empresa com métricas e dados

Speaker:

e direcionamento estratégico aconteciam em alemão

Speaker:

e isso é uma coisa que eles estão tentando mudar, eles têm profissionais lá

Speaker:

especificamente para fazer tradução de documento técnico para inglês e tal

Speaker:

para a galera estrangeira conseguir acompanhar,

Speaker:

mas na época foi uma coisa que fez eu sentir que o meu crescimento estava muito bloqueado

Speaker:

que eu não estava conseguindo rampar porque isso estava me impactando muito

Speaker:

Até emocionalmente, porque é difícil mudar para um país novo E eu acho que a Alemanha não é um país talvez tão acolhedor para quem está chegando de fora,

Speaker:

E aí isso fazia eu me sentir muito mal, assim Daí eu falei, ó, não tá rolando e vou sair

Speaker:

E a outra empresa que entrei depois era uma startup

Speaker:

É um neobank que trabalhava com cripto, então é uma pegada completamente diferente

Speaker:

Mas nas duas empresas eu tive uma coisa muito parecida que é...

Speaker:

Eles têm muita paciência com quem tá entrando E eles se importam muito com que a pessoa que tá entrando

Speaker:

Que ela entenda o que ela tem que fazer Que ela entenda todas as coisas sobre a empresa, sobre o trabalho

Speaker:

Que ela consiga rampar tecnicamente Que se ela tiver um gap de conhecimento

Speaker:

Que a empresa supra esse gap de conhecimento

Speaker:

Então, isso cria, e acho que é um pouco disso que eu falei naquele post Isso cria um ambiente muito seguro pra gente, assim, sabe?

Speaker:

Você vê que as pessoas falam sem medo de coisas que estão incomodando elas Elas criticam a empresa, criticam o ambiente quando não está legal.

Speaker:

Se elas não estão legais, elas podem falar e elas têm a chance de tirar o dia off,

Speaker:

como a gente estava falando, para descansar.

Speaker:

Ninguém tem medo de ser demitido e é muito difícil de ser demitido na Alemanha.

Speaker:

Primeiro pela escassez de mão de obra, mas também porque é cultural isso.

Speaker:

Eles têm um processo relativamente longo e chato e eu imagino que a ideia realmente é contratar e ter uma pessoa lá por muitos anos.

Speaker:

Então, isso faz com que a gente fique muito à vontade também, pra errar e tal.

Speaker:

Você não tem medo de, ai, será que se eu fizer isso aqui errado, eu vou embora?

Speaker:

E daí isso faz com que a gente consiga ser mais criativo também nas soluções e tente

Speaker:

coisas que a gente não tentaria se a gente tivesse com medo de ser mandado embora, sabe?

Speaker:

E isso é uma coisa muito legal da rota de trabalho da Landmob.

Speaker:

Mas voltando nessa tua primeira experiência, assim, quando tu tava na... porque tu falou

Speaker:

que só aplicou pra vaga que era pra ser em inglês, né?

Speaker:

Tipo, eles falaram que seria em inglês e aí na realidade não era.

Speaker:

É, não é que não era, a minha equipe só falava inglês, a minha equipe só produzia coisa em inglês,

Speaker:

mas a minha equipe tinha que interagir com outras equipes da empresa que não necessariamente tinham essa cultura.

Speaker:

E daí a gente, junto na empresa, você tinha bastante gente que era imigrante, que estava entrando sem falar alemão e tal,

Speaker:

mas você também tinha gente que estava há muitos anos na empresa, que é gente de lá e que só fala alemão,

Speaker:

e que quer garantir que o ambiente que eles criaram para eles ali vai se manter de certa forma, né.

Speaker:

Então, apesar da empresa dizer, não, a nossa língua oficial é inglês, ainda tinha esse

Speaker:

outro lado e a empresa tinha que conciliar essas duas coisas de alguma forma, né? Sim.

Speaker:

Então, assim, eu não tenho uma opinião sobre, tipo, eu não olho pra isso julgando

Speaker:

essa situação, é só que pra mim realmente não funcionava.

Speaker:

É, eu acho que é o mais importante. Mas, tipo, tinha mais alguém aço do teu time que tinha problema com isso ou era muito

Speaker:

mais pra ti?

Speaker:

Eu ouvi outras pessoas comentarem sobre isso, dizerem que estavam incomodadas, mas eu acho

Speaker:

que pesou mais pra mim.

Speaker:

Ah, tá. É meio particular, né? Pra mim pesaria bastante, sabe, tá? Num ambiente,

Speaker:

que eu não conseguiria entender as pessoas, interagir, porque pra mim eu gosto muito

Speaker:

de criar esses relacionamentos no trabalho, né?

Speaker:

Não só no meu time, no meu time é fácil, mas com outras pessoas.

Speaker:

E eu já tive ambientes que as pessoas não falavam minha língua, né? Não que

Speaker:

não falava, falava inglês, mas as pessoas falavam a língua própria delas,

Speaker:

e foi uma merda, assim. Não foi de trabalho, Foram amigos de amigos e foi uma merda, então eu não consegui imaginar o dia inteiro.

Speaker:

Então pra mim já é uma coisa que dependendo da empresa, se eu fosse pra uma de outro lugar como na Alemanha,

Speaker:

eu até perguntaria a alguns funcionários, porque eu já tenho medo disso automático por as situações que eu tive de férias com outras pessoas,

Speaker:

Eu prefiro sair sozinho do que estar num grupo que 90% do tempo está falando em outra língua.

Speaker:

Eu acho que depende muito do que a pessoa está vivendo. Eu tinha colegas de trabalho que eram estrangeiros, mas eles tinham já uma rede de segurança na Alemanha.

Speaker:

Então eles tinham muitos amigos, alguns tinham família lá.

Speaker:

Então eles conseguiam sair do trabalho e migrar para esses núcleos onde eles podiam falar a língua nativa deles,

Speaker:

eles podiam fazer outras coisas.

Speaker:

Eu tinha alguns amigos na Alemanha já, mas eu estava na maior parte do tempo convivendo com gente que era alemão,

Speaker:

e indo em rolê com gente que é da Alemanha, e daí tendo que conversar em inglês.

Speaker:

Então assim, eu sentia que meu cérebro ficava muito sobrecarregado com essa situação.

Speaker:

Acho que pegava, talvez, muito mais emocionalmente em mim do que qualquer outra coisa.

Speaker:

E daí, o resto é história.

Speaker:

Sim. Então tu se sentia também como...

Speaker:

E eu tava começando isso hoje. Tem uma brasileira na minha empresa, né, que acabou de entrar.

Speaker:

E ela também tá nesse projeto que a gente vai trabalhar com o pessoal de UK.

Speaker:

E ela tava perguntando... Foi essa semana que ela começou, então ainda não tá com o time.

Speaker:

Como que é os primeiros meses trabalhando full-time em inglês?

Speaker:

Tipo, é a primeira vez pra ela, né? Então, como que foi pra ti?

Speaker:

Cara, foi pesado, assim. Eu acho que uma coisa é a gente consumir conteúdo em inglês no Brasil

Speaker:

e até se você trabalha falando inglês no Brasil deve ser, assim, eu não tive essa experiência, mas deve ser bem diferente

Speaker:

porque você pode sair do trabalho e falar português.

Speaker:

Você vê TV em português, você vai no mercado em português, tudo em português.

Speaker:

E aí quando você sai do trabalho e ainda é inglês, e quando você sai no fim de semana e ainda é inglês,

Speaker:

e você vai no mercado, no meu caso, eu tinha que traduzir as coisas do alemão,

Speaker:

O cérebro tá drenado, é bem cansativo.

Speaker:

Não, imagina. E na Alemanha... Acho que talvez se facilita um pouquinho por ser Berlim, né?

Speaker:

Que aí não é aquela briga de, tipo, as pessoas não falarem bem inglês, aí tu tem que ficar fazendo...

Speaker:

É, lá em Berlim a maioria das pessoas falam inglês, assim, então...

Speaker:

E ainda tem essa facilidade, né? Em Berlim muita gente fala inglês, dá pra se virar bem inglês.

Speaker:

Legal. É, isso é bom mesmo. E como que era, tipo, a equipe de trabalho?

Speaker:

Porque eu acho que é sempre interessante saber como é composta.

Speaker:

Eu sei que tu tem mais de uma empresa, então tu pode falar das duas, né?

Speaker:

E primeiro eu quero saber de nacionalidades, como que era? Tu comentou que tinha bastante imigrante, de onde eram essas pessoas?

Speaker:

Então, na primeira empresa a minha equipe era majoritariamente gente da Alemanha.

Speaker:

Eu tinha um colega do Egito e uma colega do Vietnã.

Speaker:

Na segunda empresa, eu acho que não tinha nenhum alemão na minha equipe.

Speaker:

Não tinha um alemão na minha equipe. Meu chefe era de Bangladesh, meu colega mais próximo era do Nepal, tinha gente da China,

Speaker:

tinha gente do Peru, tinha gente da Espanha, tinha gente da França, tinha gente de tudo quanto é lugar.

Speaker:

Caramba. Eu nunca trabalhei com tanta diversidade assim no lugar.

Speaker:

Normalmente a maioria são, no meu contexto, portugueses e brasileiros e agora o pessoal

Speaker:

de UK e da Espanha e da Índia.

Speaker:

Tanta gente diferente assim. Ah, eu acho que também. Da Índia também, né? É, quase sempre em TI,

Speaker:

quando é uma empresa multinacional sempre tem. Mas eu acho que isso torna ainda mais difícil,

Speaker:

né? Esses primeiros meses em inglês, quando tem alguns estrangeiros assim, porque... E aí

Speaker:

entra o sotaque novamente. O indiano do meu time também, ele entrou há pouco tempo, as primeiras

Speaker:

foram bem complicadas, assim, eu tinha reunião com ele one-on-one, sabe aquela de, tu tá com o olho meio pequeno assim,

Speaker:

prestando muita atenção, e aí ele para de falar, tu dá aqueles um segundo pra processar, sabe?

Speaker:

Então eu imagino o dia inteiro com várias pessoas assim, né?

Speaker:

Cara, eu acho que tem esse lado, mas tem um lado bom que quando todo mundo é estrangeiro,

Speaker:

tá todo mundo se esforçando pra entender todo mundo.

Speaker:

Quando você entra num grupo em que todo mundo é do mesmo lugar,

Speaker:

eles entendem o sotaque um do outro muito bem, eles não precisam fazer esse esforço, mas você precisa fazer

Speaker:

e eles precisam se esforçar para entender você. Então você é a pessoa que está incomodando,

Speaker:

está atrapalhando, está diferente ali, sabe?

Speaker:

É verdade. Então, por esse lado, eu acho que eu preferi trabalhar com a galera

Speaker:

com vários sotaques diferentes.

Speaker:

Não, total, total. E você se sente menos desconfortável, né?

Speaker:

Eu ainda me pego às vezes, quando eu tô nas reuniões só com o pessoal da Inglaterra,

Speaker:

pensando um pouco mais.

Speaker:

E quando eu tô com o meu time, que é internacional, ou quando eu tô com outros grupos que é mais internacional, assim,

Speaker:

eu me sinto muito mais à vontade falando com o pessoal da Inglaterra.

Speaker:

Eu ainda dou uma, sei lá, pensada antes de falar, ou às vezes eu fico refazendo a frase que eu não faria,

Speaker:

tipo, se eu percebo algum erro que eu não faria com o grupo internacional, né.

Speaker:

Total. A minha equipe hoje aqui no UK, quase todo mundo é da Índia, e daí tem uma pessoa

Speaker:

que é da África do Sul, e a minha chefe é da România, e só. E daí o chefe dela

Speaker:

é do UK, mas assim, não tem ninguém que nasceu aqui, né. Então pra mim é muito

Speaker:

confortável, assim, eu não me sinto mal de falar errado.

Speaker:

Ah, isso é bom. E como que é com essas pessoas todas, né? Como que é, culturamente, trabalhar com elas?

Speaker:

Como que são as relações de trabalho? Porque acho que muda um pouquinho, né?

Speaker:

Tipo, a gente tem que viver sem diferença, então o que tu sentiu de diferença em trabalhar aí?

Speaker:

Porque tu falou um pouco do aspecto cultural na Europa, que a maioria das empresas são um pouco mais flexíveis,

Speaker:

e agora como que são as pessoas mesmo? Você sentiu alguma diferença trabalhando com elas? Alguma coisa que te soltou os olhos?

Speaker:

Então, uma coisa que eu acho que é importante falar é o contexto de por que eu resolvi sair da Alemanha,

Speaker:

que eu acho que isso vai trazer bastante luz, porque eu vou falar sobre a cultura das pessoas.

Speaker:

Na Alemanha, as pessoas são muito...

Speaker:

Reservadas. Elas não misturam muito o trabalho com vida pessoal. Isso é uma experiência, tá?

Speaker:

Pode ser que seja diferente dos outros, mas foi o que eu vivi. As pessoas não misturam muito vida

Speaker:

pessoal com trabalho, então é muito difícil você tornar um relacionamento de trabalho um relacionamento

Speaker:

pessoal. Você tem que investir muito, você tem que ter muita convivência, você tem que... É difícil,

Speaker:

é difícil. Eu fiz amigos alemães no trabalho, que são amigos que eu levei para minha vida pessoal.

Speaker:

Até hoje contato com eles, mas quando você está entre estrangeiros isso acontece muito

Speaker:

mais facilmente, mas ainda assim, mesmo estando num contexto de estrangeiro na Alemanha, ainda

Speaker:

assim é mais difícil do que no Brasil. No Brasil você começa a trabalhar com uma pessoa,

Speaker:

duas semanas depois você sabe o nome do cônjuge da pessoa, sabe o nome do cachorro, você

Speaker:

sabe o que a pessoa está fazendo, você sabe onde ela passou férias ano passado, sabe

Speaker:

tudo. Na Alemanha, mesmo com estrangeiro, isso é mais difícil. Então quando você

Speaker:

encontra um grupo que ou vem da América Latina também e tal, isso desenvolve mais fácil,

Speaker:

mas senão é bem penoso. Eu acho que isso fazia eu me sentir muito uma outsider na Alemanha,

Speaker:

sabe? Eu realmente não consegui fazer parte da cultura. Eu não me senti incluída, não

Speaker:

que eu tinha esse negócio de comunidade que a gente tem no Brasil, sabe?

Speaker:

Sempre ter gente com quem contar, sempre ter suporte e tal E isso foi pesando muito, assim,

Speaker:

E aí estar longe da família E não conseguir desenvolver os relacionamentos da mesma forma que no Brasil e tal

Speaker:

Tudo isso foi pesando demais a ponto de a gente conversar aqui em casa sobre

Speaker:

Tipo, vamos voltar pro Brasil porque não tá dando, a gente tá muito cansado

Speaker:

E daí a oportunidade de vir pro UK surgiu nesse meio tempo,

Speaker:

Dessa vez foi diferente pra mim, porque meu marido conseguiu emprego aqui primeiro

Speaker:

Então eu vim com o visto de cônjuge pra cá.

Speaker:

E daí a gente resolveu abraçar essa oportunidade e tentar pra ver no que ia dar, né?

Speaker:

Mas daí, assim, a gente já tinha tido essa experiência de vir pra cá como turista, passear e tal,

Speaker:

e a gente já tinha a impressão de que as pessoas aqui eram mais acolhedoras,

Speaker:

que o ambiente aqui era um pouco menos formal, assim, mais, né...

Speaker:

Enfim, é meio difícil explicar.

Speaker:

E daí a gente viu, vindo pra cá, a gente viu que é isso mesmo, assim.

Speaker:

Então a galera aqui no trabalho, na minha equipe e na equipe dele também,

Speaker:

a gente percebeu que a galera se interessa por quem a gente é, o que a gente tá fazendo,

Speaker:

quem a gente é na nossa vida pessoal, sabe?

Speaker:

Com quem que a gente mora, quais são os nossos sonhos, quais são os nossos hobbies.

Speaker:

Então você desenvolve um relacionamento muito mais rápido.

Speaker:

Eu tô há três semanas na minha empresa agora e a gente já combinou de sair no próximo fim de semana

Speaker:

e fazer uma caminhada junto mais pra fora da cidade.

Speaker:

E eu já sei quem da minha equipe é casado ou namora, quem tem filho,

Speaker:

o que as pessoas fazem fora do horário de trabalho, isso tudo em três semanas.

Speaker:

Então, pra mim, foi assim, era exatamente o que eu esperava e eu tô muito feliz de estar

Speaker:

vizendo isso agora aqui. Isso é uma coisa também importante, né, que também, como você falou,

Speaker:

é muito particular pra cada pessoa, então tem pessoas que se sentem bem, mas isso

Speaker:

isso conecta também com o que eu gosto de várias pessoas de sobremorar fora, né,

Speaker:

Dependendo do país, isso vai variar um pouco, mas quando você vai para a Alemanha ou para

Speaker:

alguns países nórdicos, tem essa distância maior.

Speaker:

Eu acho que é engraçado agora você comentar da Inglaterra porque...

Speaker:

E eu tenho a impressão que a Inglaterra, o pessoal também é um pouco mais fechado, né?

Speaker:

Só que talvez você compara com a Alemanha, né? E eu acho que tudo, tudo, tudo é sempre a comparação, assim.

Speaker:

E aí eu vou repetir, Paula, milésimas vezes, milésima vez que eu achava que o português era muito diferente do brasileiro

Speaker:

até começar a conhecer outros países. Aí eu comecei a falar assim, ok, a gente não é tão diferente assim como eu pensava, né?

Speaker:

E acho que é a tua mesma experiência da Alemanha pela Inglaterra.

Speaker:

Sim, eu acho que é bem isso. É uma questão de perspectiva. Eu acho que se eu tivesse vindo do Brasil direto pra cá, talvez eu tivesse pensado que a galera aqui é fechada.

Speaker:

Mas eu acho que porque eu tive antes essa experiência na Alemanha, eu vim pra cá falando

Speaker:

nossa, o pessoal aqui é muito aberto, é muito fácil fazer amigo aqui, é muito melhor.

Speaker:

É, sim. Mas apesar de que eu tinha essa impressão antes, agora trabalhando com eles bem mais próximo do que na minha empresa anterior,

Speaker:

que eram mais outros times, agora que o pessoal é da minha equipe e eu tive a oportunidade de estar junto,

Speaker:

O pessoal é bem legal mesmo, enquanto eu estive lá, a gente almoçou junto, jantou

Speaker:

junto, foi pra um bar de games, então eu achei isso bem interessante, eu não sei

Speaker:

de criar um relacionamento, e aí tu tá contando que é um pouco mais fácil, mas pelo menos

Speaker:

eu fiquei com uma impressão bem boa de ir lá.

Speaker:

O pessoal da Espanha eu já tinha, mas eu já imaginava, então eu já esperava, agora,

Speaker:

com o pessoal de OK também, eu me senti muito bem recebido no tempo que eu tive que ficar aí a trabalho.

Speaker:

Então acho que condiz um pouco com o que tu tá tendo de experiência.

Speaker:

Sim, total. Quando eu morava no Brasil ainda, não muito tempo atrás, eu morava em Curitiba.

Speaker:

E daí eu tinha essa imagem de mim, de que eu era uma pessoa mais reservada

Speaker:

e que eu me senti um pouco incomodada com como, às vezes, as pessoas pegam intimidade muito rápido no Brasil

Speaker:

e te perguntam coisas que são super pessoais e a gente se sente até um pouco invadido e tal,

Speaker:

E daí eu pensei, não, a Alemanha vai dar super certo pra mim, porque esse é o meu perfil, né?

Speaker:

E daí, quando eu cheguei na Alemanha, eu falei, não, realmente não é assim Eu sou uma pessoa que gosta de small talk, eu gosto de...

Speaker:

Eu não me importo de ficar falando sobre coisas superficiais com as pessoas e tal

Speaker:

Isso pra mim tem muito a ver com criar um ambiente de boa convivência.

Speaker:

Eu não preciso ser amiga de uma pessoa pra conversar com ela e perguntar como foi o dia dela

Speaker:

o que ela fez no fim de semana, eu curto isso.

Speaker:

Isso também é muito do perfil, porque aí eu vejo... Eu e minha esposa, culturas bem diferentes, e ela já não é tão fã do small talk.

Speaker:

Pra ela não tem muito significado. De Belarus.

Speaker:

Então para ela, ela já não é tão fã, e ela acha que...

Speaker:

Por exemplo, ela prefere ter pouquíssimos amigos, mas pessoas que são muito próximas, sabe, e ela...

Speaker:

E já pra mim, eu considero que eu tenho um melhor amigo, porque isso é estar comigo há muito tempo,

Speaker:

eu já tive experiências pra saber que a pessoa tá lá, né.

Speaker:

Só que eu tenho vários bons amigos, né, que eu considero que são pessoas que eu gosto muito

Speaker:

e pessoas que, se falar que tá doente, eu me preocupo, eu ligaria, sabe.

Speaker:

E eu tenho vários colegas, que são pessoas mais que eu vou sair junto...

Speaker:

A gente vai se encontrar de vez em quando, eu vou conversar, a gente troca mensagem de vez em quando,

Speaker:

com várias pessoas que eu trabalhei.

Speaker:

E pra ela é um pouco mais estranho isso, a quantidade de pessoas que eu tenho contato

Speaker:

e que eu tento continuar mantendo contato.

Speaker:

E pra ela também é estranho de quantas vezes a gente tem essas conversas mal toques

Speaker:

e as pessoas não lembram, porque eu falo, não é tão importante assim, tipo,

Speaker:

nada importante, é só uma conversa.

Speaker:

Aí ela fala, pô, mas você tem um amigo, a pessoa nem lembra que tu tinha falado isso já, sabe?

Speaker:

Então é diferente pra ela, são poucas conexões, mas são conexões muito mais pessoais.

Speaker:

E pra mim, é mais o que você tá falando.

Speaker:

Eu gosto de ter... Eu até fui depois, depois de algumas conversas com ela,

Speaker:

procurar mais sobre isso, né. E eu vi uma definição que são fan friends, né.

Speaker:

Que é o que eu chamo, que várias pessoas estão nesse grupo. São pessoas que você gosta, você quer sair, quer se relacionar,

Speaker:

mas significa que são os seus melhores amigos, né.

Speaker:

Vai na tua casa, etc. E eu tô mais nesse grupo, assim. Então, tá num lugar que eu não consigo ter relacionamento.

Speaker:

Tipo, um pouco mais pessoal com meus colegas de trabalho, pra mim, seria muito difícil mesmo

Speaker:

saber o meu perfil. E aí, mesma coisa, eu achava no Brasil que eu era uma pessoa mais introvertida,

Speaker:

né, e aí eu começo a comparar com outras culturas que eu vou aprendendo, inclusive minha esposa,

Speaker:

e eu já começo a pensar, putz, eu não sou introvertido, talvez um pouco tímido, mas não

Speaker:

introvertido como eu achava que era, né, no Brasil. Sim, e é interessante você falar isso da opinião

Speaker:

a minha amiga da Alemanha, ela foi uma amiga que eu fiz um trabalho, ela me perguntou uma vez

Speaker:

se eu não sinto que esses relacionamentos que eu faço, como você disse, com pessoas que não são super íntimas

Speaker:

mas são pessoas do meu círculo, com quem eu gosto de sair e tal, se eu não sinto que isso é superficial,

Speaker:

e daí eu estava falando pra ela que isso não é uma questão, porque eu acho que tanto pra mim

Speaker:

quanto pra essas pessoas, a gente tem esse entendimento de que esse é um relacionamento que a gente se gosta

Speaker:

a gente gosta de sair junto, a gente gosta de compartilhar algumas coisas,

Speaker:

mas não é um relacionamento super íntimo e tá ok.

Speaker:

Todo mundo entende que esse é o contexto do relacionamento, né?

Speaker:

Mas pra ela, pra ter isso, ela precisa ter intimidade com a pessoa.

Speaker:

Então é uma perspectiva bem diferente mesmo.

Speaker:

Sim, sim, sim. E quando a gente teve essas conversas, eu fiquei muito pensando bastante sobre isso, né?

Speaker:

Porque até no meu time anterior, a gente teve tipo um team building,

Speaker:

que a gente tava falando sobre amizade, a gente entrou nessa, assim.

Speaker:

E aí, logo depois tive essa conversa com minha esposa, E aí eu fui pesquisar e eu falei, ok, eu não sou estranho, tipo, existe mesmo esse conceito, né.

Speaker:

E que várias pessoas, como eu, também gostam. Tem várias pessoas que você consegue sair, mas ok, eu não quero virar o melhor amigo de todo mundo, sabe.

Speaker:

Tipo, acho que o melhor amigo é uma coisa que você vai nascendo com o tempo, com as experiências.

Speaker:

Mas ao mesmo tempo, eu não acho que, tipo, de frente à minha esposa, que tu ter cinco pessoas muito próximas, é...

Speaker:

Eu não quero estar com as mesmas pessoas o tempo inteiro, sabe.

Speaker:

Eu gosto de variar grupos, né?

Speaker:

Gosto de ser diferente, hobbies diferentes. Tem pessoas que gostam de jogo tabuleiro, eu descobri que eu gosto.

Speaker:

Tem pessoas que gostam de música.

Speaker:

E eu gosto dessa variação.

Speaker:

E aí entra muito o que a Alana falou e o que você tá falando também, que é importante se entender, né?

Speaker:

Se entender o que é importante pra você, qual país pode ser mais adequado.

Speaker:

E no teu caso também é quando não achar que não tá se encaixando, mudar, né? Quando conseguir.

Speaker:

Mas eu acho que isso vem com experiência também, sabe? Eu jamais diria há dois anos atrás que,

Speaker:

esse negócio, esse senso de comunidade era uma coisa super importante pra mim.

Speaker:

Isso nem tava nas minhas prioridades, era uma coisa que eu nem via, assim.

Speaker:

E aí quando eu comecei a viver que eu falei tipo, putz, nossa isso realmente é importante pra mim, realmente aqui não vai rolar.

Speaker:

Mas a gente vai vivendo e aprendendo, né. Eu acho que é por isso que tanta gente também resolve voltar pro Brasil.

Speaker:

Eu acho que é uma decisão super aceitável também. Acho que às vezes não tem fit, o melhor que a gente faz é voltar e não tem tempo pra ser infeliz na vida, né.

Speaker:

É, nossa, isso... eu acho demais isso. Teve uma entrevista que eu fiz que o cara perguntou, porque eu troquei de empresa acho que duas vezes com poucos meses.

Speaker:

Meses e eu acho que pra mim é simples, talvez vocês estranhem, só essa foi a única empresa

Speaker:

que isso aconteceu de ele perguntar mas por que você trocou de empresa uma em três meses outra em seis?

Speaker:

Eu falei meu, eu tinha expectativa, não fui atendida, eu vou tentar mudar o ambiente,

Speaker:

eu vou tentar brigar por isso, mas fica claro pra mim que não dá e pra mim foi muito

Speaker:

claro a conversa com essas empresas quando eu fui sair, eu falei ó, não é o que eu

Speaker:

esperava e tipo não é que vocês estão errados só não quero tá aqui tipo não.

Speaker:

É acho que não sou melhor pra vocês é melhor pra mim e eu vou procurar outro

Speaker:

Porque, que nem você falou, eu fiquei muito tempo numa empresa que eu não gostava.

Speaker:

E eu já tenho muito na cabeça que a vida é muito curta, tipo, quando eu saí e fui libertador, eu falei,

Speaker:

meu, nunca mais vou ficar nessa sensação de novo de ficar arrastando, arrastando por medo, né?

Speaker:

E a mesma coisa eu acho que vale pro país.

Speaker:

Sim, eu acho também. Eu não ficaria hoje muito tempo se eu sentisse que não tá legal, eu acho que não dá.

Speaker:

E assim, felizmente a gente tá numa área em que a gente é muito privilegiado, em que é muito fácil arranjar emprego.

Speaker:

Então, assim, se tá... E tem outra coisa, né? Eu acho que muita gente fica... Lá na Alemanha eu vi muito isso, assim.

Speaker:

Eu tive vários colegas alemães que diziam que estavam há muitos anos no emprego,

Speaker:

que eles estavam extremamente infelizes e eles não saíam, assim.

Speaker:

E vários falavam, tipo, não, mas aqui é uma empresa muito estável,

Speaker:

eu nunca vou ser mandada embora, tal. Só que, assim, você quer ficar infeliz numa empresa que você nunca vai ser mandada embora, sabe?

Speaker:

Tipo, seria melhor se eles te mandassem embora, porque daí você tem o pontapé pra fazer outra coisa.

Speaker:

Que era a gente que conseguia emprego super fácil em qualquer outro lugar.

Speaker:

E eu acho que um pouco também essa visão de estabilidade é uma coisa muito...

Speaker:

Não sei, eu não acredito muito em estabilidade. Eu acho que ainda mais agora, depois da pandemia, a gente viu que,

Speaker:

a qualquer momento a gente pode ser mandado embora.

Speaker:

Então, se for para ficar infeliz em uma situação em que você ainda pode ser mandado embora em algum momento

Speaker:

por um layoff, uma coisa dessas, não dá.

Speaker:

Sim. Não, total, total. Eu acho que o primeiro Layoff, não importa se você gostar muito, acaba desencanto um pouco assim, eu tive a experiência de um, não fui mandado, mas tipo, ver as coisas acontecendo assim, deu uma...

Speaker:

Tristeza e mudou um pouco minha perspectiva, relacionamento com empresas, sabe?

Speaker:

Então, acho que... Sim, estabilidade acho que não existe, né?

Speaker:

E... Sei lá, e tentar ser fiel também à empresa por nada, acho que eu não faria, assim, sei lá. É, eu também não.

Speaker:

É, eu tenho gratidão sempre, não sei se é a melhor palavra pra usar, mas, tipo...

Speaker:

Principalmente na empresa que me trouxe pra cá, sim, mas acho que a partir do momento que...

Speaker:

Então tá sendo um relacionamento bom pros dois mais, né? Como na vida, ser honesto e trocar e, sei lá, acho que é melhor pros dois sempre.

Speaker:

É, eu acho que a empresa te trouxe porque ela viu que você tinha alguma coisa pra agregar também.

Speaker:

Então não é como se ela estivesse fazendo um favor pra você, né?

Speaker:

Você tá pagando pelo seu patrocínio com um trabalho bom que a empresa queria ter na empresa, né?

Speaker:

Então, enfim... Não, não, faz sentido sim, faz sentido sim. Eu tenho uma gratidão, mas acho que tudo tem limite, é o que eu penso, qualquer diversidade muda, tem que tentar primeiro mudar.

Speaker:

Mas eu queria pegar outro ponto agora, que é sobre a tecnologia, e aí vem de um medo que eu tinha no passado, ainda mais quando eu era desenvolvedor.

Speaker:

Que era de, tá, quando eu pensava em morar fora, eu sonhava isso há muito tempo atrás, não sei por quê,

Speaker:

mas eu ficava pensando, caramba, mas o que eles estão fazendo lá? Porque todos os livros são em inglês, primeiro, né?

Speaker:

Então tudo que eu tô estudando é em inglês, então, provavelmente, tudo que eu tô lendo, a pessoa vai tá fazendo,

Speaker:

e aqui eu não tenho a oportunidade de aplicar nas empresas que eu tô, né?

Speaker:

Tipo, muito sobre agilidade, sobre, sei lá, teste, sobre arquitetura, sabe?

Speaker:

Muitas coisas que eu vim estudando, eu pensava, puts, quando eu for trabalhar fora, todo mundo vai saber de cor,

Speaker:

E eu tô aqui nesse ano no Brasil e não consigo aplicar tudo nas empresas, mas como foi pra ti comparar o que tu fazia no Brasil com como você chegou na Alemanha e agora aí na Inglaterra?

Speaker:

Cara, foi chocante, assim, eu acho que do Brasil eu tinha essa perspectiva de que o que se fazia aqui era muito melhor,

Speaker:

E era muito mais avançado e que ia ser muito mais difícil fazer entrevista Eu realmente não achei que eu fosse conseguir uma oferta,

Speaker:

E fazendo entrevista eu vi que na verdade não, assim, em termos de stack, a stack que eu trabalho hoje

Speaker:

Ela é muito parecida com a stack que eu já trabalhava no meu primeiro emprego como engenheira no Brasil,

Speaker:

Então, e até a forma de trabalho e tal, a questão cultural é diferente mas muito da forma de trabalho é muito parecido com como é no Brasil também.

Speaker:

Então isso é muito legal de ver. Eu acho que uma diferença que eu percebi na

Speaker:

Alemanha, na primeira empresa, que era uma empresa mais tradicional alemã, é que,

Speaker:

eles tinham uma abordagem um pouco mais acadêmica das coisas.

Speaker:

Então eles eram muito de entender o problema e pensar muito sobre ele, pensar

Speaker:

muito sobre ele teoricamente e debater muito até chegar numa solução que

Speaker:

dissesse, não, essa solução parece que é infalível, vamos trabalhar nela. E daí a

Speaker:

a gente começava a trabalhar. Na segunda empresa, já não, já era bem mais parecido

Speaker:

com o Brasil, assim, mais de... Acho que também porque tinha muito estrangeiro, né, então

Speaker:

mais de tipo, vamos tentar isso aqui, não deu certo, vamos tentar outra coisa, vamos

Speaker:

pensar aqui um pouquinho, é mais dinâmico, assim, um pouco. Isso na Alemanha. Aqui no

Speaker:

UK, eu acho que ainda mais parecido com o Brasil, assim, é bem... Eu acho que conseguir

Speaker:

emprego aqui foi mais difícil e eu acho que conseguir emprego no Brasil também é mais

Speaker:

difícil do que conseguir emprego na Alemanha se você não precisa de sponsorship.

Speaker:

Eu acho que tanto no Brasil quanto aqui se exige mais do profissional se exige mais

Speaker:

senioridade exige mais curiosidade.

Speaker:

Os testes são mais difíceis as entrevistas são mais difíceis eu achei.

Speaker:

E aqui o ritmo é bem acelerado também eu senti bastante diferença saindo da Alemanha e vindo para cá.

Speaker:

Mas o ritmo acelerado comparado com a Alemanha ou acelerado mesmo quanto a experiência no Brasil?

Speaker:

Eu achei bem parecido com a minha experiência no Brasil.

Speaker:

Eu acho que aqui tem esse aspecto cultural da Europa ainda de se respeitar muito férias,

Speaker:

de ter bastante férias e as pessoas querendo que você tire, que você descanse.

Speaker:

Tem esse negócio de não incentivar hora extra, de falar tipo, se você tá com muito trabalho, me fala pra gente priorizar, pra gente redimensionar, não fica fazendo hora extra.

Speaker:

Isso ainda é muito parecido com o resto da Europa. Mas o ritmo de trabalho é mais parecido com o Brasil.

Speaker:

Eu vou te dar um exemplo que eu acho que vai deixar isso bem claro.

Speaker:

A primeira empresa que eu entrei na Alemanha, eu fiquei quase dois meses fazendo onboarding.

Speaker:

Então, foi quase dois meses que eu estava sendo apresentada para o que a empresa fazia,

Speaker:

para as várias áreas da empresa, lendo documentação, pegando coisinhas bem pequenininhas, mas assim,

Speaker:

quase sem participar da sprint, por quase dois meses.

Speaker:

Na segunda empresa que eu entrei, já foi um pouquinho mais acelerado, mas ainda assim

Speaker:

eu fiquei umas... assim.

Speaker:

Até a terceira semana eu não tinha nem acesso a AWS, foi tipo três ou quatro semanas só fazendo onboarding mesmo

Speaker:

e entendendo o que tava rolando, dando ideias, fazendo brainstorming e tal, mas sem pegar task, nada.

Speaker:

Aqui no UK eu comecei há três semanas. Na minha primeira semana eu peguei um ticket já.

Speaker:

Agora nessa segunda semana eu peguei um ticket super longo e chato que eu fiquei a sprint inteira trabalhando

Speaker:

Eu fechei ele hoje, na verdade, a sprint termina quarta-feira que vem.

Speaker:

Mas então, assim, já nas primeiras três semanas eu já fiz duas coisas relevantes,

Speaker:

e o onboarding vai acontecendo enquanto você vai fazendo, sabe?

Speaker:

Então é tipo, a gente vai te dar um overview, mas conforme você for fazendo, você vai perguntando,

Speaker:

você vai conhecendo as pessoas, você vai fazendo junto e tal.

Speaker:

Pra mim funciona muito bem, eu curto mais aprender desse jeito,

Speaker:

mas eu senti a diferença no ritmo, definitivamente.

Speaker:

O meu onboard também nessa empresa agora aqui, né, tipo, a minha empresa é da Holanda, mas eu trabalho com um cliente que é de UK,

Speaker:

ele também foi um pouco mais acelerado do que o anterior, que era aqui em Portugal também, e pra mim foi...

Speaker:

E aí eu não quero até pintar isso, porque talvez seja uma expressão única, mas foi o onboard mais difícil assim que eu já tive.

Speaker:

Tipo, eu nunca tinha passado um mês sem sentir que eu tava entregando valor ainda, sabe, eu tava agoniado demais, assim,

Speaker:

onde não conseguia, eu falei, cara, não tô entendendo ainda o negócio, tô passando de várias reuniões.

Speaker:

E eu não gosto de dar opinião sem entender, sabe, só falar pro falar, porque eu acho que você acaba...

Speaker:

Ainda mais quando você é novo, acaba se queimando, né, tipo, de ficar falando bobagem, falando coisas sem contexto.

Speaker:

Então, eu ficava, o pessoal tá esperando de mim, eu não consigo.

Speaker:

Mas...

Speaker:

Eu já fui colocado no fogo muito mais rápido, mas ao mesmo tempo...

Speaker:

O pessoal era bem compreensivo e fazia questão de... Às vezes eu nem perguntava de falar assim,

Speaker:

cara, não se preocupa, não sabe, não sabe e fala.

Speaker:

Tipo, nunca existia o feedback negativo.

Speaker:

Pelo contrário, eles tentavam me acalmar e falavam assim que gostava que eu estava preocupado, mas não precisaria.

Speaker:

Tipo, você vai estar com task já desde o começo, mas tá tudo bem demorar mais, sabe?

Speaker:

Mas de fato foi bem diferente dos outros onboards que eu já tinha participado.

Speaker:

E eu fui curioso para saber se foi só minha experiência ou se é parte da cultura mesmo do Reino Unido.

Speaker:

Eu acho que é parte da cultura aqui. E eu entrei num time ainda que praticamente todo meu time tem pelo menos 10 anos de experiência ou mais.

Speaker:

Eu sou a pessoa mais inexperiente do time. Eu trabalhei 2 anos como engenheira de dados.

Speaker:

Então eles têm o ritmo ainda mais acelerado, mas a galera também fala.

Speaker:

A galera também fala. Não sabe, não tem problema. Me chama, eu faço com você, eu te mostro.

Speaker:

Se tiver bloqueado, fala. Então, assim, eu realmente recebi muito suporte.

Speaker:

Eu acho que tá me ajudando bastante a rampar rápido, assim, eu curto isso.

Speaker:

Eu acho que na Alemanha, nessa primeira empresa que eu entrei, que eu fiquei no onboarding por muito tempo.

Speaker:

Eu tinha uma sensação horrível de que eu não tava conseguindo mostrar valor,

Speaker:

de que eles iam me mandar embora porque eu não tava fazendo nada,

Speaker:

que fazia, sei lá, semanas que eu tava lendo um negócio e eu ainda não entendia direito.

Speaker:

Porque pra mim é muito mais fácil entender na prática.

Speaker:

E eu também tenho isso que você tem. Eu não gosto de ficar falando ou perguntando muita coisa

Speaker:

quando eu tô completamente fora do contexto.

Speaker:

Porque eu tenho muito medo de falar um negócio e falarem tipo, você não leu, eu tava lá, você não entendeu.

Speaker:

Então eu prefiro ficar absorvendo um pouco no começo para depois me sentir à vontade.

Speaker:

E daí foi horrível. Essa primeira experiência lá foi muito difícil.

Speaker:

Talvez ela foi boa pra ser a primeira, né?

Speaker:

Tipo, por ter muita informação. Então, eu também gosto muito da minha primeira,

Speaker:

que foi um board muito mais devagar.

Speaker:

Tive uma semana inteira só de reuniões pra aprender sobre empresa, negócios, departamentos.

Speaker:

Então, como primeira, eu achei que foi legal, porque era muita informação de uma vez, né?

Speaker:

Mudar pra fora, toda a burocracia chata, você tá perdido com tanta coisa, então isso ajudou.

Speaker:

Porque eu fico imaginando, esse onboard que eu tive agora, mudando pra Portugal ainda,

Speaker:

nossa, eu ficaria maluco, porque eu já saia todo dia pensando, caramba, não agreguei valor nenhum, sabe?

Speaker:

Sei lá, pra mim eu me incomodo, eu não sei se ainda é traço do brasileiro, né, da

Speaker:

empresa no Brasil, assim, mas eu fico, quando eu não tô agregando valor eu ficava muito

Speaker:

incomodado, então ter tudo isso de uma vez só, acho que seria bem pesado mesmo pra mim.

Speaker:

Sim, e no começo a gente ainda tem que sair pra resolver coisa de documentação.

Speaker:

Nossa, e aí você fica doente porque você fez mudança e tá tudo mudado na sua vida.

Speaker:

Sono, tudo tá diferente. É muito ruim.

Speaker:

Então, realmente assim, teve esse lado que é bom, que foi tranquilo, que eu me senti à vontade

Speaker:

pra fazer tudo que eu tinha pra fazer, pra sair quando eu precisasse sair, não tinha estresse.

Speaker:

Mas eu acho que esse negócio de trabalhar no Brasil me deixou tipo,

Speaker:

Tipo, nossa, não vai dar certo isso aqui, eles não tão gostando de mim, eles vão me mandar embora.

Speaker:

É, não, é a mesma sensação mesmo, assim, de... Nessa segunda, de, caramba, eu não tô, o pessoal não deve estar feliz.

Speaker:

Eu ficava indo pras reuniões e falava, cara, o que meu time deve achar de mim?

Speaker:

E aí, eu ficava preocupado, porque...

Speaker:

Quando eu perguntava, o feedback era positivo, e eu não conseguia aceitar o feedback positivo.

Speaker:

Eu falava, cara, não tô dizendo nada. Até que um cara, que tem um cargo mais alto, uma vez, ele falou,

Speaker:

Falou, Gabriel, calma.

Speaker:

Ele falou, calma. Meu onboard demorou dois meses. Calma, sabe? Gosto da empolgação, mas...

Speaker:

Tenha calma. Tipo, não precisa estar tão apavorado. O que eu acho que o pessoal percebia.

Speaker:

Acho que não, certeza que eles percebiam Enquanto eu tava meio...

Speaker:

Estabanado, sei lá, pra conseguir entregar, resolver, entender as coisas, ficar lendo coisa por várias horas e perguntando cada detalhezinho, sabe, então... Mas enfim...

Speaker:

Tu comentou uma coisa agora de mudança, então eu queria passar para a próxima parte que é sobre morar na cidade.

Speaker:

E eu queria começar sabendo como que é mudar hoje em dia, sabendo que tu já morou em

Speaker:

12 cidades diferentes, né, total na tua vida, assim...

Speaker:

Ainda é difícil por ser mudança de país ou tu já tem tudo esquematizado, já sabe como que é

Speaker:

o processo de mudança de casa? Eu acho que mudança de casa é tranquilo. A gente mudou

Speaker:

para a Alemanha com quatro malas e duas mochilas de notebook. Então cada um com duas malas e com

Speaker:

a sua mochilinha de notebook. E para cá também. Então a gente aprendeu a ter esse estilo de vida

Speaker:

bem minimalista para conseguir mudar fácil. Isso não é um problema. Então conseguir ter o necessário

Speaker:

e ter, sabe, pouca roupa, coisa que a gente gosta, que dá pra repetir e tal.

Speaker:

Isso é bem tranquilo, a gente arruma a mala super rápido. No dia que a gente fez a mudança da Alemanha pra cá, a gente arrumou a mala na noite anterior, assim.

Speaker:

Foi, tipo, muito tranquilo.

Speaker:

A mudança de país, ela é difícil, tem muita burocracia. Eu acho que especialmente pra conseguir o visto, né, pra mandar toda a documentação certa,

Speaker:

a gente sempre fica inseguro. Será que tá faltando? Será que vai ser recusado?

Speaker:

Será que eu esqueci de alguma coisa?

Speaker:

Será que eu coloquei o negócio e eu não percebi? Não é verdade? E vão me prender?

Speaker:

Eu sempre tenho essa paranoia.

Speaker:

Mas eu acho que para o UK foi bem mais fácil do que para a Alemanha.

Speaker:

Eu senti que foi bem menos burocrático.

Speaker:

E na Alemanha, eu não sei como é que é em Portugal, mas na Alemanha você chega com um visto que concedem para você no Brasil.

Speaker:

E daí você precisa tirar um novo visto quando chega lá.

Speaker:

E aí, o seu inicial do Brasil dura seis meses, e daí lá eles te dão o que vai durar por mais alguns anos, né?

Speaker:

E aí, até você conseguir marcar uma consulta pra fazer isso, leva um, dois meses.

Speaker:

Para você conseguir...

Speaker:

Receber a sua carteirinha de identidade, pra gente levou 4 meses.

Speaker:

Quando a gente foi alugar apartamento, a gente só morou em apartamento temporário lá,

Speaker:

essa foi outra coisa, a gente não conseguiu fazer um aluguel de longo prazo.

Speaker:

No começo... Tipo, mais de um ano não conseguiu alugar.

Speaker:

Não, assim, depois de um tempo eu desisti pra ser honesta. Ah, sim, claro, claro.

Speaker:

Mas depois disso ainda tem a seleção que o landlord faz, vai olhar seu perfil e daí se tiver um alemão junto com você ele vai preferir o alemão

Speaker:

porque é mais garantido, porque você pode ir embora do país e deixar ele na mão.

Speaker:

Então assim, é bem complicado e o aluguel lá também não tá barato, então assim,

Speaker:

foi difícil, foi bem difícil a chegada na Alemanha.

Speaker:

Aqui a gente chegou com o visto na mão, poucos dias depois a empresa do meu marido falou

Speaker:

a carteirinha de vocês já tá aqui, a gente vai mandar pra casa de vocês.

Speaker:

Eu consegui achar um apartamento pra gente alugar em dois dias procurando e em quatro

Speaker:

4 dias eu contratava no meu e-mail pra assinar já.

Speaker:

Eu consegui um emprego aqui em 10 dias procurando. Então foi super rápido, a gente conseguiu chegar, mudar, comprar o que precisava pra

Speaker:

mobilizar o apartamento, conseguir emprego, foi super rápido e super fácil.

Speaker:

Contratar internet, luz, gás, você faz tudo pela internet, é tranquilíssimo.

Speaker:

Essa mudança foi muito fácil.

Speaker:

Que legal, caramba. Acho que nem mudar no próprio país é tão fácil como você conseguiu aí, né?

Speaker:

Ah, que bom, né? Chega de sofrimento, né? Já teve um ano tentando achar apartamento.

Speaker:

Sim, e é interessante você conseguir tão rápido porque, como vários países, né?

Speaker:

Eu sei que Londres também tá em crise de moradia, né?

Speaker:

Protestos, etc. Acho que no começo do ano, ano passado, sobre isso, por preços, etc.

Speaker:

E mesmo assim foi mais fácil do que em Berlim.

Speaker:

Aqui o custo de vida é mais caro, o aluguel é mais caro do que em Berlim, mas aqui a

Speaker:

a forma como o processo é organizado para você conseguir.

Speaker:

É diferente, assim, eu acho que não tem, eu não sei explicar, tem muito apartamento para alugar e se você tem dinheiro para pagar o aluguel, você não vai ter problema em conseguir um lugar para alugar.

Speaker:

Na Alemanha, ainda que você tenha dinheiro para pagar o aluguel, você vai ter dificuldade para alugar, então eu acho que essa é a diferença, assim, eu acho que quando você não tem dinheiro para aluguel, você vai sofrer nos dois lugares, mas se você tiver, aí na Alemanha você sofre mais do que aqui.

Speaker:

E como que é morar nos dois lugares? Tu tá há pouco tempo aí, mas já dá pra comparar, porque tu já tava na Alemanha,

Speaker:

então tu já sabe do Brasil pra Alemanha como que é, né?

Speaker:

E aí primeiro, como que é morar em Berlim? E aí tu pode até contar um pouco da tua experiência em Frankfurt, né?

Speaker:

Tu passou um tempinho, quais eram as coisas mais legais dos dois lugares, o que era mais

Speaker:

difícil, né? Tu já contou uma, mas tiver mais alguma coisa além da dificuldade em

Speaker:

criar relacionamento com as pessoas?

Speaker:

Cara, Berlim é uma cidade legal, é uma cidade muito bonita, eu não esperava que fosse uma

Speaker:

cidade tão bonita, vendo na TV assim, vendo em documentário, eu não imaginava que era

Speaker:

uma cidade tão verde e tal, até em Londres eu não imaginava que era uma cidade tão

Speaker:

verde. Na Alemanha como um todo, as coisas funcionam muito bem, é tudo muito burocrático

Speaker:

mas tudo funciona. Então, se você marcou uma consulta para renovar o seu visto com

Speaker:

o governo, ainda que ela seja para depois do vencimento do seu visto, só o fato de

Speaker:

você ter pedido para marcar, isso já estende o seu visto. Então, você já não vai ser

Speaker:

mandado embora só por conta disso. Porque eles confiam nos processos deles esse tanto.

Speaker:

Lá, o transporte público é sensacional. Funciona que é uma maravilha. Nunca atrasa.

Speaker:

Enfim, é o melhor transporte público que eu já vi na minha vida da Alemanha. É realmente

Speaker:

muito bom, em Berlim excepcionalmente, muito, muito bom e existe uma preocupação muito grande com a parte social, assim, então acho que o governo dá

Speaker:

muito auxílio social.

Speaker:

E isso faz com que a gente não veja a miséria que a gente vê no Brasil, sabe?

Speaker:

Uma pessoa que é pobre no Brasil passa muita necessidade no Brasil

Speaker:

E uma pessoa que é pobre na Alemanha, ela tem dificuldade de fazer certas coisas

Speaker:

Mas ela ainda tem uma casa, ela ainda tem o que comer, ela ainda tem o suporte do governo de alguma forma

Speaker:

Então isso faz com que as coisas sejam melhores para todo mundo Quando todo mundo está melhor, todo mundo sente esse impacto positivo

Speaker:

E a Alemanha também é muito segura, isso é muito legal.

Speaker:

E aí, o que realmente me impactou negativamente lá foi esse negócio da cultura mesmo.

Speaker:

Foi esse senso de comunidade que é diferente no Brasil e na Alemanha,

Speaker:

a gente entende isso diferente.

Speaker:

Foi entender que, apesar de muita gente falar inglês, muita coisa cultural acontece em alemão.

Speaker:

Então, se você não fala alemão, você acaba ficando de fora de várias coisas,

Speaker:

várias coisas, você tem dificuldade também com várias coisas burocráticas, porque apesar

Speaker:

de as pessoas nos escritórios do governo falarem inglês, nem sempre elas vão falar inglês com você.

Speaker:

Então eu acho que acabou que exigiu muito mais de mim essa mudança do que eu esperava que exigiria, sabe?

Speaker:

Não acho que a Alemanha é um lugar ruim, acho que não é um lugar que tem fit pro

Speaker:

meu momento de vida agora.

Speaker:

E exige de mim coisas que eu não queria priorizar na minha vida agora, que é parar tudo pra realmente aprender alemão, focar e fazer parte de como as coisas funcionam lá.

Speaker:

De Frankfurt pra Berlim, eu senti que Frankfurt é uma cidade um pouco menor, então as pessoas são um pouco mais próximas, tem esse negócio que o vizinho te vê na rua e te dá bom dia, que é uma coisa que não acontecia muito em Berlim.

Speaker:

Por outro lado, não tem muita coisa para fazer em Frankfurt, a melhor coisa lá realmente é o aeroporto e a facilidade de ir para qualquer lugar muito fácil, muito rápido, muito barato.

Speaker:

Viajar também é muito legal na Alemanha e é muito bom porque como você já está dentro da Europa, você não precisa ficar tirando visto, nem precisa passar por imigração quando você está fazendo viagem dentro da Europa, isso é bem legal.

Speaker:

E eu acho que é da Alemanha isso. Qual que é a tua opinião da cidade, porque quem participou do podcast tem sempre os dois lados que...

Speaker:

Quer dizer, até amigos que moraram lá.

Speaker:

Para algumas pessoas elas adoram porque tem muita coisa, para outras pessoas é muita bagunça pela muita coisa que tem, né?

Speaker:

Tipo, pra fazer o tempo inteiro, tipo, sei lá, tem infinitas possibilidades, né?

Speaker:

E como que era pra ti com o teu perfil?

Speaker:

Pra mim faltava coisa, porque apesar de ter muita coisa, eu não conseguia participar de muita coisa

Speaker:

e muitas coisas que eles curtem, por exemplo, tecno é um negócio que é muito forte lá, eu não gosto de tecno,

Speaker:

então já tem várias coisas que eu não faço porque não é meu perfil,

Speaker:

várias coisas que eles curtem, expressões artísticas que eles curtem, são coisas que eu não curto muito

Speaker:

então apesar de ter muita coisa, não era meu perfil, eu não participava,

Speaker:

E aí em Londres eu acho que tem bastante e eu gosto, assim, eu gosto de poder pensar

Speaker:

eu vou sair na rua e vou ver o que tem pra fazer hoje, vou decidir, vou colocar na internet

Speaker:

o que fazer em Londres hoje, vou decidir.

Speaker:

Entendi, entendi. Tá bom, legal, legal. Tá bom ter perspectivas diferentes, porque cada pessoa tem um perfil, né.

Speaker:

Agora, Londres. Tu tá trabalhando há três semanas, né?

Speaker:

Você falou. Mais de quanto tempo tu já tá aí?

Speaker:

Eu tô aqui... Eu mudei dia 11 de março, acho que foi. Tá.

Speaker:

Ah, eu não lembro exatamente. O 17 de março, não lembro. É, não. Tem mais de um mês, assim.

Speaker:

Então, tu já teve a tua experiência antes, mas eu queria saber agora.

Speaker:

Agora, como moradora da cidade, mudando, como você está sentindo aí?

Speaker:

O que é legal aí e o que você ainda está se adaptando nesses poucos meses?

Speaker:

Cara, eu estou em Lodmell ainda, né? Então, é difícil dizer o que eu não estou gostando.

Speaker:

Eu estou gostando bastante de ter bastante coisa para fazer.

Speaker:

Eu acho que o pessoal aqui é mais acolhedor. A galera curte mais o meu small talk no elevador, no mercado.

Speaker:

Você conhece gente de todo o que é lugar, conversa um monte.

Speaker:

Apesar de Londres ser uma cidade grande, o transporte público aqui também é bom.

Speaker:

Não é tão bom quanto na Alemanha, mas também é bom. Então você consegue ir para várias partes diferentes, fazer coisas diferentes.

Speaker:

Então eu estou curtindo bastante. Acho que se eu fosse reclamar de alguma coisa, seria o preço das coisas.

Speaker:

Ah, na verdade tem uma coisa bem relevante, sim. Uma coisa que eu senti muito quando eu vim da Alemanha para cá

Speaker:

é que aqui a gente tem menos segurança do ponto de vista de...

Speaker:

Assim, da vida como imigrante. Então, por exemplo, na Alemanha, se você é mandado embora do seu trabalho...

Speaker:

Você, além dos 3 meses de dinheiros que a empresa tem que te dar,

Speaker:

você tem 3 meses para achar outro emprego.

Speaker:

Se você não conseguir em 3 meses, você pode pedir uma extensão de mais 6 meses, se eu não me engano.

Speaker:

Além disso, se você já contribuiu por 12 meses com o sistema de seguridade social deles lá,

Speaker:

você consegue pedir seguro desemprego, que é 60% do seu salário e, se eu não me engano, isso é não tributável, eu não tenho certeza.

Speaker:

E daí, isso pra mim foi muito bom lá, porque eu te contei que a minha empresa falhou, né?

Speaker:

Então, assim, ter essa segurança lá foi assim, nossa, tipo, eu não preciso me desesperar e sair correndo atrás de um emprego agora.

Speaker:

Aqui no UK não. Aqui, se você perde o emprego e você tá num visto de trabalho, você tem dois meses pra achar outro emprego com sponsorship ou você tem que ir embora.

Speaker:

Então você tem que achar outra empresa disposta de patrocinar em dois meses. Isso é bastante diferente.

Speaker:

Você também tem os três meses de Nouris, se você já terminou o seu período probatório, mas é mais rápido.

Speaker:

Eu acho que isso não é extensível, eu não descobri isso ainda, mas eu acho que não é extensível.

Speaker:

Que assustador isso! É assustador.

Speaker:

E eu acho que também não tem seguro-desemprego. Eu dei uma olhada nisso, eu não tenho certeza absoluta, mas eu acho que não tem, ou seja,

Speaker:

é muito baixo.

Speaker:

Por exemplo, esses tempos eu estava procurando fazer um seguro de renda, caso eu perdesse

Speaker:

emprego, para conseguir ter alguma renda do seguro-desemprego, mas é um seguro privado para pagar.

Speaker:

E aí o que eu descobri é que porque eu não estou aqui há dois anos ainda, eu não consigo

Speaker:

fazer esse seguro em cima da minha renda, então eu teria que esperar dois anos para conseguir fazer.

Speaker:

E aí isso é tudo, assim, são trocas, né? Você está vindo para um lugar que eu gosto mais, eu acho mais legal, eu me sinto mais

Speaker:

mais estimulada e mais empolgada, mas tem esses riscos também envolvidos.

Speaker:

Claro, é, tudo tem o famoso trade-off, né? A gente tem que colocar aí na balança.

Speaker:

Mas, nossa, dois meses é um pouco...

Speaker:

É corrido. Assustador, assim, tipo, é. Pensando que trabalhei na empresa que teve lay-off, assim, e...

Speaker:

Eu não participei mais, isso mudou um pouco a minha sensação de imigrante nesse período de, cara, tipo, será que eu vou estar na próxima leva, né, o que que vai acontecer?

Speaker:

Então foi um momentzinho pra mim tirar um pouco da minha paz, é, e tá num lugar que eu teria só dois meses.

Speaker:

Não sei, talvez tem mais empregos, né, então é mais fácil, em TI, achar em dois meses, mas sei lá, eu sou meio

Speaker:

preocupado, porque eu sei que eu tô por conta própria, não é uma parada de, eu tô aqui, eu vou pedir ajuda dos meus pais, acabou, tipo.

Speaker:

Então isso pesa bastante pra mim.

Speaker:

Eu acho que o que me deixou mais tranquila foi que a nossa ideia foi fazer uma reserva financeira para caso isso aconteça,

Speaker:

para a gente conseguir voltar para o Brasil e, na pior das hipóteses, começar de novo no Brasil.

Speaker:

Ou se acontecer e a gente não conseguir emprego aqui, vamos tentar de novo na Alemanha ou nos Países Baixos,

Speaker:

tem bastante oportunidade e eu tenho ouvido falar que é um pouco mais tranquilo conseguir visto lá, não sei.

Speaker:

Sim, sim. Legal. Então deixa eu entrar com mais uma coisa, né, antes de fechar, sobre a tua empresa pedir falência, né.

Speaker:

Eu queria saber como que foi essa sensação, até porque isso pode acontecer, né. Isso acontecer no Brasil eu acho que é uma merda,

Speaker:

sendo bem claro, em qualquer lugar. Você pode estar em qualquer lugar e vai ser ruim.

Speaker:

Mas eu costumo falar pras pessoas que eu acho que quando você tá fora as coisas tem uma intensidade um pouco maior.

Speaker:

Eu sou muito calmo, no geral, assim, de não me desesperar, tipo, no ponto de que, sei lá, minha mãe e minha esposa acham, às vezes, estranho.

Speaker:

Porque, tipo, as coisas acontecem e eu já tô pensando no próximo passo, assim, normalmente eu não fico muito remoendo.

Speaker:

Mas aqui eu me peguei, quando aconteceu os layoffs, pela primeira vez, assim, mais preocupado, como normalmente eu não sou na vida.

Speaker:

Que é, qual que é o próximo passo? Mas porque, tipo, o que eu falo pras pessoas, as coisas são mais intensas, né,

Speaker:

Porque tu tá fora do teu conforto social de ter vivido a vida inteira no Brasil,

Speaker:

de saber mais ou menos como funcionam as coisas, tu tá mais próximo de várias pessoas que você conhece,

Speaker:

então você se sente um pouco mais sozinho pra lidar com essas coisas.

Speaker:

Então eu queria saber na tua experiência, porque pra mim foi bem ruim só pensar o que poderia acontecer,

Speaker:

e pra ti, quem precisa pedir o falante, como foi todo esse momento?

Speaker:

Cara, foi bem estressante. Assim, eu já imaginava que isso podia acontecer, porque teve congelamento de contratação

Speaker:

primeiro, teve uma leva de layoff, então assim, apesar de... o primeiro layoff não

Speaker:

envolveu ninguém da minha equipe, eu sabia que a minha equipe provavelmente seria uma

Speaker:

das últimas a ser afetada por causa dos planos da empresa, então isso me deixava um pouquinho

Speaker:

mais tranquila, mas eu sabia que isso podia acontecer.

Speaker:

O que me deixou bastante tranquila foi que o que eles combinaram com a gente é que a galera teria direito a Garden Leave de três meses.

Speaker:

Então, se acontecesse alguma coisa, a gente ia ser avisado com três meses de antecedência.

Speaker:

E, em princípio, eu imaginei que a gente ia receber salário nesse período.

Speaker:

Depois, eles decidiram que não seria mais assim.

Speaker:

Isso foi um rolo bem grande como eles fizeram. Aí é pior se trocar as regras, porque, sei lá, perde um pouco a confiança.

Speaker:

Tipo, você fala alguma coisa, depois não é mais assim, aí tu já começa, ok.

Speaker:

Mas aí uma coisa que... o meu contrato, ele foi válido por três meses ainda depois que a empresa declarou a falência em si.

Speaker:

Então eu ainda podia ficar esses três meses na Alemanha tranquilamente, tinha mais o prazo para procurar emprego depois,

Speaker:

e daí eu já tinha direito a seguro-desemprego e outras coisas.

Speaker:

Então assim, por conta disso, e o seguro-desemprego é por vários meses também que você pode requerer,

Speaker:

Então, não é só por três meses.

Speaker:

E daí, por conta disso, eu acho que foi mais fácil lidar com a falência, sabe?

Speaker:

Eu imagino que se fosse no Brasil, talvez sabendo que no Brasil o notice period é de um mês,

Speaker:

e que o seguro-desemprego tem um teto,

Speaker:

e que esse teto está distante do salário que a gente recebe lá em tecnologia,

Speaker:

isso eu acho que é um pouco mais interessante.

Speaker:

Mas, estando no exterior é sempre difícil, né? Você não sabe direito de seus direitos, você não sabe, você não consegue entender a lei,

Speaker:

você não consegue ler na língua original, e daí quando você traduz, você perde nuance.

Speaker:

E daí o advogado da empresa te diz um negócio, você não sabe se pode confiar,

Speaker:

porque ele é o advogado da empresa.

Speaker:

E foi bem complicado, assim, foi bem difícil.

Speaker:

E, tipo, isso te fez mudar, de alguma forma, como você encara a empresa, a tua vida em geral?

Speaker:

Porque tu já tinha uma reserva, então já tava preparado, né?

Speaker:

Tu já estava preparada para um momento como esse, no geral?

Speaker:

Financeiramente, a gente já estava preparado para isso, a gente sabia que podia acontecer.

Speaker:

Quando o mercado de cripto começou a sofrer um pouco, a gente já imaginou, tipo, isso vai ter algum impacto aqui, né?

Speaker:

Então a gente já estava se preparando. Assim, eu não pedi demissão nesse período

Speaker:

porque eu realmente curti muito trabalhar nessa empresa.

Speaker:

E porque, assim, eu pensei, na pior das hipóteses, eles têm que me dar um load de três meses,

Speaker:

então, tipo, eu não vou ficar sabendo do dia para a noite, assim, sabe?

Speaker:

Então eu fiquei triste que a empresa falhou, porque eu realmente curtia trabalhar lá, foi uma experiência bem legal.

Speaker:

Por outro lado, eu já não estava muito feliz morando na Alemanha, e eu acho que foi o pontapé que faltava para decidir ir embora.

Speaker:

Então foi difícil, foi bem estressante, mas eu não olho para isso com ressentimento.

Speaker:

Eu tenho um colega de trabalho também que estava em dúvida quando morava aqui, e o layoff, por mais que eu imagine que foi muito estressante,

Speaker:

interessante, e aí, cara, eu fiquei tipo, cara, marquei o 101 e falei, como que eu vou, o que que eu vou falar com a pessoa, eu não sei o que falar, né?

Speaker:

E aí ele até falou, cara, fica tranquilo, que eu já tava com uma ideia na cabeça de mudar, e eu acho que o layoff é só um, tipo...

Speaker:

É confirmação. É, tipo, ele falou meio isso, ele falou, cara, pra mim eu tô tranquilo. Claro que não é momento feliz, né, é estranho, mas agora eu, tipo, não tenho mais dúvida na cabeça,

Speaker:

agora é um caminho para seguir não vou ficar procurando emprego aqui porque eu

Speaker:

imagino que é melhor é voltar para o brasil mesmo mas mesmo assim é complicado

Speaker:

acho que reforça o que muita gente fala né sobre reserva de emergência está

Speaker:

preparado...

Speaker:

Claro que não é pra todo mundo, mas quem tem condições tem que tentar ser um pouco mais responsável e pensar nisso, né?

Speaker:

Porque quando a coisa aperta... Eu costumo falar pras pessoas que você nunca precisa ter a se precisar, né?

Speaker:

Tipo, e aí, acabou. Não tem o que fazer. Tá naquele momento, você tem alguém que ajude, beleza.

Speaker:

Pra quem não tem, que eu acredito que seja a maioria das pessoas, não vai ter quem te banque por três meses

Speaker:

até você conseguir outro emprego, então é sempre melhor considerar isso.

Speaker:

Ainda mais no exterior, né? Você tem alguém que te bola aqui no exterior por três meses.

Speaker:

Em euros ou em pounds agora, né?

Speaker:

Você perguntou se isso mudou a minha perspectiva de como eu penso em estabilidade na empresa e tal.

Speaker:

Eu acho que, assim, eu sempre vi essa situação de trabalho como sendo uma coisa instável, né?

Speaker:

Tipo, esse negócio de...

Speaker:

Ah, empresa é família e tal. Esse foi um negócio que nunca me pegou, assim.

Speaker:

Eu sempre olhei pra isso e pensei, tipo, cara, o dia que eles puderem me mandar embora,

Speaker:

porque tá faltando dinheiro, eu não vou ser família, eu vou ser mais um número, mais um empregado que tá sendo mandado embora

Speaker:

Então, é óbvio que é importante pra mim gostar do meu ambiente de trabalho, gostar do que eu faço

Speaker:

Eu me esforço pra fazer um bom trabalho, mas eu também não me apego, sabe?

Speaker:

Eu preciso dar essa sensação de que isso aqui é um trabalho e eu sei que pode ser que eu seja mandada embora

Speaker:

ou pode ser que eu também peça demissão porque eu não curto, e é isso, é um trabalho, pronto,

Speaker:

Mas sobre a reserva financeira, acho que desde sempre, minha prioridade sempre foi, quando tenho dinheirinho sobrando, primeiro fazer a reserva financeira e depois curtir.

Speaker:

Então, isso me ajudou bastante também nesse momento de instabilidade, de saber que, beleza, eu posso não viajar, não comprar uma roupa, não fazer um negócio,

Speaker:

mas eu tenho esse dinheiro aqui que se eu perder o emprego, eu consigo pagar aluguel, eu consigo viver mais um mês, eu consigo pagar mercado e não vai ser desesperador,

Speaker:

Eu não vou precisar fazer empréstimo ou pedir dinheiro pra alguém,

Speaker:

Então, eu concordo com você Acho que se você tem a chance de guardar, guarde

Speaker:

e espere pelo melhor, mas estando preparado para o pior.

Speaker:

Tem um podcast, vou tentar achar, se eu não me engano, é um podcast com o Ada Grant, que é um dos meus favoritos, que o nome é Work Life,

Speaker:

e ele tem um episódio que ele fala só sobre isso, que ele conta que é uma melhor teoria do que a família, né,

Speaker:

que ele fala até família você não demite seu pai, sua mãe, seu filho, né, tipo, ele fala, então acho que isso não se aplica, isso cria uma cultura que é pior,

Speaker:

Parece legal, mas cria situações difíceis, quando você precisa dar uma nota negativa que vai influenciar no salário da pessoa, quando você é o chefe, né.

Speaker:

Então, falando na família, talvez a melhor forma de encarar isso é com uma comunidade.

Speaker:

Comunidade, você decide fazer parte ou não. Comunidade, você quer um bem mútuo ali, mas você vai ter que tomar decisões difíceis,

Speaker:

que pode ser que a pessoa tenha que sair dessa comunidade, né, como a gente tem grupo de amigos, talvez, né.

Speaker:

E aí no podcast ele é psicólogo do trabalho, então ele explica um pouco mais o detalhe do problema disso,

Speaker:

mas pra mim foi bem interessante ver, porque eu nunca tinha parado pra pensar nesse de família.

Speaker:

Pra mim, quando as pessoas falavam eu achava ok, eu nunca achei, mas não achava que era um problema usar essa terminologia, sabe?

Speaker:

E aí no podcast ficou mais claro pra mim como isso mais atrapalha, apesar de parecer legal, né?

Speaker:

Mas talvez pensar em comunidade é uma alternativa para isso.

Speaker:

Sim, é uma boa. Porque família tem esse negócio de ter você no WhatsApp conversar com você no fim de semana.

Speaker:

E esse é um negócio que não é legal na empresa.

Speaker:

É, não, total, total. Sim, sim. E tu comentou também no Melhores em Dados sobre isso

Speaker:

e eu achei interessante de que sim,

Speaker:

até tem grupo no WhatsApp da empresa que eu estou, mas é só para meme,

Speaker:

bobagem, tipo, é meio que proibido falar esse trabalho.

Speaker:

E eu acho isso legal, e também tem que ser alternativo, opcional, né, tipo, porque,

Speaker:

no Brasil, você comentou as coisas que eu não lembrava, porque estando aqui nunca aconteceu, mas recebi mensagem à noite,

Speaker:

fim de semana, e é interessante porque pra mim isso nunca foi um problema,

Speaker:

até ter uma realidade diferente, e eu já comecei a pensar, caraca, tipo,

Speaker:

ouvindo o projeto eu pensei, nossa, que loucura, pior que eu recebia a mensagem mesmo.

Speaker:

Sei lá, fim de semana, eu tava na viagem, alguém queria perguntar alguma coisa pontual,

Speaker:

e tipo, putz, agora eu penso, cara, isso é errado, né? Não é, isso não é 24 horas daquela empresa, né?

Speaker:

É, até porque assim, não é exatamente opcional, né? Tem aquela coaçãozinha básica pra você responder e fazer parte.

Speaker:

Claro, claro, tipo, não é. Não é, porque se tu não responder, fica mal, né?

Speaker:

Então, não é opcional.

Speaker:

...Ainda é.

Speaker:

Muito obrigado pelo episódio, eu estava com uma expectativa muito grande, como eu te falei, de seguir já o teu...

Speaker:

O que tu compartilha há muito tempo, né, até sobre dados mesmo, assim, eu tenho cada vez mais me interessado sobre esse assunto,

Speaker:

inteligência artificial e dados, eu tenho seguido várias pessoas e acho que calhou, porque eu te segui antes pelo conteúdo sobre morar fora, né,

Speaker:

eu gosto desse assunto, sempre gostei, por isso até tenho um podcast que eu falo marginalmente sobre isso.

Speaker:

Achei bem legal o teu blog também no mídia, então, meio que, eu acho legal quando tem

Speaker:

alguém que eu sou fã participando do podcast, então muito obrigado mesmo pelo tempo e foi

Speaker:

bem legal a conversa.

Speaker:

Mas antes de fechar, eu queria deixar um espaço pra ti, também deixar teus links, vai estar

Speaker:

todos na descrição aqui, mas eu acho que é legal o pessoal ouvir de você, onde que

Speaker:

eles te acham, qual tipo de conteúdo tu vai compartilhar daqui pra frente, então o que.

Speaker:

Que eles podem esperar de ti no LinkedIn, no Medium e qualquer outra mídia que você tenha.

Speaker:

Ah, legal. Muito obrigada pelo convite, Gabriel. Eu também sou sua fã, também gosto muito do TPA,

Speaker:

estou muito feliz de estar aqui. E fico muito feliz de saber que você viu o meu LinkedIn,

Speaker:

porque eu vi o seu. Então, bom, para quem quiser manter contato em todas as redes,

Speaker:

o meu nome está como Aniglink, eu estou no LinkedIn, eu estou no Medium, eu compartilho

Speaker:

no GitHub também, e alguns testes técnicos que eu fiz aqui no exterior e algumas outras

Speaker:

coisas.

Speaker:

E é isso aí, quem quiser bater um papo, mandar uma mensagem aí, eu demoro um pouco

Speaker:

para responder às vezes, ainda mais agora que eu comecei um novo emprego agora, mas,

Speaker:

Mas eu tento responder todo mundo e vai ser um prazer.

Speaker:

Isso, e aconselho muito o LinkedIn, né. Tu tem no Linked... no... LinkedIn não, no...

Speaker:

GitHub também. Tu tem no GitHub uma página com todos os posts.

Speaker:

Cara, eu acho sensacional, porque tu tem lá escrito sobre diferentes assuntos que você já falou sobre morar fora.

Speaker:

Foi um dos que eu vi.

Speaker:

E eu já mandei como referência. Acho que alguém me perguntou sobre morar na Alemanha.

Speaker:

E eu falei, ó, o que eu tenho é meus episódios, né.

Speaker:

Falei, não sei, mas tá aqui os episódios que eu já fiz sobre isso.

Speaker:

E tá aqui um link também que tem o...

Speaker:

O índice de várias informações diferentes. coisas legais e coisas não tão legais da tua experiência.

Speaker:

Mais do que esse episódio, eu aconselho muito todo mundo a ir lá,

Speaker:

porque tem várias informações que não deu tempo de falar aqui.

Speaker:

Ah, valeu pela referência. Pois é, lá no GitHub tem.

Speaker:

Eu tenho um repositório que eu coloco tudo o que eu já escrevi

Speaker:

em todos os lugares, num lugar só, pra quem quiser ter uma ideia dos conteúdos.

Speaker:

Vai ficar todos os links aqui. Obrigado novamente.

Speaker:

E espero muito mais felicidades aí, né, na tua nova mudança.

Speaker:

Sempre uma jornada legal, mas que bom que agora você está no lugar, que você está

Speaker:

sentindo muito mais parte da comunidade, né, que agora você descobriu que é importante,

Speaker:

porque realmente faz muita diferença em momentos difíceis como layoffs, pandemia.

Speaker:

Foi quando eu comecei a sentir que realmente o que todo mundo fala de rede de apoio é

Speaker:

mais importante do que eu achava, né, porque eu achava que era importante, como você também

Speaker:

comentou, porque eu estava no Brasil e tinha isso, né, como meio que garantido.

Speaker:

Mas estando fora é bom ter e fico muito feliz, né, sabendo da tua empresa lá atrás,

Speaker:

tipo, que você estava em situação meio difícil e vendo agora que você está em um lugar bem melhor.

Speaker:

Isso me deixa muito feliz. É legal quando outras pessoas também estão fora,

Speaker:

os brasileiros, né, me identificam, estão fora, então, estando bem.

Speaker:

Então, obrigado novamente e até a próxima.

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